segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Carlos Leite Ribeiro (Marchas Populares de Lisboa) Bairro de Campo de Ourique


Em Campo de Ourique já quase ninguém se recorda dos velhos moinhos e do pão que se distribuía pela cidade. Agora, apesar de cosmopolita, o bairro não abdica das suas avenidas frondosas e do Jardim da Parada.

O bairro que fornecia farinha e pão à grande cidade. Campo de Ourique era terra de moinhos e padeiros. Uma espécie de Campolide onde o trigo imperava. Está, essencialmente, dividido em duas zonas distintas: uma mais ligada a Santa Isabel, a outra chegada ao Santo Condestável. A primeira, a mais antiga, desenvolve-se a partir de 1755, ano do grande terremoto. Depois da catástrofe, a população concentrava-se nos locais menos atingidos. A segunda, tinha uma aparência moderna. Substituiu os olivais e as quintas que ali existiam. Apresentava traçados geométricos que remontam ao século XVll e às primeiras décadas dos anos 90.

A Arte Nova, corrente artística que se enraizou nas tendências criativas dos artistas do século XlX, deixou vestígios um pouco por todo o bairro. Já na segunda metade do século XlX, o bairro sentiu necessidade de projetar novas ruas. A razão foi a construção do Cemitério do Prazeres. Campo de Ourique passou a ser conhecido por “Bairro Latino”. A designação deve-se aos inúmeros e talentosos artistas que ali residiam. Vivia-se um ambiente de boêmia e intelectualidade.

Escritores, artistas e estudantes, completavam o cenário nos cafés e cervejarias da zona. Entre eles, Fernando Pessoa. A casa do artista é hoje um centro de cultura. Campo de Ourique passa a ser apelidada de liberal e republicana. O primeiro título justifica-se pela quantidade de ruas que homenageiam personagens do liberalismo, como sejam, Ferreira Borges ou Almeida e Sousa. O segundo, pela presença dos conspiradores de 1910, algures entre quatro paredes da Rua Saraiva de Carvalho.

A Sociedade Filarmônica Alunos de Apolo surge da união entre cabos de polícia e civis a 26 de Maio de 1872. O projeto inicial dos Cabos de Segurança Pública da Freguesia de Santa Isabel pretendia formar uma banda filarmônica. Tinha a intenção de chamar-lhe “União e Capricho”. Depois aceitaram a ajuda de alguns membros da população, e concluíram que esta nova estrutura não poderia funcionar, tal era a divergência de opiniões entre os dois grupos. A “União e Capricho” acabou por desaparecer e assim surgiu a SFAA – Sociedade Filarmônica Alunos de Apolo. Atualmente, a principal dinâmica do grupo são as danças de salão, que criou polos da modalidade no Porto, Santarém e Setúbal, formalizando a Federação Portuguesa de Dança Desportiva.
 
MARCHA DE CAMPO DE OURIQUE
(Alfacinha)

Letra de Constantino Menino
Música de Mário Gualdino


A marcha cá vai
Alegre contente
Por esta Lisboa ao luar
E Lisboa sai
Feliz sorridente
Pra ver a marcha passar.
É Campo de Ourique
Meu bairro aqui vai
Calados; não fiquem não
Venham para a rua
A noite está bela
Venham ver Lisboa
E cantem com ela.
(Refrão)

A marcha que passa
É Campo de Ourique
Com arte e com graça
Cá vai no despique
A canção qu’entoa
É alma é vida
Da nossa Lisboa
É minha é tua
Pois anda cantar
Olha como a lua
Está, hoje a brilhar
Vai lá meu bairro
Pra Rainha Santa
Te abençoar.

A noite é de festa
Por Santo Antoninho
Devoto e casamenteiro
Lisboa modesta
Enfeita o arquivo
E marcha com ar brejeiro
É Campo de Ourique
Meu bairro é pessoa
Na forma mais popular
Olhem que o meu bairro
É bem alfacinha
Reza a Santo António
E à Santa Rainha.
(Refrão) “


Fonte:
Este trabalho teve apoio de EBAHL – Equipamento dos Bairros Históricos de Lisboa F.P.
http://www.caestamosnos.org/autores/autores_c/Carlos_Leite_Ribeiro-anexos/TP/marchas_populares/marchas_populares.htm

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