O PAI GORIOT (1834)
Foi neste romance, por muitos considerado sua maior obra-prima, que o autor empregou pela primeira vez a técnica do retorno de personagens. Grande parte da ação se passa na Pensão Vauquer, com sua curiosa tabuleta, onde lê a frase CASA VAUQUER - Pensão burguesa para os dois sexos e outros. Nela, somos apresentados a algumas das maiores criações de Balzac: o próprio Pai Goriot, antigo comerciante que se deixa arruinar para que as filhas, que o exploram e desprezam, possam frequentar as altas rodas; Eugênio de Rastignac, para muitos um alter ego do autor, jovem pobre e ambicioso da província que deseja enriquecer em Paris a qualquer custo; e Vautrin, ou Jacques Collin ou, ainda, o "Engana-a-Morte", personificação moderna do diabo, amoral, manipulador e sedutor, que terá uma longa e desnorteante trajetória por outras obras da Comédia. Mais que a história do personagem-título, contam-se aqui as transformações porque passa Rastignac, de interiorano ingênuo a cínico e inescrupuloso. O livro termina com uma cena que se tornou clássica: no cemitério Père-Lachaise, tendo Paris a seus pés, Rastignac "lançou àquela colmeia sussurrante um olhar que parecia sugar-lhe antecipadamente o mel e proferiu esta frase suprema: -- E agora, nós!". A cada reaparição, mais alto estará na escala social.
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O PRIMO PONS (1847)
Este romance compõe, com A Prima Bette, o subgrupo "Os Parentes Pobres". O Primo Pons é um velho e ingênuo músico que, em virtude de impenitente gula, é constantemente humilhado pelos parentes ricos, que ele visita todos os dias em busca de comida. Mas Pons possui outro vício: é inveterado colecionador de objetos de arte (como o próprio Balzac, aliás), que vão sendo amontoados em seu quarto. Quando ele cai doente e se descobre que essas obras valem uma fortuna, uma verdadeira legião de aves de rapina se mobiliza para depená-lo: a porteira Cibot, o comerciante Rémonencq, o joalheiro/agiota Elias Magus, o doutor Poulain, advogados, parentes etc. A única pessoa com quem ele pode contar é seu único amigo, o também velho e pobre músico Schmucke, impotente ante tal desequilíbrio de forças. O Primo Pons é uma das melhores e mais sombrias obras de Balzac, onde ele demonstra todo seu pessimismo em relação à humanidade. Essas pessoas em volta de Pons não sentem o menor remorso nem se conscientizam do crime que estão a praticar, independente de origem, classe social ou profissão. Todos se irmanam, se associam e se hostilizam, dependendo das circunstâncias, com o fito único de ficar com seu quinhão do testamento, da herança, enfim, da coleção do velho músico. No entanto, no meio de tanta baixeza, Balzac ainda encontra tempo para falar de duas novidades de seu tempo: a daguerreotipia e as ferrovias.
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UM ACONCHEGO DE SOLTEIRÃO (1841)
Um dos principais romances do autor, conta-se aqui a história dos irmãos José e Felipe Bridau. O primeiro é pintor, tendo muito de Delacroix, segundo muitos pesquisadores. Já Felipe, militar posto em disponibilidade e inadaptado à paz, evolui para uma das criaturas mais monstruosas criadas por Balzac, apesar das inúmeras chances que tem de se regenerar. Tipicamente, o que está em jogo é uma herança, que Felipe deseja só para si, mas há também deliciosas descrições da vida provinciana, com suas fofocas, seus tipos mesquinhos, seus jogos cruéis e suas sociedades secretas, como os Cavalheiros da Malandragem. Na história, Felipe é o preferido da mãe, que releva seus atos abomináveis e não enxerga a genialidade e o bom coração do outro filho. Estudiosos veem aí uma referência à biografia de Balzac, que mais de uma vez lembrou com amargura que sua própria mãe não lhe dava o devido valor, colocando-o em segundo plano em relação a seus irmãos Laura e Henri.
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UMA ESTREIA NA VIDA (1842)
Romance pouco conhecido, narra as desventuras do desagradável adolescente Oscar Husson em sua viagem de Paris a Presles e as consequências daí advindas, já que comete várias gafes. Acompanham-no vários personagens da galeria balzaquiana. Mais que uma estreia, essa obra de título simbólico narra a vida do jovem até o momento em que Balzac percebe que já não vale mais a pena: depois que ele assegura um casamento proveitoso para si, consegue uma sinecura no Estado e aprende a cultivar as amizades certas. Hoje "Oscar é um homem comum, manso, sem pretensões, modesto e sempre se mantendo, como o seu governo, num justo meio. Não causa nem inveja, nem desdém. É, enfim, o burguês moderno."
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UMA PAIXÃO NO DESERTO (1830)
Um dos mais perfeitos contos do autor, considerado por muitos o melhor dos que escreveu, esta obra-prima de apenas quatorze páginas (na edição da nova Editora Globo) se vale de subentendidos e reticências para contar uma história obscura que nos angustia e ao mesmo tempo nos atiça a curiosidade à medida que, num crescendo, atinge seu final. Como acontece com muitos de seus contos iniciais, esta história não tem ligação orgânica aparente com as outras obras da Comédia. Paulo Rónai especula que a identidade do protagonista, não revelada por Balzac, "poderia ter sido perfeitamente atribuída a um dos Treze, o General Montriveau, aprisionado, como sabemos, pelos selvagens da África. Seu caráter ardente e destemido até o predestinava a desempenhar o papel extraordinário do soldado provençal junto à pantera."
Fonte:
Wikipedia
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