Maria Molambo ou (Mulambo) nasceu em berço de ouro, cercada de luxos. Seus pais não eram reis, mas faziam parte da Corte de um pequeno reinado. Cresceu bela e delicada. Aos quinze anos foi pedida em casamento pelo rei, para casar com seu filho de quarenta anos. Não foi um casamento por amor, e sim de interesses entre as famílias. Os anos passavam e Maria não engravidava, fato que perturbava o príncipe, já que ele estava envelhecendo e precisava de um sucessor para ocupar o trono.
Ela era chamada de árvore que não dava frutos. E, em sua época, toda mulher que não tinha filhos era tida como amaldiçoada. Além do sofrimento por causa da união sem amor, não conseguia ter filhos. Ela era uma mulher bondosa que buscava ajudar os mais necessitados. Nas suas andanças, conheceu um jovem viúvo, apenas dois anos mais velho do que ela. O rapaz tinha dois filhos, dos quais cuidava com muito apreço. Eles apaixonaram-se à primeira vista.
– Vosmice é tudo o que sonhei para a minha vida. – disse o viúvo certa vez.
Mas não tinham coragem de assumir o amor que sentiam um pelo outro.
O rei morreu, o príncipe foi coroado. Ela virou a rainha daquele país. O povo a adorava, mas alguns morriam de inveja de sua beleza e posição. E a criticaram pelo fato de ser uma mulher estéril. No dia da coroação, os pobres súditos não tinham o que oferecer a sua rainha que era tão bondosa com eles, então fizeram um tapete de flores para ela andar.
- Em coro, o povo bradava: salve a rainha!
O rei, tomado de ciúmes, se enfureceu: trancou Maria no quarto e a agrediu.
- Não me agrida, meu senhor! – suplicava ela.
Mas suas súplicas foram em vão. As agressões passaram a ser uma constante na sua vida, então, ela fugiu do castelo. Não era mais rainha, vestia roupas simples, surradas (daí o apelido Molambo). Sentava nas calçadas à beira de lixos com um gato de rua, não se sabe bem em quais circunstâncias, a história tem seus buracos, ela engravidou. A notícia chegou aos ouvidos do rei.
- Ela tem que morrer! – sussurrou o rei num ranger de dentes.
Ordenou aos guardas que amarrassem duas pedras nos pés de Maria e que a jogassem na parte mais funda do rio. Sete dias depois do crime, às margens desse rio, local onde foi morta, começaram a nascer flores que ali nunca haviam nascido. Seus súditos só pescavam naquele lugar onde havia fartura de peixes.
Seu amado, inconformado, mergulhou no rio procurando pelo corpo de sua amada, e o encontrou. O corpo da moça estava intacto, e parecia que ia voltar à vida. Velaram-na. E fizeram uma cerimônia digna de uma rainha. Seu corpo foi cremado. O rei enlouqueceu. E seu amado nunca mais se casou, cultuando-a por toda a vida.
Quando morreu e reencontrou Maria, o céu se fez mais azul e teve início a primavera.
No mundo espiritual, dona Maria Molambo tornou-se uma entidade da linha de esquerda muito cultuada nos dias de hoje nas rodas de Candomblé e nas giras de Umbanda.
É conhecida como Bruxa das Almas. E no mundo espiritual, tem sua legião feminina. Alguns nomes da sua legião: Maria Molambo da Estrada, Maria Molambo dos Véus, Maria Molambo das Rosas, Maria Farrapo, Maria Molambo das Almas, Maria Molambo dos Sete Portais e muitas outras.
Seu campo de atuação de cura se encontra nos abismos internos do ser humano, nas sombras onde residem os demônios que induzem às más práticas e os pensamentos negativos. Energias que viram lixos tóxicos nas entranhas do corpo e da alma, que por ela são removidos com sua vassoura mágica.
Cântico à Maria Molambo
Ó Maria Molambo!
Ó poderosa mulher!
Ó linda rainha,
vem me dar o seu axé.
Sei que cuidas de mim,
e me livra de falsos amores ,
sua vassoura varre meu caminho
no meu chão faz nascer flores..
Em honra a sua história,
lhe ofereço oferendas,
sendo que dentre delas
estão os meus poemas.
Ó querida bruxa,
com meu nome no caldeirão,
mexe a mistura,
limpando meu coração.
Fonte:
Texto enviado pela autora.
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