––––––––––––––
As árvores representam sentinelas da defesa e segurança, propiciando beleza e utilidade a todos, que não as podem dispensar, sob pena de anularem a própria existência sobre a face da terra.
Maria Thereza Cavalheiro
****************************
Augusto dos Anjos
A ÁRVORE DA SERRA
" – As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
– Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs alma nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minha alma!...
– Disse – e ajoelhou-se, numa rogativa:
"Não mate a árvore, pai, para que eu viva!"
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!"
****************************************
Florbela Espanca
ÁRVORES DO ALENTEJO
Horas mortas? Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido? e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol posponte
A ouro e giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
– Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água.
****************************************
Jorge Sousa Braga
RAÍZES
Quem me dera ter raízes,
Que me prendessem ao chão.
Que não me deixassem dar
Um passo que fosse em vão.
Que não me deixassem crescer
Silencioso e ereto,
Como um pinheiro de riga,
Uma faia ou um abeto.
Quem me dera ter raízes
Raízes em vez de pés.
Como o lódão, o aloendro,
O ácer e o aloés.
Sentir a copa vergar,
Quando passasse um tufão.
E ficar bem agarrado,
Pelas raízes ao chão.
****************************************
Olavo Bilac
VELHAS ÁRVORES
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas;
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas…
O homem, a fera, e o inseto à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem;
Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
****************************************
Oliveira Ribeiro Neto
ÀS ÁRVORES NOVAS
– Árvores pequenas que inda não crescestes,
Que doçura imensa existe em vossas sombras
Fracas e indecisas, sobre a terra quente!
Árvores pequenas, vós lembrais crianças
Esboçando gestos de bondade ingênua
Mas vosso destino como é diferente!
Quando vós crescerdes, dareis sombra e frutos,
E dareis aos homens, no verão candente,
Sonhos de fartura e flores aromais.
Mas os pequeninos não terão mais gestos
De bondade pura, de ternura ingênua...
Quando eles crescerem, serão meus iguais.
****************************************
Sophia de Mello Breyner Andresen
ÁRVORES
Árvores negras que falais ao meu ouvido,
Folhas que não dormis, cheias de febre,
Que adeus é este adeus que me despede
E este pedido sem fim que o vento perde
E esta voz que implora, implora sempre
Sem que ninguém lhe tenha respondido?
Fonte:
Sammis Reachers (organizador). Árvore: uma antologia poética. São Gonçalo/RJ, 2018. e-book.
ÁRVORES DO ALENTEJO
Horas mortas? Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido? e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol posponte
A ouro e giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
– Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água.
****************************************
Jorge Sousa Braga
RAÍZES
Quem me dera ter raízes,
Que me prendessem ao chão.
Que não me deixassem dar
Um passo que fosse em vão.
Que não me deixassem crescer
Silencioso e ereto,
Como um pinheiro de riga,
Uma faia ou um abeto.
Quem me dera ter raízes
Raízes em vez de pés.
Como o lódão, o aloendro,
O ácer e o aloés.
Sentir a copa vergar,
Quando passasse um tufão.
E ficar bem agarrado,
Pelas raízes ao chão.
****************************************
Olavo Bilac
VELHAS ÁRVORES
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas;
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas…
O homem, a fera, e o inseto à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem;
Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
****************************************
Oliveira Ribeiro Neto
ÀS ÁRVORES NOVAS
– Árvores pequenas que inda não crescestes,
Que doçura imensa existe em vossas sombras
Fracas e indecisas, sobre a terra quente!
Árvores pequenas, vós lembrais crianças
Esboçando gestos de bondade ingênua
Mas vosso destino como é diferente!
Quando vós crescerdes, dareis sombra e frutos,
E dareis aos homens, no verão candente,
Sonhos de fartura e flores aromais.
Mas os pequeninos não terão mais gestos
De bondade pura, de ternura ingênua...
Quando eles crescerem, serão meus iguais.
****************************************
Sophia de Mello Breyner Andresen
ÁRVORES
Árvores negras que falais ao meu ouvido,
Folhas que não dormis, cheias de febre,
Que adeus é este adeus que me despede
E este pedido sem fim que o vento perde
E esta voz que implora, implora sempre
Sem que ninguém lhe tenha respondido?
Fonte:
Sammis Reachers (organizador). Árvore: uma antologia poética. São Gonçalo/RJ, 2018. e-book.
Um comentário:
Grata pela divulgação destas perolas sobre árvores, nossas companheiras do berço ao caixão.
Postar um comentário