domingo, 14 de fevereiro de 2010

Tatiana Belinky (1919)


"Sou antiga, mas não sou velha, porque dentro de mim continua vivinha a criança que fui e isto me permite estar em sintonia com crianças e jovens, com quem procuro repartir minhas curtições de ontem e de hoje. Meu prêmio maior é saber que meus livros irão para as mãos das crianças, e se elas sorrirem, ou se emocionarem, ou ficarem pensativas, eu ficarei feliz".

Tatiana Belinky (São Petersburgo, 18 de março de 1919) é uma das mais importantes escritoras infanto-juvenis contemporâneas. Embora russa, está radicada no Brasil há quase oitenta anos.

Nasceu em São Petersburgo (Rússia) no dia 18 de março de 1919, mudando-se para Riga aos dois anos de idade. Seu pai, Aron, era comerciante e a mãe, Rosa, cirurgiã-dentista. A menina Tatiana aprendeu a ler no idioma materno, o russo. Aos dez anos de idade, fugindo das guerras civis que assolavam a então União Soviética, Tatiana já falava russo, alemão e letão. Devido à perseguição aos judeus na Rússia Soviética, a família Belinky, que era judia, resolveu se mudar para o Brasil, chegando a São Paulo em 1929.

Aos dezoito anos, após concluir um curso preparatório, começou a trabalhar como secretária-correspondente bilíngüe, nos idiomas português e inglês. Aos vinte (1939) ingressou no curso de Filosofia da Faculdade São Bento, mas abandonou-o em 1940, quando casou-se com o médico e educador Júlio Gouveia.

De 1948 a 1951, criou com o marido várias adaptações de histórias infantis para teatro. Nessas encenações, Tatiana fazia o roteiro e o marido, a direção. As peças eram encenadas em teatros da Prefeitura de São Paulo, com recursos da prefeitura.

Em 1952, o casal encenou sua bem-sucedida adaptação “Os três ursos” na extinta TV Tupi. Com o sucesso da encenação na televisão, a Tupi convidou o casal a elaborar o programa “Fábulas Animadas”, preenchendo uma lacuna da programação da época para o público infanto-juvenil.

A primeira versão do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, estreou em 10 de janeiro de 1952, e a direção coube a Tatiana Belinky e Júlio Gouveia. Foram 300 episódios, mas infelizmente não ficou nada registrado pois o programa era feito ao vivo.

A primeira adaptação ocorreu no Teatro Escola de São Paulo - TESP - um teleteatro dirigido ao público infantil, criado em 1948 por Tatiana e Júlio Gouveia. "A Pílula Falante", um dos capítulos do livro "Reinações de Narizinho", foi a história escolhida para ser exibida ao vivo na Tupi. O sucesso alcançado por esta única apresentação levou a emissora a produzir a primeira série de televisão do "Sítio do Picapau Amarelo".

O primeiro programa estreou em 3 de junho de 1952 (às quintas-feiras, 19h30), com a reprise do episódio "A Pílula Falante", ficando no ar por 11 anos. Paralelamente à exibição ao vivo em São Paulo, a TV Tupi do Rio de Janeiro exibiu, por dois meses no ano de 1955, uma versão da série com direção de Maurício Sherman e produção de Lúcia Lambertini, que também interpretava a Emília ao lado de Daniel Filho (o Visconde) e Zeni Pereira (Tia Nastácia).

Seguiram-se outros programas de sucesso, sempre na linha de adaptações para o público infanto-juvenil, que estiveram no ar por um total de 13 anos, até 1966. Esses programas tinham sempre o propósito explícito de estimular a leitura entre os jovens, criando nestes a curiosidade de ler os originais das adaptações.

Torna-se presidente da CET (Comissão Estadual de Teatro de São Paulo).

Paralelamente à atividade como roteirista de teatro e televisão, Tatiana Belinky deu início, em 1952, à atividade como tradutora literária, iniciada com suas adaptações de peças de teatro infantis e contos russos. Traduziu mais de 80 livros do russo, alemão, inglês e francês. Entre os textos que traduziu e adaptou estão obras de autores como Dostoiévski, Tolstói, Gorki, Gogol, Turgueniev, Goethe, Brecht, Irmãos Grimm e Lewis Carroll. Sua especialidade sempre foi a literatura infantil russa, ajudando a divulgar a cultura russa entre crianças e adolescentes.

Também atuou, a partir de 1972, como crítica de literatura infanto-juvenil e de teatro, como colaboradora dos jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e Jornal da Tarde e da TV Cultura.

Finalmente, em 1985, Tatiana Belinky desponta como escritora de livros, colaborando em uma série infanto-juvenil.

Seu primeiro livro de poesia infantil, "Limeriques das Coisas Boas", foi publicado em 1987. Os poemas do livro, que brincam com cacófatos e exploram a riqueza verbal da língua portuguesa, inspiram-se nos "limerick", poemas de origem irlandesa de apenas cinco versos, cuja característica é o non-sense e o bom-humor.

A partir desta publicação, Tatiana passa a trabalhar fervorosamente sobre novas criações, chegando a escrever mais de cem obras. Suas publicações são acompanhadas por vários prêmios literários, entre eles o célebre Prêmio Jabuti, recebido em 1989.

Tatiana Belinky é autora premiada em literatura e teatro. Recebeu o Prêmio Mérito Educacional em 1979, e o Prêmio Jabuti de Personalidade Literária do Ano em 1989, entre outras premiações.

Na área de tradução, recebeu o Prêmio Monteiro Lobato de Tradução em 1988 e 1990. Em 1994, deixou de atuar como tradutora, mas não abandonou, entretanto, sua atuação como escritora.

De sua vasta obra, destacam-se "Coral dos Bichos", "Limeriques", "O Grande Rabanete", "Di-versos russos", "Limerique das Coisas Boas", entre outros.

Nestes últimos anos, Tatiana Belinky tem também publicado livros de crônicas e memórias.

Tatiana explica o que significa limerique:
O limerique é um estilo de verso inspirado numa cidade da Irlanda, Limerick, e desenvolvido pelo poeta Edward Lear. São cinco linhas, três versos rimando, o primeiro, o segundo e o quinto; o terceiro e o quarto, mais curtos, rimam entre si. Isso dá ritmo, é ótimo para fazer algumas brincadeiras. Aprendi na Playboy americana. Claro que o autor lá se valia do limerique de uma forma maliciosa. Mas aí eu pensei: posso brincar com isso de outra maneira. A idéia é ressaltar uma coisa que é o contrário do que penso, e a criança, que não é nada boba, vai entender direitinho. Olha este exemplo aqui:

Quem pensa que eu sou uma ogra
No seu pensamento malogra.
Língua bifurcada?
Só quando enfezada.
Porque eu sou mesmo é sogra."

Fontes:
wikipedia
Fidus Interpress
http://fidusinterpres.com/?p=523
http://contoscantoseencantos.blogspot.com/2009/03/dica-de-leitura-especial-tatiana.html
http://lendoesonhando.blogger.com.br/2004_10_01_archive.html

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