segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Estante de Livros (Livros das Comédia Humana, de Honoré de Balzac) 2


A PRIMA BETTE
(1846)

Romance que é uma das obras-primas definitivas do autor, pertence ao subgrupo "Os Parentes Pobres", do qual faz parte ainda O Primo Pons. Neste livro, a ressentida, pobre e solteirona Lisbeth Fischer, a personagem-título, vinga-se de maneira terrível de todas as humilhações verdadeiras e imagináveis que sofreu de seus parentes ricos. O trágico é que suas vítimas, várias sem nenhuma estatura moral, veem nela um exemplo de desprendimento e lealdade.

Outras grandes personagens são a calculista Valéria Marneffe, comparsa da Prima Bette e umas das maiores cortesãs criadas por Balzac; o decadente barão Hulot d'Ervy, presa do vício da libertinagem, que só faz aumentar à medida que envelhece; e o rico Barão Henrique Montes de Montejanos, único brasileiro a constar na galeria balzaquiana, com um nome que, aliás, de brasileiro tem muito pouco. Montejanos, apaixonado pela Senhora Marneffe, é por ela ludibriado com falsas promessas e reiteradas traições, até o momento em que reclama sua vingança. O horrível instrumento utilizado para isso está perfeitamente de acordo com pessoas originárias de país tão exótico e selvagem...
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A PROCURA DO ABSOLUTO (1834)

O tema do "pensamento matando o pensador", isto é, uma ideia fixa que se apodera do personagem, perpassa várias obras da Comédia, mormente aquelas colocadas entre os Estudos Filosóficos, como A Obra-Prima Ignorada e Gambara. Já neste romance, o químico Baltasar Claes deseja descobrir a matéria mãe de todas as matérias e de tudo que há nos reinos animal, vegetal e mineral. Para isso, ele sacrifica sua família, fortuna, honra e saúde. Balzac estudou Química para escrever o livro, mas chegou a ser acusado de igualar essa ciência à alquimia. Esta crítica não se sustenta, contudo outra sim: apesar de Claes levar a família à bancarrota várias vezes, sua filha sempre consegue repor a fortuna, deixando-a até maior.
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EUGÊNIA GRANDET (1833)

Universalmente reconhecido como um dos melhores romances de Balzac e, ao mesmo tempo, um dos mais lidos pelo público, conta a história de Eugênia, típica provinciana filha de pai rico e, por isso, disputada por potenciais maridos. Um dia, chega seu primo; ambos se apaixonam, mas o rapaz é fraco e, aconselhado pelo tio, parte em busca de fortuna. Eugênia fica à espera, com a fria resignação de quem ama sem pedir nada em troca. O que, em outras mãos, seria apenas um romance sentimental, alarga-se enormemente pela ação de outros personagens, com destaque para o pai, enriquecido pelo comércio de vinhos, considerado um dos maiores avarentos da história da literatura.
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ESPLENDORES E MISÉRIAS DAS CORTESÃS (1869)

A publicação deste romance se deu de forma bastante acidentada: o início da primeira parte ainda em 1838; o restante sucessivamente em 1843, 1844, 1846 e 1847. Todas as partes somente se juntaram em um único volume em 1869, quase vinte anos após a morte do autor. A composição é mais fragmentada que Ilusões Perdidas, da qual é continuação, desenvolvendo-se em quatro linhas, que correspondem às suas quatro partes: os amores de uma cortesã; os amores de um idoso; Luciano de Rubempré e sua segunda tentativa de conquistar Paris; e polícia versus bandidos.

Temos aqui quase um "livro de ação", passado em galés e masmorras, com tipos vindos do submundo e seu linguajar característico, crimes horríveis, personagens cruéis e, sem dúvida, uma força extraordinária. A essa altura, Luciano já não é mais aquele poeta ingênuo da obra anterior: agora ele perdeu todo o pejo e usa sua beleza como moeda de troca; mas continua a mesma pessoa fraca, de fácil manipulação. Desta vez, ele se deixa enredar pelo misterioso Padre Carlos Herrera, cuja verdadeira identidade logo descobrimos ser o diabólico Vautrin. Essa que é uma das maiores e mais polêmicas criações de Balzac faz aqui sua derradeira aparição e recebe do autor uma surpreendente, porém lógica e irônica, vida futura. Por outro lado, a descrição dos momentos finais de Luciano é um dos mais belos e poderosos textos saídos da pena do autor.
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HISTÓRIA DA GRANDEZA E DA DECADÊNCIA DE CÉSAR BIROTTEAU (1837)

Escrito em cerca de vinte dias, em troca de vinte mil francos, esta é uma das obras mais perfeitas e das que melhor ilustram o modo de Balzac fazer literatura. César Birotteau é um modesto perfumista, que se deixa levar pela ambição e acaba arruinado. A vingança engendrada por um antigo empregado, tendo por objeto a especulação imobiliária; a descrição do processo de falências; a fabricação de pomadas e elixires; embalagens, bulas, letras de câmbio, tudo isso faz do romance um verdadeiro tratado comercial, onde pouca coisa acontece, mas que prende a atenção até o fim. O retrato desse artista das essências, meio ingênuo, meio tolo, é tão convincente e humano, que o final deixa o leitor com uma ponta de tristeza e amargura.

Fonte:
Wikipedia

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