terça-feira, 17 de maio de 2022

Luiz Damo (Trovas do Sul) XXX

Amar sempre e sem medida,
não tem contraindicação,
traz bom resultado à vida;
para a mente e o coração.
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A mentira e a falsidade
são filhas do mesmo clã,
gêmeas da infidelidade
sentadas num só divã.
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A terra clama socorro,
hoje, tão depauperada,
o perigo está no morro,
que desliza na enxurrada.
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A vida anda tão depressa,
lentamente a morte vem,
se a vida da terra cessa
acaba a do homem também.
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Como pode alguém dizer,
ter visto um fogo apagado?
O que viu, sim, pode ser
cinzas como resultado...
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Disse a rosa, com ciúme,
ao jasmim, seu concorrente,
muito admiro o teu perfume
mas minha cor é envolvente.
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Jamais, fira a natureza,
com gestos de atrocidade,
nem subtraia o pão da mesa
na faminta humanidade.
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Nada que o tudo não possa
na luta, mais luz prover,
reverter a minha em nossa,
a esperança de vencer.
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Não denigres teu porvir
com as manchas do passado,
se optares por denegrir,
teu ser acaba manchado.
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Não meça a fertilidade
do solo, pela aparência,
porque a produtividade
se oculta na sua essência.
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Não sou rei, mas um guerreiro,
e à paz eu tenho lutado.
Quero, além de brasileiro,
ser gaúcho respeitado.
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Não tem presente maior
que um projeto alentador,
nem na vida algo melhor
que um futuro promissor.
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Navegador não se abata
se a rota apresentar curvas,
bem melhor, lenta e pacata,
que afundar em águas turvas.
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Ninguém se abala à destreza
com que a morte se avizinha,
mesmo assim, diz com clareza:
antes do outro do que a minha!
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No silêncio dos fonemas
subtraídos do alfabeto,
construímos os poemas
com carinho e muito afeto.
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No universo da família,
cada estrela tem seu brilho
e aquela que menos brilha
é a que sempre mais partilha.
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Nunca afirmes: amo alguém,
se nem amas a quem vês...
Como ousas amar a quem,
que jamais viste uma vez?
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Nunca enterres teu talento
com medo de ser roubado,
na clausura, muito lento,
acaba sendo enterrado.
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O tempo promove a cura,
da ferida e nos questiona;
se é remédio ou sepultura,
que à busca nos impulsiona.
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Pra que serve o elevador
se trancado permanece?
Tal um túmulo em terror,
não sobe, tampouco desce…
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Quem navega apenas no ouro,
pode submergir nas mágoas,
tão longe do ancoradouro
aonde serenam as águas.
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Sempre que testemunhares
segue à luz da temperança,
para alguém não condenares
com as armas da vingança.
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Se os espinhos, nas estradas,
falando fossem sinceros,
deixavam mentes frustradas
por serem demais austeros.
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Temos tudo e nada somos,
porque viver, mal sabemos.
Nem lembramos o que fomos!
Sonhamos, mas não vivemos.
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Tens mil razões para optares
e obteres tudo o que queres,
mas se não perseverares,
cai por terra o que fizeres!
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Viva a vida com decência,
afinco, esmero e denodo;
sem virtudes, a existência
mergulha num mar de lodo.

Fonte:
Luiz Damo. A Trova Literária nas Páginas do Sul. Caxias do Sul/RS: Palotti, 2014.
Livro enviado pelo autor.

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