MOTE:
Eu não sei bem se é loucura,
porém me sinto feliz,
imaginando a ternura
dos versos que inda não fiz!
José Lucas de Barros
Serra Negra do Norte/RN, 1934 – 2015, Natal/RN
GLOSA:
Eu não sei bem se é loucura,
mas eu sonho ao poetar,
assim, me sinto segura,
tranquila no meu sonhar!
Eu fico, às vezes, tristonha,
porém me sinto feliz,
pois a alma de quem sonha
tem sempre um belo matiz!
Sinto que alcança a ventura
o meu doce coração,
imaginando a ternura
que lhe vem da inspiração!
Nessa emoção tão bonita,
descrevendo mil perfis,
sinto a ilusão infinita
dos versos que inda não fiz!
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GRITOS QUE NÃO DEI...
MOTE:
Minh’alma é tão conformada,
que, às vezes, nem mesmo eu sei
se a minha angústia é causada
pelos gritos que não dei!...
José Maria Machado de Araújo
Vila Nova de Famalicão/Portugal, 1922 – 2004, Rio de Janeiro/RJ
GLOSA:
Minh’alma é tão conformada,
é calma e dona de si,
nunca reclama de nada
e até chorando...sorri!
É tão grande a nostalgia
que, às vezes, nem mesmo eu sei
se é tristeza ou alegria,
se sou plebeu, ou sou rei!
A minha noite cansada
não sabe, nem quer saber,
se a minha angústia é causada
pelo ocaso do viver.
A nostalgia que eu sinto,
distante do que sonhei
faz-se de ecos, eu pressinto,
pelos gritos que não dei!…
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AJUDA...
MOTE:
Naquele instante sofrido
em que tudo perde o encanto,
ajuda é lenço estendido
para enxugar nosso pranto...
José Valdez de Castro Moura
Pindamonhangaba/SP
GLOSA:
Naquele instante sofrido
em que perdemos a calma,
nós ouvimos um gemido
que sai triste de nossa alma!
Quando o momento é de dor
em que tudo perde o encanto,
parece que o desamor
é a voz do nosso acalanto!
Mas um gesto comovido
nos impede de chorar...
ajuda é lenço estendido
nas mãos de quem sabe amar!
Essas mãos abençoadas
nos ajudam tanto, tanto...
nos vêm como mãos de fadas,
para enxugar nosso pranto…
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NAS POÇAS D’ÁGUA...
MOTE:
As poças d’água da rua
brincam de espelho quebrado,
há, em cada poça, uma lua,
e um belo céu estrelado!
Marlê Beatriz Araújo
Viamão/RS
GLOSA:
As poças d’água da rua
são, em si, um universo,
uma imagem de alma nua,
num brilho estranho, diverso!
Refletindo mil belezas
brincam de espelho quebrado...
Unindo tantas riquezas,
põem estrelas lado a lado!
Essa imagem acentua
a beleza refletida...
Há, em cada poça, uma lua,
que parece ali, caída!
Com meu olhar passional,
vejo, então, maravilhado
uma lua bem sensual
e um belo céu estrelado!
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APAGOU-SE A CHAMA
MOTE:
Soprei. Apagou-se a chama
disseste adeus em seguida.
– Quem diz adeus a quem ama,
diz adeus à própria vida!
Olegário Mariano
Recife/PE, 1889 – 1958, Rio de Janeiro/RJ
GLOSA:
Soprei. Apagou-se a chama,
a escuridão se instalou
e o meu coração reclama
a tristeza em que ficou!
Senti meu mundo caindo,
disseste adeus em seguida,
foste saindo... saindo...
na escuridão envolvida!
Foi o início do meu drama,
o fim da minha ilusão.
– Quem diz adeus a quem ama,
mata, em si, toda a afeição!
Fica só a nostalgia
quando a esperança é perdida.
Quem diz adeus à alegria
diz adeus a própria vida!
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A ROSA
MOTE:
Capricho da natureza
a rosa é a flor predileta,
do criador da beleza,
que além de Deus...é poeta!
Sebas Sundfeld
Pirassununga/SP, 1924 – 2015, Tambaú/SP
GLOSA:
Capricho da natureza
vemos na rosa, tão linda,
uma frágil fortaleza
com sua beleza infinda!
Vermelha...Branca...Amarela...
A rosa é a flor predileta,
se ofertada; nos revela
confissão de amor, secreta!
Mostra, então, toda a grandeza
e o poder da criação
do criador da beleza,
toda rosa, com emoção!
A rosa é pura poesia
na obra do grande esteta,
pois nos prova com alegria,
que além de Deus... é poeta!
Fonte> Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas XI. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Setembro de 2003.
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