vê quanto este peito sofre,
por tantas noites sofridas
presas, neste velho cofre!
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A todo instante, o que eu sinto,
no encanto dos versos teus,
é ver nos versos que eu pinto,
teus sonhos, nos versos meus!
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Cheia de essência e de aromas,
a lua calma e tão linda,
enche de prata, as redomas
da noite que dorme ainda!
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Da solidão, não lamente,
que às vezes, na multidão,
tenho visto muita gente
sofrendo de solidão!
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Dobrando as curvas da estrada,
pisando o mesmo caminho,
a silhueta mais curvada
da sombra de um bom velhinho!
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Essa regra, eu sei de cor:
onde a honradez se agasalha,
sinto o cheiro do suor
do rosto de quem trabalha!
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Eu sou idoso, sem ânsia,
ao ver, com intensidade,
que um filho devolve a infância
e os netos, a flor da idade!
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Eu vejo um mundo mais pobre,
ante a ambição desmedida,
em que a ganância do nobre
esquece as razões da vida!
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Fui primavera na vida;
e agora, que o outono estreia,
chego à estação, sem torcida,
num palco, sem ter plateia!
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Hoje, a saudade me invade,
de sonhos sentimentais,
ao ver os pés da saudade,
nos chinelos de meus pais!
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Madiba!... Velho Mandela!,..
Prenderam-te por maldade;
ficou teu corpo na cela
mas teu sonho em liberdade!
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Meu canto e o canto da fonte,
nos murmúrios são iguais;
seus versos ao pé do monte,
são murmúrios dos meus ais!
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Não bebi teus coquetéis
de amores, com falsas juras;
que as juras dos infiéis
são coquetéis de loucuras!
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Nas manhãs, vagando ao léu,
pastoro as nuvens no além,
buscando no azul do céu.
imagens lindas de alguém!
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No nosso ranchinho em flor,
ao dividir nosso pão,
sobram fatias de amor
no instante da divisão!
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No velho rancho de palha,
onde a saudade vagueia,
a solidão se agasalha
nos braços da lua cheia!
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O riso mais lindo e nobre
que nele, pensando fico,
foi ver num rancho tão pobre,
um riso de amor, tão rico!
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O Sol, ao nascer, traduz,
raio de luz tão bonito,
que é desse parto de luz,
que nasce a luz do infinito!
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O Sol, se pôs esquisito,
e aos poucos perdeu a graça,
ao ver na cor do infinito
a cor negra da fumaça!
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Percebo nas tardes mortas,
logo após o Sol se pôr,
que Deus põe nas nuvens tortas,
perfeitos versos de amor!
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Por que tantos pedestais
a incautos mitos, sem glória,
se há tantos, tão geniais,
nas sombras de nossa história?
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Procuro na noite calma,
a todo instante, entendê-las;
se é que a estrela, não tem alma,
por que tem luz nas estrelas?!…
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Se tens pedra em teu caminho,
prossegue na caminhada;
tu nunca estarás sozinho
por sobre as pedras da estrada!
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Teu regresso, ah! teu regresso,
que em voltar pouco se esmera,
sinto que quanto mais peço,
mais longa fica essa espera!
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Tu partiste e na verdade,
fiquei mais pobre de afeto;
com dó de mim, a saudade,
se fez exílio em meu teto!
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Fonte:
Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021.
Enviado pelo trovador.
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