quinta-feira, 16 de maio de 2019

Christóphoro Fonte-Boa (Poemas)


O SOL NA PROSA

Em Belo Horizonte em junho
o sol pela manhã não
é pau não.
(Se fosse em Ouro Preto as
lagartixas se espichavam
pra fora dos buracos
nas pedras centenárias)
Ao meio-dia não é de
todo católico debaixo
do braço dos transeuntes.
Mas às quinze é banzão.
nas sombras compridas
das árvores redondas.
Por que então aquele
homem varapau de
guarda-sol ou chuva
na paisagem mineira?

O POETA

Trago nos olhos o peso de noites inteiras maldormidas.
No coração esta ânsia de horizontes irrevelados.
Acima da minha cabeça estende-se o abismo
que nasceu dentro de mim
quando aprendi a sofrer a angústia da profundidade.
Penetrei o limiar azul dessa paragem,
embriaguei-me de sua mansuetude.
Vi a eclosão do amor em círculos concêntricos
afirmando a realidade essencial.
Vi auroras boreais, poentes luminosos,
arco-íris de polo a polo.
Eu ia levado pela tua mão.
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Christóphoro Fonte-Boa nasceu em São Gotardo/MG, a 29 de agosto de 1906, filho de Sebastião Lopes Fonte Boa e Firmina Alves da Silva.

Fez os primeiros estudos em São Gotardo e parte do curso ginasial em Ouro Preto, concluído no Ginásio de Cataguases, tendo sido inspetor de alunos de ambos.

Em 1927 participou do Movimento Verde.

Em 1932, concluiu o curso de Direito na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, onde exerceu o jornalismo no Diário de Minas.

Quando residia em Juiz de Fora, pertencia à Academia de Letras de Juiz de Fora e escrevia no Diário Mercantil, vindo a falecer nesta cidade em 1993.

Deixou o livro “Eu, tu e a quarta dimensão”, edição particular e fora de comércio.


Fonte:
Livro gentilmente enviado pelo autor:
Cláudio de Cápua. Revolução na Paulicéia: Semana de Arte Moderna de 1922. 2. ed. São Paulo/SP: EditorAção, 2019.

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