Almas cheias de pecados,
rondam noites dolorosas,
e em corpos tão mutilados,
há tantas almas bondosas!
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Aos ideais, não me oponho,
nem curto promessas vãs...
Garimpo sonho por sonho
nos cascalhos das manhãs!
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Cumprindo os ritos do outono,
percebo nas tardes mansas,
tanta alegria sem dono,
no olhar de tantas crianças!
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De tudo o que a vida apronta
e, no meu peito, ainda vive...
Eu só nunca fiz a conta
dos desencantos que tive!
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Em silêncio, olha o infinito,
a mãe, que o filho venera!...
No silêncio, há tanto grito
que acorda o sono da espera!
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Este teu olhar sombrio,
à distância, me traduz,
que um olhar cego e vazio
busca outro raio de luz!
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Foram tantas despedidas,
que hoje, eu procuro um recanto,
que esconda mágoas retidas
no disfarce do meu pranto!
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Já velho, encurtando os passos,
no outono e arrastando as penas,
ninguém mais lhe estende os braços,
sequer, as tardes serenas!
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Muitas pedradas me dão,
e a resposta é mais ousada:
Dou pedradas de perdão
que vencem qualquer pedrada!
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Não temo falsa premissa,
nem falsidades fatais;
tenho medo é da justiça
com rumos tão desiguais!
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Na praça, as horas passando,
e ante o olhar da solidão,
a lua passa bordando
sonhos de amor pelo chão!
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No instante em que tu me rondas,
ó, lua do meu sonhar,
ouço os conselhos das ondas,
sinto as angústias do mar!
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Ó, mar, por que não te acalmas?
vê como a noite está mansa...
Não pesco os sonhos das almas,
pesco os sonhos da esperança!
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O tempo, aponta os sinais
que mudam nosso destino:
Menino não brinca mais
com brinquedos de menino!
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Por mais que a vida se apresse;
sentindo que a idade avança,
mesmo que nela, eu tropece,
não perco nunca a esperança!
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Por mais que o adeus se descarte,
nele, o que se intensifica,
não é a dor de quem parte,
mas é a dor de quem fica!
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Quando a aurora, abre a janela,
se expõe e puxa a cortina,
deixa a alvorada mais bela
aos olhos da luz divina!
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Quando a noite me insinua
a ver o seu negro véu,
no lago, eu vejo outra lua,
rindo da lua no céu!
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Que o tempo nunca me peça,
medidas da mocidade;
não há no mundo, quem meça,
da infância, uma só saudade!
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Se a ostentação te faz nobre,
esquece!… É falsa nobreza;
nobre é quem deixa que o pobre
ponha mais pão sobre a mesa!
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Sempre juntos, de mãos dadas,
e o casal, muito depois...
Segue contando as passadas
e a solidão entre os dois!
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Se uma onda se encapela,
e acalma com a lua cheia,
o mar, com ciúme dela,
não deixa rastros na areia!
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Se um certo olhar te conduz,
a uma paixão envolvente...
Vê, se de fato, traduz
o amor que teu corpo sente!
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Sou como o mar entre as brumas,
que ante as procelas, se alteia,
mas deixa versos de espumas
nos pergaminhos da areia!
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Teu olhar me disse tudo!...
E, eu só vim saber depois,
que aquele silêncio mudo
disse tudo por nós dois!
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Fonte:
Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021.
Livro enviado pelo trovador.
Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021.
Livro enviado pelo trovador.
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