quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Caldeirão Poético LV



Clarice Cristal
Balneário Camboriú/SC

NOS BRAÇOS DA INCONSCIÊNCIA

 
Na árdua jornada interna
Pelos campos
Que ardem em fúrias
E em múltiplas explosões
De ódios eviternos
Atirei-me nos braços
Da inconsciência

No meu rumo
À inconsciência pura
Que eu seja autossuficiente
Que eu não dependa
De mais ninguém

Na luta interna
Que travei comigo mesma
Eu dormia incauta
Em noites de tempestades
E muito frio
E acordei soberana
Em dias de muito sol e calor
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Clarisse da Costa
Biguaçu/SC

COTIDIANO  

São os móveis
no mesmo lugar
as flores vermelhas
no quintal
e a vida à passar.

Retratos na parede,
ausência que
traz saudades
e o perfume
que se foi com ela.

O tempo é feito
menino
nem sequer olha
pra trás.
Ou eu vou com ele
Ou eu fico sem rumo.
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Fabiane Braga Lima
Rio Claro/SP

A MAIS BELA POESIA

 
Páginas… minha escrita sem nexo, hoje gritam
Há uma certa repetição de palavras
Poemas incoerentes, sem lucidez...
Palavras aglomeradas, infindas e rimadas.
Leio um livro, talvez tenha inspiração
Mas a saudade me faz companhia
Sempre presente, me faz melancólica
Aonde se esconde...!? Não a vejo!
Leal e afável. De repente me deixou...
Palavras belas, tua essência incógnita
Formoso, não sei!  Vasto de encanto...
Tento te decifrar, mas não consigo, não lhe ouço
Preciso recomeçar, viver. Largo tua mão!
Cativou-me, seremos a mais bela de todas as poesias...
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Elisa Alderani
Ribeirão Preto/SP

PAUSA DA NATUREZA

Aprendi a seguir o exemplo da natureza...
Parar, observar todos os detalhes que a visão ainda me permite ver...
sentada no chão, sobre folhas mortas, caídas, já ressequidas
vejo a beleza do rio passar;
ele não para, é igual ao tempo que passa.
Ninguém pode parar suas águas que fluem,
agora lentas, ou rápidas, dependendo das estações...
Seguem seu percurso indiferente até chegar ao fim do vale,
quando abraçarão o mar...
A tarde passada olhando essa imagem calmamente,
até as árvores verdes fazem reverência ao rio,
as outras, com folhagem outonal, também estão na pausa,
logo o vento irá despi-las para o inverno passar...
Depois, para elas, virá a primavera mais uma vez.
Assim é a lei da natureza,
olho para o azul do céu,
nuvens brancas passando,
mudam a sintonia do meu pensamento.
Também reverencio minha pausa,
com gratidão ao tempo!
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Isabel Furini
Curitiba/PR

OS EFEITOS COLATERAIS


alguns poemas revivem traumas
e provocar longas noites de insônia
e de solidão

impõe-se
a linguagem estética

contaminadas pela insônia
as emoções acordam
e dominam o jardim interior

os símbolos desembarcam
da barca
e diante dos olhos fechados
desfilam
e mostram seus verdadeiros rostos
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Jaqueline Machado
Cachoeira do Sul/RS

GOSTO
 
Gosto de gente profunda,
mas que nem por isso deixa de ser simples.
Gosto de gente apaixonada,
que se emociona fácil e sabe nos tocar a alma.
Gosto de gente original.
Esse negócio de viver de um jeito “padrãozinho”, é viver de mentira.
 
Gosto de gente, inteligente, envolvente,
engraçada sem deixar de ser séria.
 
Gosto de gente natural
cujo astral é feito de loucura e poesia…
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Samuel da Costa
Itajaí/SC

AGNELA EM ANUNCIAÇÃO

Escolho o pecado!
Encolho-me!
Fujo! Traio!
Minto para mim mesma!

Agora...
Já não sei mais quem realmente sou.
Aonde vou!
Se estou realmente viva!
Pelo menos penso que estou;
Que existo lânguida,
 A vagar em uma outra...
Dimensão.

Tento fugir de mim mesma!
Escolho o pecado.
Afronto!
Magoo!
Quem realmente me ama.

Escondo-me!
De tudo e de todos.
Na agonia de ser eu mesma...
Minto para mim!

Escondo-me...
Na sibilina bruma!
No outono da minha vida.
No outono dos decadentistas...

Contemplo o arrebol…
Em total êxtase!
Escuto a sinfonia idílica e ignota...
Ouço o madrigal ao longe.

Lembro-me de quem se foi...
E choro de saudades.

Escondo-me!
No meu mítico passado!
Finjo estar em outro lugar...
Finjo que me importo…
Com as outras pessoas!
Com alguém que diz amar-me.

Aprisiono-me!
Em um mundo encantado,
um multiverso quimérico!
Que construí somente para mim!
Minto para mim mesma.
Na esperança vã...
De me encontrar comigo mesma!
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Vivaldo Terres
Itajaí/SC

MENINA

 
Menina de negros cabelos...
De olhos escuros,
E de lábios vermelhos...
De pele tão clara,
E tão atraente...
Quando ela nós olha!
Nós vimos uma modelo,
Na nossa frente.

Menina és tu a própria beleza,
Tu és algo de divino, és obra da natureza.
Desta natureza perfeita,
Que vai das matas a flor,
Tu és todo encantamento,
Tu te desmanchas em amor.

És filha do universo, dos rios...
Das matas e da flor!
Tu és toda iluminada,
Tu te desmanchas em amor;

Às vezes nas tuas horas de tristeza e dissabor;
Ajoelhas-te de mãos postas,
Pedindo auxílio ao senhor;
E nesse instante também,
Tu te desmanchas em amor.

Das flores és a mais bela,
Moldada pelo criador,
Teu coração sei que é puro,
Tua alma tem valor,
Em qualquer lugar do mundo,
Tu te desmanchas em amor.

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