domingo, 30 de outubro de 2022

George Abrão (O formigueiro)


Na Rua Almeida Salim, próximo ao cemitério, num barracão rústico de madeira, funcionava um clube social denominado “Flor do Mato”, porém conhecido como Formigueiro.

Sua presidente era a Sra. Sebastiana que o dirigia com mãos de ferro, exigindo ordem e respeito, embora muitas vezes isso não fosse possível.

O prédio só tinha uma porta frontal de acesso e janelas somente de um lado, lado este que ficava sobre um barranco, sendo grande a altura até o solo. A falta de janelas na frente e nos outros lados era proposital, pois evitava que alguns dos frequentadores fugisse sem pagar a despesa pois a porta era protegida por “leões de chácara”.

No clube não havia luz elétrica, sua iluminação vinha de lampiões, presos às paredes que não conseguiam iluminar satisfatoriamente o salão.

Um rapaz resolveu ir a um dos bailes no clube. Arrumou-se e pegou escondido um paletó de seu cunhado que era o delegado da cidade.

Durante o baile como dançasse muito e estivesse muito quente pela falta de ventilação, tirou o paletó e colocou no espaldar de uma cadeira continuando a dançar.

Lá pelas tantas começou uma briga dentro do clube que logo se generalizou a tapas, socos e pontapés. Todos brigavam e garrafas começaram a ser atiradas.

O jovem não teve dúvidas, vislumbrou por uma janela, no lusco-fusco, um galho. Como era bem franzino subiu à janela e se atirou, agarrando-se ao galho. Era uma folha de bananeira e ele estatelou-se lá embaixo.

Apesar da dor da queda lembrou-se do paletó e então gritava;

- Podem brigar, podem se matar! Só não estraguem o paletó, pois é do delegado.

Fonte:
Texto enviado pelo autor.

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