Ronald Augusto da Costa nasceu no Rio Grande-RS, 1961.
Poeta, músico, letrista e crítico de poesia.
Ronald Augusto tem publicações e trabalhos culturais de diferentes espécies: além da produção como poeta e músico, possui artigos publicados sobre a obra de Cruz e Sousa, sobre a poesia concreta e sobre a poesia negra brasileira.
É autor, entre outros, de Homem ao Rubro (1983), Puya (1987), Kânhamo (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004) e No assoalho duro (2007).
Traduções de seus poemas apareceram em Callaloo African Brazilian Literature: a special issue, vol. 18, n. 4, Baltimore: The Johns Hopkins University Press (1995); Dichtungsring — Zeitschrift für Literatur, Bonn (de 1992 a 2002, colaborações em diversos números).
Artigos e/ou ensaios sobre poesia estão publicados em revistas do Brasil e sites de literatura: Babel (SC/SP), Porto & Vírgula (RS), Morcego Cego (SC), Suplemento Cultural do Jornal A Tarde (BA), Caderno de Cultura do Diário Catarinense (SC), Todapalavra, Slope, entre outros.
É co-editor, ao lado de Ronaldo Machado, da Editora Éblis.
Ministra oficinas de poesia.
É integrante do grupo os poETs.
Assina os blogues Poesia-Pau Poesia Coisa Nenhuma.
A produção poética de Ronald Augusto se caracteriza pela coragem e pela experimentação sutil e corrosiva do mundo da linguagem, como indica este depoimento do autor: “A poesia é um objeto estranho, uma contradição que se processa na raiz da função meramente comunicativa da linguagem. [...] O real que ela escrutina e ao mesmo tempo finge nos desvelar, comparece aos nossos olhos vertido em imagem indecisa e, no mais das vezes, conflitante com aquele real que até há pouco julgávamos conhecer como a palma da mão”.(AUGUSTO, 1998:39).
A poesia de Ronald Augusto causa estranhamento no leitor precisamente pela provocação radical que opera no interior da linguagem, no ritmo sincopado e responsável por uma estética que não se conforma com a palavra mimética ou (apenas) escrutinadora do real. O real retratado é o muito próximo, porém irreconhecível, deslocado, ressignificado. Esse real é transformado pela palavra, assim como acontece na oralidade, que tem a capacidade de reinventar significações cristalizadas pela escrita, deslocando-os, readaptando-os. E é precisamente graças a esse legado da oralidade – uma oralidade transfigurada pelos cortes herméticos da poesia – que Ronald Augusto realiza a alquimia entre o que soa familiar e o que soa estranho, entre o que é reconhecível como legado cultural afro-brasileiro (“minha capoeira”) e a maneira como esse elemento atua na interação com o sujeito. Desse encontro, entre universal e individual, entre o evento e o que acontece além do evento, nasce o improviso, a quebra (rítmica, sintática,semântica), como sugere o poeta nestes versos: “assopro [a capoeira] para além de duas /quadras /com imediateza e // antepassadas lâminas // um linguajar / de músculos paisanos//” (1983).
Ronald Augusto trabalha constantemente no limiar desse paradoxo, entre a construção de uma oralidade e de determinados referentes culturais (onde são reconhecíveis o samba, o lundu, a senzala, o pagode, mas também uma maneira diferente de olhar “as resoluções ocidentais”) e a deconstrução dessa que o autor chama de “oralidade atravessada”. Nesse sentido, conforme escreve o prefaciador de Puya, Van Hingo (1987: 9), “a palavra é uma ilha [...] o verso é um arquipélago. Para conhecê-lo deve-se ir estrategicamente ilha a ilha”. E é assim, de palavra em palavra, que Ronald Augusto constrói o seu “canto de provocação”, na medida em que faz dialogar não só o universo afro-brasileiro com outros elementos da diáspora negra nas Américas (o próprio título do livro Puya é uma expressão afro-cubana que significa, precisamente, canto de provocação), mas também – entre si – outros universos sígnicos e estéticos. Isso ocorre, por exemplo, quando o poeta trabalha com a poesia experimental ou, através da epígrafe do livro Puya, retirada do Paraíso de Dante, quando aponta para uma junção na qual o signo é encarado na sua dupla consistência, abstrata e material, conceitual e visual. Decorre disso um cuidado com a sonoridade dos poemas, nem tanto no desejo de prende-los em rimas ou esquemas tradicionais, mas na tentativa de reproduzir aberturas à maneira das jam session, sem cair em virtuosismos afetados e deixando fluir os improvisos ao gosto tenso da fala.
Fontes:
http://algaravaria.blogspot.com/
http://www.msmidia.com/
Poeta, músico, letrista e crítico de poesia.
