quarta-feira, 4 de julho de 2012

Charles Kiefer (A Menina e o Mendigo)

artigo de Ana Lucia Santana.

Esta história sensível toca em pontos delicados e polêmicos da nossa vida em sociedade; ela é um retrato das chagas sociais que maculam o país, da discriminação e das manifestações de solidariedade que insistem em se impor, independente das hesitações morais de muitos brasileiros.

Carolina é uma garota já fisicamente desenvolvida, e por esta razão ela pode ir toda tarde na padaria próxima a sua casa para buscar leite e pão. Não há problemas em ir sozinha. Afinal, é só caminhar até a Avenida São Pedro, virar à esquerda e dar mais alguns passos. Pronto, lá está a mercearia.

Mas em um sábado que deveria ser como outro qualquer, ela não conta com um imprevisto em sua jornada: um garotinho sem rumo, aos prantos e sem se lembrar onde é sua casa. Ela fica confusa, pois não sabe como levar Digão de volta ao lar. E o pior de tudo é que a vizinhança também desconhece seu endereço.

Pouco antes, a menina havia passado por um mendigo sempre presente naquela região. Ele era um enigma para Carolina; a protagonista não compreendia a forma como o homem era tratado. Enquanto ela e sua mãe podiam se esconder sob as fachadas dos edifícios quando caía uma tempestade, o pedinte era proibido de fazer o mesmo.

A princípio a menina temia o mendigo, mas depois seu pai lhe fez perceber que não havia razão para temê-lo, porque era apenas uma pessoa que trazia em suas costas toda sua bagagem. Pois é justamente da parte dele que vem a solução para o problema de Digão e de Carolina.

Por meio de mensagens escritas o homem mudo interage com Carolina e a leva até a casa do menino. Mas, ao invés de gratidão, ele é recepcionado com rudeza e desagrado pelo pai do garoto. Com profunda delicadeza a voz do autor, em parceria com as lindas imagens tecidas por Marília Bruno, narra uma história de preconceito e de assimilação de seres marginalizados ao seio de uma comunidade social.

Apesar de o autor emprestar uma tonalidade adulta à narrativa, ela é vista do ponto de vista infantil, impresso, aliás, em um diário mais tarde convertido em criação literária. Portanto, é também uma representação do ato de contar histórias, com a ajuda de belas ilustrações.
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Charles Kiefer nasceu na cidade de Três de Maio, no Rio Grande do Sul, no dia 5 de novembro de 1958. Seu ingresso nas veredas literárias se deu com o livro Caminhando na Chuva, dirigida ao público juvenil. Com a obra O Pêndulo do Relógio, de 1985, o autor foi reconhecido nacionalmente e conquistou o Prêmio Jabuti.

No ano de 1993 ele recebe outro Prêmio Jabuti pelo livro de contos Um Outro Olhar. Três anos depois o escritor é agraciado com a mesma premiação pela obra Antologia Pessoal. Desde então ele vem recebendo vários outros prêmios.

Fontes:
http://palavraria.wordpress.com/tag/a-menina-e-o-mendigo/
http://consulteecompre.blogspot.com/2011/12/obras-infanto-juvenis-em-destaque-para.html
http://livrosdeliteraturainfantojuvenil.pontofrio.com.br/A-Menina-e-o-Mendigo-475447.html

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