(um conto real)
Naquela noite de 29 de Dezembro de um ano que já não me lembro, cheguei em casa já tarde, pois tive de fazer serão no jornal, a preparar edição especial Fim de Ano. Era um trabalho sempre chato, mas que felizmente só acontecia uma vez por ano. Fazer pesquisas culinárias (ainda não havia Internet); entrevistar chefes de cozinha e afamados cozinheiros; pequenas entrevistas a políticos e a figuras públicas (e não só). Fazer as listas de restaurantes, bares e outros locais de divertimentos, etc.
Tudo isto além dos noticiários normais que de hora a hora tínhamos que dar à antiga Emissora Nacional. Era um trabalho como dizíamos "do diabo".
Portanto, cheguei em casa muito cansado e com fome. Logo na entrada, veio a meu nariz um cheirinho agradável de bolo. Passei pelo quarto para ver se a mulher estava a dormir, e em seguida, dirigi-me à cozinha de onde vinha aquele maravilhoso cheirinho de bolo quente.
Logo descobri o Pão-de-ló numa forma grande (tínhamos dois tipos de formas cada qual com seu diâmetro). Contente com qualquer pedaço, prestes a comer um pedacinho de queijo, retirei o tal bolo da "estufa" onde estava a "secar" e cortei uma generosa fatia; confesso que tive vontade de comer o bolo todo, mas como é óbvio, tinha que contar com a esposa que estava a dormir.
Dirigi-me ao quarto e delicadamente acordei a esposa, querida: “Tu hoje caprichaste ao fazer o bolo Pão-de-ló! Já comi uma fatia e trago-o aqui para nós o devorarmos.”
Nem pude acabar a frase, pois ela acordou e logo vi que não muito bem disposta:
- Oh seu guloso, o que fizeste ao bolo?!...
- Comi uma fatiazinha!
- Esse bolo era para o aniversário da Maria Figueiredo. Estava a secar para logo de manhã o barrar com molho branco, colocar aquelas bolinhas de enfeite prateadas além das vinte e duas velas. Prometi à moça e agora o que vou fazer?
- Levanta-te e vamos fazer outro. Eu ajudo se puder comer este todo…
- Olha que não estou a brincar … Levas tudo na brincadeira. E eu que prometi à moça que lhe faria o bolo de aniversário. Sai daqui do quarto e vai para a cozinha; mas não comas mais nenhuma fatia de bolo. Guloso …
Vestiu o robe e foi ter comigo à cozinha. Calados só olhávamos para o bolo, eu, intimamente pensava: "que pena não ser todo para mim…".
- Olha, Carlos, parece-me que descobri como safarmos desta enrascada”.
Com uma faca afiada, vou cortar outra fatia do lado oposto e assim, o bolo em vez de ficar redondo vai ficar oval. Como já está quase "seco" vou fazer o molho e tu vai ajudar-me a barrá-lo e a colar com o açúcar em ponto.
Horas depois o bolo estava na perfeição na sua forma oval, e muito bem decorado com as tais bolinhas e os castiçaizinhos para as velinhas.
- Vês, querida, tu és uma enorme artista criativa. Parabéns! Agora posso comer esta fatia, não posso? Ajudei a minha querida …
A resposta veio em tom cortante:
- Nãoooo!!! Quem a vai comer sou eu.
Nem protestei para não ouvir alguma coisa de que não desejaria.
No outro dia fomos ao aniversário da Figueiredo e levamos o bolo que fez grande sensação pelo seu formato oval.
Uma vizinha chegou perto de minha mulher para lhe perguntar:
- Onde é que a senhora comprou esta forma tão fora do comum?
Eu afastei-me logo antes de dar uma sonora gargalhada, enquanto a esposa dizia à senhora, numa cara muito cômica a tentar não se rir.