Ronald Augusto tem publicações e trabalhos culturais de diferentes espécies: além da produção como poeta e músico, possui artigos publicados sobre a obra de Cruz e Sousa, sobre a poesia concreta e sobre a poesia negra brasileira.
É autor, entre outros, de Homem ao Rubro (1983), Puya (1987), Kânhamo (1987), Vá de Valha (1992), Confissões Aplicadas (2004) e No assoalho duro (2007).
Traduções de seus poemas apareceram em Callaloo African Brazilian Literature: a special issue, vol. 18, n. 4, Baltimore: The Johns Hopkins University Press (1995); Dichtungsring — Zeitschrift für Literatur, Bonn (de 1992 a 2002, colaborações em diversos números).
Artigos e/ou ensaios sobre poesia estão publicados em revistas do Brasil e sites de literatura: Babel (SC/SP), Porto & Vírgula (RS), Morcego Cego (SC), Suplemento Cultural do Jornal A Tarde (BA), Caderno de Cultura do Diário Catarinense (SC), Todapalavra, Slope, entre outros.
É co-editor, ao lado de Ronaldo Machado, da Editora Éblis.
Ministra oficinas de poesia.
É integrante do grupo os poETs.
Assina os blogues Poesia-Pau Poesia Coisa Nenhuma.
A produção poética de Ronald Augusto se caracteriza pela coragem e pela experimentação sutil e corrosiva do mundo da linguagem, como indica este depoimento do autor: “A poesia é um objeto estranho, uma contradição que se processa na raiz da função meramente comunicativa da linguagem. [...] O real que ela escrutina e ao mesmo tempo finge nos desvelar, comparece aos nossos olhos vertido em imagem indecisa e, no mais das vezes, conflitante com aquele real que até há pouco julgávamos conhecer como a palma da mão”.(AUGUSTO, 1998:39).
A poesia de Ronald Augusto causa estranhamento no leitor precisamente pela provocação radical que opera no interior da linguagem, no ritmo sincopado e responsável por uma estética que não se conforma com a palavra mimética ou (apenas) escrutinadora do real. O real retratado é o muito próximo, porém irreconhecível, deslocado, ressignificado. Esse real é transformado pela palavra, assim como acontece na oralidade, que tem a capacidade de reinventar significações cristalizadas pela escrita, deslocando-os, readaptando-os. E é precisamente graças a esse legado da oralidade – uma oralidade transfigurada pelos cortes herméticos da poesia – que Ronald Augusto realiza a alquimia entre o que soa familiar e o que soa estranho, entre o que é reconhecível como legado cultural afro-brasileiro (“minha capoeira”) e a maneira como esse elemento atua na interação com o sujeito. Desse encontro, entre universal e individual, entre o evento e o que acontece além do evento, nasce o improviso, a quebra (rítmica, sintática,semântica), como sugere o poeta nestes versos: “assopro [a capoeira] para além de duas /quadras /com imediateza e // antepassadas lâminas // um linguajar / de músculos paisanos//” (1983).
Ronald Augusto trabalha constantemente no limiar desse paradoxo, entre a construção de uma oralidade e de determinados referentes culturais (onde são reconhecíveis o samba, o lundu, a senzala, o pagode, mas também uma maneira diferente de olhar “as resoluções ocidentais”) e a deconstrução dessa que o autor chama de “oralidade atravessada”. Nesse sentido, conforme escreve o prefaciador de Puya, Van Hingo (1987: 9), “a palavra é uma ilha [...] o verso é um arquipélago. Para conhecê-lo deve-se ir estrategicamente ilha a ilha”. E é assim, de palavra em palavra, que Ronald Augusto constrói o seu “canto de provocação”, na medida em que faz dialogar não só o universo afro-brasileiro com outros elementos da diáspora negra nas Américas (o próprio título do livro Puya é uma expressão afro-cubana que significa, precisamente, canto de provocação), mas também – entre si – outros universos sígnicos e estéticos. Isso ocorre, por exemplo, quando o poeta trabalha com a poesia experimental ou, através da epígrafe do livro Puya, retirada do Paraíso de Dante, quando aponta para uma junção na qual o signo é encarado na sua dupla consistência, abstrata e material, conceitual e visual. Decorre disso um cuidado com a sonoridade dos poemas, nem tanto no desejo de prende-los em rimas ou esquemas tradicionais, mas na tentativa de reproduzir aberturas à maneira das jam session, sem cair em virtuosismos afetados e deixando fluir os improvisos ao gosto tenso da fala.
Fontes:
http://algaravaria.blogspot.com/
http://www.msmidia.com/
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