sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Johnny Welch (A Marionete)


(tradução de José Feldman)

Se por um instante Deus se esquecesse
de que sou um boneco de pano
e me desse um sopro de vida,
possivelmente não diria tudo o que penso,
mas, definitivamente, pensaria tudo o que digo.

Daria valor às coisas, não pelo que valem,
sim pelo que significam
Dormiria pouco, sonharia mais,
entendo que por cada minuto
que cerramos os olhos,
perdemos sessenta segundos de luz.

Andaria quando os demais se detém,
despertaria quando os demais dormem.
Escutaria quando os demais falam
e como desfrutaria de um bom sorvete de chocolate.

Se Deus me desse um sopro de vida
vestiria simples, me atiraria de bruços ao
deixando descoberto
não somente meu corpo mas minha alma.
Deus meu, se eu tivesse um coração
escreveria meu ódio sobre o gelo
e esperaria que saísse o sol.

Pintaria com um sonho de Van Gogh
sobre as estrelas um poema de Benedetti,
e uma canção de Serrat seria a serenata
que lhes ofereceria à lua.

Regaria con lágrimas as rosas,
para sentir a dor de seus espinhos,
e o encarnado beijo de suas pétalas...
Deus meu, se eu tivesse um sopro de vida…

Não deixaria passar um só dia
Sem dizer às pessoas que quero, que as quero.
Convenceria a cada mulher
um homem de que são meus favoritos
e viveria enamorado do amor.

Aos homens lhes provaria quão equivocados estão,
ao pensar que deixam de enamorar-se quando envelhecem
sem saber que envelhecem
quando deixam de enamorar-se.
Para uma criança, lhe daria asas
e deixaria que ele sozinho aprendesse a voar.

Aos velhos lhes ensinaria que a morte
não chega com a velhice, mas com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com vocês, homens.
Aprendi que todo mundo quer viver
em cima da montanha,
sem saber que a verdadeira felicidade
está na forma de subir o declive.

Tenho aprendido que quando um recém nascido
aperta com seu punho
pela primeira vez, o dedo de seu pai
o terá agarrado para sempre.

Tenho aprendido que um homem
só tem direito de olhar o outro para baixo,
quando tem que ajuda-lo a levantar-se.
São tantas coisas as que teria podido
aprender de vocês,
mas realmente não vai ajudar muito,
porque quando me guardam dentro desta maleta,
infelizmente estarei morrendo.
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Este poema foi escrito por Johnny Welch, um ventríloquo que trabalha no México, com o seu boneco de nome Mofles.

Fontes:
http://www.desdelalma.net/
Imagem = http://crisrubi.blogspot.com/

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