domingo, 23 de abril de 2023

Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves (em versos)


Augusto Barbosa Coura Neto 
(Acadêmico Correspondente)
Florianópolis/SC

LEMBRANÇAS

Quando relembro minha adolescência,
Ao sabor da aventura... da ambição...
Meus olhos marejam com insistência,
Lágrimas tristes da recordação.

Dentre as saudades no meu coração,
Lembro o meu pai com sua benevolência,
E minha mãe, anjo de paciência,
Forjando em nosso lar a gratidão.

Os meus pais... juventude... nunca mais.
Tudo se desfez... até os ideais,
Afastaram-se de mim as emoções.

Hoje só e tristonho não reclamo,
Sou como o arbusto que perdeu seu ramo,
Deixando de florir as ilusões.
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José Moreira da Silva
Porto Alegre/RS

BREVIÁRIO DA FLOR

​Enquanto a bela flor enfeita o campo,
um pirilampo emite luz incerta 
noutras paragens. E nasce o canto 
em metáforas: o poema desperta

a beleza da flor, as penas brancas
do pássaro a voar no imaginário.
No desenho do corpo da potranca
o garanhão legou seu breviário.

E aquele olhar profundo penetrou, 
foi além da vil carne, em busca d’alma, 
onde o marco poético cravou

moirão de cerne da melhor estirpe. 
Palavras de beleza tal são palmas, 
enfeitam tudo o que na mente existe.
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Ilda Maria Costa Brasil
Porto Alegre/RS

DANÇANDO NO CÉU

Alguns vagalumes dançam no céu
cheios de encantos e muita sedução.
As crianças agiram pela emoção;
fascinados, fizeram o escarcéu. 

 Ao longe, vejo um pé da Flor-do-céu,
arbusto usado para ilustração; 
flor, perfeita, própria à ornamentação,
por ser linda como a Rosa-do-céu, 
 
A brisa noturna e o aroma floral 
despertaram-me agradáveis lembranças 
de férias passadas no litoral.

Num dia, fui flagrada por temporal. 
Com amigos, treinei passos de danças 
por ímpar movimento corporal.
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Maria da Glória Jesus de Oliveira
Porto Alegre/RS

ELES
 
Na bela manhã, pássaros, em revoada,
Pousam no chafariz, esvoaçando penas.
Asas, num bater de alegria atordoada,
Dão mostra dum festival de cores em cenas.

Risonhos jovens, que trilhavam seus caminhos,
Estacaram ao ver o fato hilariante
Dos tão animados e festivos bichinhos
O que justificou a tal surpresa do instante

Sob um ipê-rosa o policial observava
O alarido inusitado e as tantas risadas
O que o levou a reciclar seu sofrido dia

Reunindo na mente as histórias que amava
O tropeço com o oficial das armadas
E que, ao ver jovens e aves, o mal desfazia.
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Maria Efigênia Coutinho
(Acadêmica Correspondente)
Balneário Camboriú/SC

SONHOS

Quando tiver um sonho, construa um altar:
um espetacular altar de rua
que lhe couber em sorte no ato de amar
ainda que imperfeito à luz da Lua!

Quando você sonhar, construa um caminho
de saibro ou granito, pouco importa!
onde a Lua possível seja o linho
dum telhado com janelas e uma porta!

Não há sonho que dure eternamente,
perdemos um a um, sem grande esforço,
sorrimos à deriva pela mente
que nos atrai o pólo ou o seu dorso.

Somos fiéis ao amor pra nosso mérito
porque nele encontramos o que é feérico...
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Sonia Eichenberg Campello
Porto Alegre/RS

O SOL E A ROSA 

Era de manhã e uma rosa que se abria 
Ao sol dourado e cálido, entre março e agosto. 
Ambos vencendo a bruma e a madrugada fria. 
A rosa orvalhada mostrava o alvo rosto. 
  
E tão branca era, ó meu Deus, pura como a santa 
a cujos pés, no altar, estava destinada! 
E o sol, admirado, brilhava para ela. 
A rosa se aquecia aos raios, deliciada. 
  
Caminhos paralelos = vidas separadas. 
aqui na terra o sol não pode descer, não! 
Se as nuvens o encobrem o seu calor é nada. 
  
E a flor, do solo, nunca o próprio talo arranca. 
Será, pra sempre, uma rosa em um botão, 
e permanecerá eternamente branca.

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