quinta-feira, 19 de maio de 2022

Gislaine Canales (Glosas Diversas) XLIII

PALAVRAS AO VENTO


MOTE:
Como preces fugidias,
minhas palavras ao vento,
dobram esquinas vazias
nas curvas do firmamento...
Analice Feitoza de Lima
Bom Conselho/PE, 1938 – 2012, São Paulo/SP


GLOSA:
Como preces fugidias,
emana do coração,
em prantos, ou alegrias,
uma serena oração!

Vou jogando com carinho
minhas palavras ao vento,
que ecoam, no meu caminho,
de encontro ao meu pensamento!

Às vezes, saem tão frias,
cheias de desilusão,
dobram esquinas vazias
em ruas sem emoção!

Vendo a tristeza a chegar,
novas palavras invento,
que se perdem pelo ar
nas curvas do firmamento…
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GASTEI SORRISOS...

MOTE:
Só agora vou sentindo
como a vida me feriu;
gastei sorrisos sorrindo
a quem nunca me sorriu...

Arlindo Tadeu Hagen
Juiz de Fora/MG

GLOSA:
Só agora vou sentindo

um mar de pranto em meu peito,
e uma angústia que vem vindo
aninha-se no meu leito!

Vê meu pobre coração,
como a vida me feriu;
e sem qualquer emoção,
o meu coração partiu!

O sorriso é sempre lindo,
quando a gente está amando...
Gastei sorrisos sorrindo
nem sei para quem, nem quando!

Terminou a fantasia:
tudo que era bom, fugiu;
entreguei minha alegria
a quem nunca me sorriu…
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A VIDA É BELA

MOTE:
No coração esperanças
na alma desejos de amar,
jamais pensar em vinganças...
A vida é bela a cantar.
Célia Lamounier
Itapecerica da Serra/SP

GLOSA:

No coração esperanças
que dão força ao nosso dia,
são sempre as boas lembranças
que nos trazem alegria!

Devemos ter, com fartura,
na alma desejos de amar,
essa emoção linda e pura,
devemos alimentar!

Fazer novas alianças,
cultivar sempre a amizade,
jamais pensar em vinganças...
pois dão infelicidade!

São esses doces desejos
que nos fazem continuar.
Cantemos aos doces beijos,
a vida é bela a cantar.
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QUANTA...

MOTE:
Quanta tristeza me invade
nesta vida amargurada...
- Eu quero sentir saudade,
sem ter saudade de nada!
Clenir Neves Ribeiro
Nova Friburgo/RJ

GLOSA:

Quanta tristeza me invade
quanta dor, quanta lembrança,
mas não esqueço, é verdade,
esse fio de esperança!

Sofri tanta solidão
nesta vida amargurada...
que o meu pobre coração
é rosa despetalada!

Eu me sinto na orfandade,
mas preciso de alegria...
- Eu quero sentir saudade,
não me deixes só, poesia!

O meu tempo envelhecendo,
se aninha em minha morada:
sigo, mesmo assim, vivendo,
sem ter saudade de nada!
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PEDAÇO DO NADA

MOTE:
Uma luz quase apagada...
Um sonho chegado ao fim...
Eis um pedaço do nada
que tu fizeste de mim!
Conceição Parreiras Abritta
Crucilândia/MG, 1934 - 2015, Belo Horizonte/MG


GLOSA:
Uma luz quase apagada...
num lusco-fusco fraquinho,
deixa uma angústia aumentada
no meu coração sozinho!

Eu sou somente tristeza,
um sonho chegado ao fim...
Meus olhos não vêm beleza,
eu sou quase nada, enfim.

Sigo chorando, alquebrada,
de tudo que um dia fui,
eis um pedaço do nada
que do pranto ainda flui!

Sou mesmo um farrapo triste,
uma bomba, um estopim,
o quase nada que existe
que tu fizeste de mim!

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas XXIV. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Março 2005.

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