PALAVRAS AO VENTO
MOTE:
Como preces fugidias,
minhas palavras ao vento,
dobram esquinas vazias
nas curvas do firmamento...
Analice Feitoza de Lima
Bom Conselho/PE, 1938 – 2012, São Paulo/SP
GLOSA:
Como preces fugidias,
emana do coração,
em prantos, ou alegrias
sempre uma doce oração!
Vou jogando com carinho
minhas palavras ao vento,
e ecoam no meu caminho
de encontro ao meu pensamento!
Às vezes, saem tão frias,
cheias de desilusão,
dobram esquinas vazias
nas ruas sem emoção!
Vendo a tristeza a chegar,
novas palavras invento,
mas se perdem pelo ar
nas curvas do firmamento…
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PREITO AO SOL E À LUA…
MOTE:
Canta, poeta!...És bem-vinda
no teu preito ao sol e à lua,
pois toda poesia é linda,
se a voz de quem canta é a tua!
Edmar Japiassú Maia
Nova Friburgo/RJ
GLOSA:
Canta, poeta!...És bem-vinda
tua musa é benfazeja,
tua inspiração infinda,
faz que ela, mais bela seja!
Pintas luzes em teu verso,
no teu preito ao sol e à lua,
e colores o universo,
antes de ti – de alma nua!
É ternura que não finda,
que nasce em teu coração,
pois toda poesia é linda,
quando feita com emoção!
Nestes teus versos de amor,
a beleza se acentua
se eles têm o teu calor,
se a voz de quem canta é a tua!
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SEM TI…
MOTE:
Todos os dias que passam,
sem passares por aqui,
são dias que me desgraçam
por me privares de ti!
Fernando Pessoa
Lisboa/Portugal, 1888 – 1935
GLOSA:
Todos os dias que passam,
somente passam, enfim,
e sem querer, me amordaçam,
fazem um trapo de mim!
Tudo ao redor, fica triste,
sem passares por aqui,
pois nem o Sol, mais, resiste
no horizonte e nem sorri!
As recordações me enlaçam
e aumentam meu saudosismo,
são dias que me desgraçam
que me jogam num abismo!
Não sinto mais alegria,
não escuto o colibri,
hoje, tudo me angustia,
por me privares de ti!
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O SOL E A LUA CHEIA
MOTE:
À tardinha adormecendo,
o alegre sol, volta e meia,
alonga os raios, querendo
abraçar a lua cheia...
Flavio Roberto Stefani
Porto Alegre/RS
GLOSA:
À tardinha adormecendo,
mas sem querer se esconder,
o Sol pálido, tremendo
não quer com o dia, morrer!
E vendo a noite chegar,
o alegre sol, volta e meia,
vai tentando colocar
no luar, a sua teia!
Com seu humor estupendo,
com seu calor e alegria
alonga os raios, querendo
transformá-los em poesia!
Misturando-se ao luar,
poeta – o seu sonho alteia,
pois quer, por fim, abraçar,
abraçar a lua cheia…
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A ESPERANÇA NÃO ME DISSE…
MOTE:
De ilusões eu fui vivendo...
e a esperança, disfarçada,
via meus sonhos morrendo,
mas nunca me disse nada!
Maria Lúcia Daloce
Bandeirantes/PR
GLOSA:
De ilusões eu fui vivendo...
mas neste triste caminho,
fui sofrendo, fui sofrendo
pela falta de carinho!
Eu sou feliz, me dizia,
e a esperança, disfarçada,
sabia tudo, sabia,
mas continuava calada!
O que estava acontecendo
não era mais um segredo:
via meus sonhos morrendo,
sumirem, como em degredo!
Foi mesquinha essa esperança,
pois vendo a sorte ceifada,
guardou consigo a mudança,
mas nunca me disse nada!
Fonte:
Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas XXVI. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Junho de 2005.
Gislaine Canales. Glosas Virtuais de Trovas XXVI. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Junho de 2005.
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