terça-feira, 7 de maio de 2019

Daniel Maurício (Poemas Avulsos) III


Não meço o teu amor
Nem sequer dele peço provas
Me entrego sem temor
E em teus braços esqueço as horas.
Faça frio ou faça calor
Em ti eu me abrigo
Sentindo o coração falar pro teu,
Como é bom estar contigo.
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Entre as pedras
Pequenas sementes de lua
Carregadas de meninice
Desejam viajar.
Basta um assopro
E os sonhos ganham voo
Nas asas do vento-garoto
Que sorridentes,
Se entregam ao livre planar.
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Ainda passeia em minha pele
O teu cheiro cioso
Que transborda tão gostoso
Por entre as dobras do lençol.
A poesia encharcada de nós
Também ainda dança
No quarto desarrumado
Que bela lembrança!
Confundo os nomes
Esqueço os pronomes
E por instantes sou só teu.
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Da pequena flor amarela
A rã fez um sol
Pra aquecer a alma dela
Que estava carente de amor
Mas o calor foi crescendo
E acabou recebendo
Da borboleta um protetor
Assim o dia ficou incrível
E a rã acabou descobrindo
Que o amor é o melhor cobertor.
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No silencioso espelho d'água
Converso com o irmão gêmeo que nunca tive,
Mas que sempre me acompanhou
Quem sabe ele era os cochichos da alma
Indicando o caminho com setas
Mas que preferia chamar de intuição
No reflexo silencioso do espelho d'água
As imperfeições perfeitamente a mostra
Tiram a máscara do eu-narciso
Que se convence que somos breves
Bastando um pingo de chuva nas águas do tempo
A imagem vira onda
Zummmmm...
E a ilusão se acabou.
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Poema infantil

Roinque, roinque, roinque
O porquinho está alegrete
Hoje é o seu aniversário
De presente ganhou sorvete.
Não importa o sabor
Sendo de frutas todos apetece
Pois além de tapiar o calor
De energia o corpo enriquece.
Roinque, roinque, roinque
O porquinho agradece.
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Vindos da terra dos sonhos
Os pássaros outrora ciganos
Dão pausa aos cantos
Deixando que o encanto
Fique por conta
Do silêncio das cores.
Pássaros flores
Descansam suas asas
No campo fazem moradas,
Criam raízes
Conservam as matizes
E em flores se transformam.
Na paisagem bucólica
Meus olhos em ninho
Acolhem os passarinhos
Que só com o vento passeiam.
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Somos presas
Indefesas
Contra as garras afiadas do tempo
Mas o amor e a amizade
São botox de verdade
Que amenizam
O sofrimento.
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Caminhos traçados
Amarrotados nós.
Lembranças colhidas,
Onde eu e tu
Éramos nós.
Antevendo o fim
A razão procura
Novos recomeços,
Mas no verso do vento
Com o teu cheiro
Ainda estremeço.
Eta, coração travesso!
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Grita em mim
Tuas palavras engasgadas
Palavras rasgadas
Palavras molhadas de adeus.
Grita em mim
O inesperado silêncio
O gesto do lenço
Antevendo o fim.
Grita em mim
A carne nua do desejo
Abafada pela ausência do beijo
Que voou em outra direção.
Grita em mim
O amor ainda latente
Vulcão em cinzas quentes
Cavando um sim pra ressurgir.
Ah! Como grita em mim,
O silêncio do teu olhar.

Fonte:
AVIPAF (Facebook)

Um comentário:

Isabel Furini disse...

Belos poemas, Daniel Maurício.