"O mundo só vai prestar para nele se viver, no dia em que a gente ver um gato maltês casar com uma alegre andorinha, saindo os dois a voar: O noivo e sua noivinha, Dom Gato e Dona Andorinha“
Este é um trecho da fábula escrita por Jorge Amado, e publicada em 1976.
Eis que o tempo inventou de fazer uma promessa para a donzela manhã. Prometeu dar-lhe uma rosa azul, se ela lhe contasse uma história bonita.
Ela escolheu contar uma bela história de amor entre o Gato Malhado e a Andorinha Sinhá.
Gato Malhado era um gato já ancião, ranzinza e sem piedade. Certa vez, todos os animais que estavam a refestelar-se alegremente no parque, fugiram do gato a fim de escaparem de suas vilanias, quer dizer, nem todos: uma jovem andorinha permaneceu num galho de uma árvore. Os dois começaram a discutir.
Desde então, se apaixonaram. Um passou a viver nos pensamentos do outro.
O Gato voltou ao parque, os dois se aproximaram, e daí em diante passaram a conversar civilizadamente, e passearem juntos. No período do término do verão, o Gato declarou o desejo de casar com a bela Andorinha. Ela respondeu que as andorinhas não se casam com gatos. E, em seguida, desapareceu.
A bicharada descobriu o amor que existia entre o Gato e a Andorinha, e logo começaram a criticar.
Algum tempo se passou. Era Outono, e o Gato soube da notícia de que a sua amada estava de casamento marcado com o Rouxinol, que era amigo dela. O Gato Malhado entristeceu-se profundamente. Era tanta a tristeza do Gato Malhado, que ele decidiu caminhar até ao Fim do Mundo. Este viu a Andorinha, pela última vez no casamento. Ela também o viu. Na cara dela via-se também tristeza, pois gostava do Gato, mas fora obrigada a casar com o Rouxinol.
A Andorinha Sinhá deixou cair uma pétala de rosa do seu buquê sobre o Gato, a qual ele colocou no peito, parecendo uma gota de sangue.
Quando o gato saiu de lá, a pétala brilhou e o encaminhou até ao Fim do Mundo.
Assim, a Manhã recebeu a rosa azul do Tempo.
A fábula retrata muito uma realidade humana ainda vigente no mundo atual, onde regras sem sentido se opõem aos sonhos, às vontades e aos amores. Na verdade, a realidade deveria ser o oposto disso. Os amores e os ideais sadios é que deveriam estarem à frente de tudo.
Pensando nisso, disse o autor: “Temos olhos de ver e olhos de não ver, depende do estado de coração de cada um”.
Fonte:
Texto enviado pela autora.
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