Luiz Damo (Trovas do Sul) XXXVI

A alegria da chegada
que sempre assinala a vida,
também pode ser manchada
pela dor da despedida.
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A força que à vida impele
de alguém que busca fazê-lo,
não se esconde à cor da pele,
nem no estilo do cabelo.
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A luta, à primeira vista,
tudo leva a amedrontar,
mas a quem for otimista,
faz todo sonho medrar.
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Ando de carro e consinto,
com cinto estou mais imune,
mas, no perigo, não minto,
sinto medo do ato impune.
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Ao construir um lagar
que receba a uva madura,
escolha bem o lugar
e terá vinho em fartura.
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A vida mostra o caminho
que deve ser palmilhado,
há quem queira andar sozinho
do que mal acompanhado.
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Fazer da riqueza a estrela
para um vil brilho emitir,
é lutar pra não perdê-la
contra o Sol sem competir.
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Mesmo em cena imaginária,
colher uvas, nunca queira,
da gigantesca araucária,
nem pinhão, de uma videira.
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No começo da existência
a fragilidade impera,
mas, devagar, na sequência,
com vigor, o homem supera.
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No semblante há quem escreva
com expressões garrafais,
"nesta casa, não se atreva,
entrar sem as credenciais".
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Nunca meças a conquista
com os olhos do prazer,
mas sob o ponto de vista
do que ela pode trazer.
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O fim da vida decorre
de uma ruptura vital,
quem a teme, dela corre,
mas é pego em seu final.
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O homem, sem referenciais,
descrê até nas orações
e o que sobram, são sinais,
da falta de convicções.
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O que foi felicidade
pode ao pranto nos levar,
nos faz chorar de saudade
ou de tristeza chorar.
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O que o mentiroso admira
é gerar falsa grandeza,
tendo por arma a mentira,
seja no ataque ou defesa.
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Poderá à morte ocorrer
de um corpo ser transladado
para onde, antes de morrer,
ninguém ousa ser levado.
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Que a viagem não culmine
num desfecho assustador,
nem o sonho em vão termine
na ausência do sonhador.
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Quem muito fala no impulso
desliza, escorrega e tomba,
torna-se um espinho avulso
no abissal mundo da bomba.
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Se apressares a partida
abrevias a chegada,
desde que, nunca tolhida,
a vida na caminhada.
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Se a dor invade a cabeça
e o cansaço arder na mente,
descanse e restabeleça
a energia e siga em frente.
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Se à dor o pranto extravasas
darás vida às cicatrizes,
tal mergulho em águas rasas
da infância em dias felizes.
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Se as origens desconheço,
não mereço resgatar,
aquilo que com apreço
a vida quis me ofertar.
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Sempre que distante fores,
ou daqui, longe estiveres,
nunca te esqueças das flores
prontas pra quando vieres.
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Se os maus se sobressaírem
sempre arrastam seguidores,
se os bons tudo consentirem,
não teremos vencedores.
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Transformar o sonho em luta
é premissa a conquistá-lo,
não somente de conduta,
mas na forma de buscá-lo.
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Vive bem este momento,
que outro igual nunca o terás,
busca em Deus o provimento
com lisura, apreço e paz.

Fonte:
Luiz Damo. A Trova Literária nas Páginas do Sul. Caxias do Sul/RS: Palotti, 2014.
Livro enviado pelo autor.