Penso até que água tem alma…
da fonte lança o seu véu,
chega ao rio e, então, se espalma,
dá-se ao mar… e sobe ao céu!
ALMA... E CORAÇÃO!
Há quem afirme que água não tem alma...
Provo o contrário sem qualquer receio;
no copo, embora esteja sempre calma,
vou revelar, agora, porquê veio...
Brota na fonte e vai buscar a palma,
dos vitoriosos ela traz o anseio,
“a intrepidez da flor que ao vento espalma
as delicadas pétalas do seio.”
Precipitada ao chão, torrencialmente,
servindo a tudo e a todos, plenamente,
refaz seu ciclo sem jamais parar.
E liquefeita é quando mais resiste:
é fonte, é riacho, é rio, e não desiste;
só sobe ao céu depois que abraça o mar!
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O tempo, marcas deitou
entalhadas em meu rosto,
mas o amor, que perdurou,
minimiza o meu desgosto!
entalhadas em meu rosto,
mas o amor, que perdurou,
minimiza o meu desgosto!
MARCAS DO TEMPO
Do escuro túnel de um tempo passado,
ressurge, audaz, o amor adormecido!
Relembro alguém sorrindo, e do meu lado,
mas que perdi sem querer ter perdido.
Em transe está meu ego e, arrebatado,
canta o passado em ode, destemido,
indo aportar num tempo afortunado
que conheci, porém, sem ter vivido.
Ao desalento o meu amor resiste,
tento esquecer reminiscência triste,
marcas do tempo em minha pele impressas...
O meu viver, repleto de saudade,
exige agora: vem felicidade,
liberta o meu destino das avessas!...
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Contendo temas diversos,
lirismo a se sobrepor,
deixo claro os meus versos,
muito mais, falam de amor!...
lirismo a se sobrepor,
deixo claro os meus versos,
muito mais, falam de amor!...
MEUS VERSOS
Meus simples versos surgem, de repente,
sem revelar-me a nítida intenção...
Parecem ser um sussurrar na mente,
que toca o ouvido e, ali, ganha expansão.
Pego papel, caneta e, fielmente,
sem preocupar-me com erudição,
vou encadeando-os feito uma corrente,
um elo das palavras em vazão...
Métrica e rima, às vezes lhes imponho,
sem deturpar a realidade ou sonho
daquela inspiração, com muita calma,
pois, mais do que um capricho de momento,
ou atitude vã do pensamento,
sei que os meus versos partem de minha alma!
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Nas lágrimas derramadas,
transbordantes de emoção,
essas águas são chamadas
torrentes do coração!…
transbordantes de emoção,
essas águas são chamadas
torrentes do coração!…
MURALHAS DA RAZÃO
Às vezes nem sabemos como nasce
tamanha angústia vinda, de repente,
e ao deslizarem lágrimas na face,
nos surpreende a súbita vertente.
Encurralados diante deste impasse:
— ver descoberto o nosso ser carente!...
Dentro de nós, talvez, algo ultrapasse
o escrúpulo insalubre e prepotente.
Lágrimas brotam, soltas, sem disfarce,
e o coração consegue apoderar-se
de um sentimento sufocado em vão.
Mas quando o pranto silencia um grito
pronto a lançar seu eco no infinito,
não derrubou muralhas... da razão!
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O joão-de-barro, a paineira,
e a casinha, ali construída...
Na infância, sobremaneira,
deram-me exemplo de vida!
e a casinha, ali construída...
Na infância, sobremaneira,
deram-me exemplo de vida!
REMINISCÊNCIA
"São Carlos"... Era o nome da fazenda,
com primaveras, pássaros, paineira...
O cafezal em flor, cena estupenda:
— recordação para uma vida inteira!
No terreirão, na grama em verde renda
- eu com dez anos quanta brincadeira!
Na casa simples, mesa com merenda;
dali se via o véu da cachoeira!...
Lembro o balanço no chorão... — Saudade!
Naquele pasto o gado em liberdade;
farto pomar, coqueiro carregado...
Apenas meses e eu nunca esqueci,
da infância a fase que passei ali:
— um tempo mágico do meu passado!
Fonte:
Lucília Alzira Trindade Decarli. Inquietude. Bandeirantes/PR: Sthampa, 2008.
Livro entregue pela poetisa.
Lucília Alzira Trindade Decarli. Inquietude. Bandeirantes/PR: Sthampa, 2008.
Livro entregue pela poetisa.
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