sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Delasnieve Daspet (Devaneios Poéticos)


ASSIM COMO AS FOLHAS QUE TREMEM...

Assim, como o sol que se curva a cada manhã;
Assim, como as folhas que tremem
Com a brisa refrescante;
Assim, como um pássaro a céu aberto,
Numa ânsia que toma,
Assim, no meu silêncio, este lamento.

Escrevo no pó da estrada
A profunda dor de minha mágoa.
E na aridez de minha saudade,
Com o canto preso na garganta,
Sou a lágrima triste
Que pinga sobre tua lembrança!

Assim sou, assim sigo
Um mero reflexo na janela...
Esta mentira é tão real que dá pena,
Sem perceber, sou eu mesma, quem vaga,
Na multidão que não passa...

CAMPO GRANDE MS, 31.05.04

ATÉ O SILÊNCIO SE CALA

Tanto faz se o mundo é grande ou pequeno,
Se somos ricos ou pobres,
Se alguém é mais tranqüilo e outro mais histérico,
Se somos fechados ou abertos às chances do universo...
Acreditando ou não,
Olhando-se nos olhos,
Com necessidade de ser aceito, amado e admirado,
Com liberdade de poder ser quem quiser ser,
Até a gente...

O que falta então?
Falta a coragem de buscar dentro de nós
O que realmente somos....
Falta nos vermos como ser especial ,
Falta dar uma chance para a esperança aflorar...

Falta traduzir, em palavras, o sentimento,
Fazer nascer a alegria,
Pois quando o poema nasce,
Quando a palavra surge,
Quando o caminhar da lembrança se perde,
Quando a vida nos mostra que o passado
É o que somos..
E quando a luz surge
Para compor o cenário do nós conosco,
Até o silêncio se cala!
Campo Grande-MS, 29 de maio de 2005

DESESPERANÇA

Todas as manhãs acordo
e sinto o mesmo vazio.
E a desesperança toma conta
sem espaço para mais nada.

Não vai demorar
numa dessas manhãs eu vou embora;
Mas permaneço na fila,
voltei para acertar comigo.
Nada faz sentido, eu sei.

Sou um rio que um dia foi riacho,
que começou num córrego
e que teve seu início num pingo,
manuseando as formas, preenchendo vazios.

A verdade nunca é feia.
Por mais que eu caminhe,
por mais que eu me entregue,
sou-me uma desconhecida.

E na escuridão que tudo cobre
posso ver a lágrima derramada,
sentir os ventos lascivos
que carregam meu corpo
na morte líquida e profunda
do meu outro eu que me observa
e me aguarda lá fora...

Campo Grande MS 10/03/04

ANDO A NOITE, A NOITE ANDO...

Vou andar na noite
escutar do vento o cantar,
catar conchinas a beira-mar,
a noite vou andar...

Andei questionando os raios do luar,
se pensas em mim,
o tanto que penso em ti...
Da primeira aurora,
do primeiro raiar de luz,
na primeira estrela que brilha,
O sonho que sonho sempre,
tem o teu cheiro, perfume-orvalho!

Na pálida vida que levo,
me sinto sufocada, desesperada,
saio pela noite, a andar,
procurando um mundo real.
que não esconda
O riso, flor-da-pele, prazer.

Ando a noite, a noite ando...
Pois a noite pertence ao amante,
a noite pertence ao amor.

E ao te tomar nos braços, noite infinita,
( que a vida circunda, não passa ),
sei o que me espera noite, negra noite
que tudo cobre e nada encobre,
no momento, no espaço, no verbo,
na carne, na vida, que não somos!

Campo Grande MS 29-08-05

ABSOLUTA AUSÊNCIA

Oh! Luar da noite, ajuda-me!
Eis-me, no entardecer,
Caminho já estreito,
Deixei-me tomar de repentino,
Tardia, enlouquecedora força…

Após ler as linhas,
Só penso nisso.
Já não consigo esconder ,
Já não camuflo nos ventos que ondulam,
O desejo que toma conta.

O vento sul, que limpa as nuvens,
Bate com insistências as janelas que fechei.
Desliguei a TV, não importa,
Ferrenha, quero por uma pedra, na fenda...

Mas o pensamento, esse matreiro,
Me lembra que lá,
Dentro d´alma
Em todos os momentos
Está o sonho que não ouso sonhar!

E já rememoro, cheia de saudades,
O ritual que agora nego,
O sabor que não permito,
Que gosto terá o suor, o beijo?

E, Lua e Sol que somos,
Chegas e saio de cena.
Silenciosa, sem calor,
Na dolorida madrugada.

Ainda assim, sinta-me, sempre,
Estarei contigo, no mesmo pensamento,
Ainda que em absoluta ausência!

Campo Grande-MS 12-08-05
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Fonte:
Colaboração da autora.

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