- Estas formas (metálicas) não se vendem em Portugal. Foi uma amiga que me trouxe de França …
Naquela noite de 29 de Dezembro de um ano que já não me lembro, cheguei em casa já tarde, pois tive de fazer serão no jornal, a preparar edição especial Fim de Ano. Era um trabalho sempre chato, mas que felizmente só acontecia uma vez por ano. Fazer pesquisas culinárias (ainda não havia Internet); entrevistar chefes de cozinha e afamados cozinheiros; pequenas entrevistas a políticos e a figuras públicas (e não só). Fazer as listas de restaurantes, bares e outros locais de divertimentos, etc.
Tudo isto além dos noticiários normais que de hora a hora tínhamos que dar à antiga Emissora Nacional. Era um trabalho como dizíamos "do diabo".
Portanto, cheguei em casa muito cansado e com fome. Logo na entrada, veio a meu nariz um cheirinho agradável de bolo. Passei pelo quarto para ver se a mulher estava a dormir, e em seguida, dirigi-me à cozinha de onde vinha aquele maravilhoso cheirinho de bolo quente.
Logo descobri o Pão-de-ló numa forma grande (tínhamos dois tipos de formas cada qual com seu diâmetro). Contente com qualquer pedaço, prestes a comer um pedacinho de queijo, retirei o tal bolo da "estufa" onde estava a "secar" e cortei uma generosa fatia; confesso que tive vontade de comer o bolo todo, mas como é óbvio, tinha que contar com a esposa que estava a dormir.
Dirigi-me ao quarto e delicadamente acordei a esposa, querida: “Tu hoje caprichaste ao fazer o bolo Pão-de-ló! Já comi uma fatia e trago-o aqui para nós o devorarmos.”
Nem pude acabar a frase, pois ela acordou e logo vi que não muito bem disposta:
- Oh seu guloso, o que fizeste ao bolo?!...
- Comi uma fatiazinha!
- Esse bolo era para o aniversário da Maria Figueiredo. Estava a secar para logo de manhã o barrar com molho branco, colocar aquelas bolinhas de enfeite prateadas além das vinte e duas velas. Prometi à moça e agora o que vou fazer?
- Levanta-te e vamos fazer outro. Eu ajudo se puder comer este todo…
- Olha que não estou a brincar … Levas tudo na brincadeira. E eu que prometi à moça que lhe faria o bolo de aniversário. Sai daqui do quarto e vai para a cozinha; mas não comas mais nenhuma fatia de bolo. Guloso …
Vestiu o robe e foi ter comigo à cozinha. Calados só olhávamos para o bolo, eu, intimamente pensava: "que pena não ser todo para mim…".
- Olha, Carlos, parece-me que descobri como safarmos desta enrascada”.
Com uma faca afiada, vou cortar outra fatia do lado oposto e assim, o bolo em vez de ficar redondo vai ficar oval. Como já está quase "seco" vou fazer o molho e tu vai ajudar-me a barrá-lo e a colar com o açúcar em ponto.
Horas depois o bolo estava na perfeição na sua forma oval, e muito bem decorado com as tais bolinhas e os castiçaizinhos para as velinhas.
- Vês, querida, tu és uma enorme artista criativa. Parabéns! Agora posso comer esta fatia, não posso? Ajudei a minha querida …
A resposta veio em tom cortante:
- Nãoooo!!! Quem a vai comer sou eu.
Nem protestei para não ouvir alguma coisa de que não desejaria.
No outro dia fomos ao aniversário da Figueiredo e levamos o bolo que fez grande sensação pelo seu formato oval.
Uma vizinha chegou perto de minha mulher para lhe perguntar:
- Onde é que a senhora comprou esta forma tão fora do comum?
Eu afastei-me logo antes de dar uma sonora gargalhada, enquanto a esposa dizia à senhora, numa cara muito cômica a tentar não se rir.
- Estas formas (metálicas) não se vendem em Portugal. Foi uma amiga que me trouxe de França …
Fonte:
Portal CEN
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