CASULO DE VIDRO
Ofusca-me a visão
Esses encontros com o espelho
A dualidade entre o passado
E o presente, repleto de ausências,
Dos traços envoltos em brumas
O doloroso mergulho:
Quebrar o espelho
Sem fragmentar a essência
Sentir na pele, a lâmina que corta
E recorta - cura -
Desfalecer de dor
No silenciar da alma,
Na solidão do "casulo de vidro"
Buscando respostas
Na sequência de pétalas eternas-
“Flor da Vida”-
Aroma de bálsamo –
Aquietando meu coração.
GÉLIDOS CAMINHOS
Apaixona-se o tempo
Ao olhar os veios do mármore
Gélidos caminhos...
Apaixona-se o vento
Ao desenhar círculos no lago,
Movendo a breve bolha de sabão-
Apaixonam-se os ramos
De camomila à caneca de ágata
Ao sentirem a água desaguando,
Contidos no tempo, no vento
E no aroma de camomila
Momentos de amor –
Sincronicidade,
Poemas ao alcance
Das pontas dos dedos...
HÁ UM ENCANTO NA MELANCOLIA
E a chuva continua...
Do vidro do carro
Observo a
A paisagem líquida
Que em tons de verde e cinza
Passa depressa...
Há um encanto na melancolia,
Dividindo o cristal da taça
Fazendo-me companhia
Nesta tua ausência,
E, na lembrança dos teus beijos
Com gosto e aroma do chá de morangos
Despedindo-se aos poucos,
Há um encanto na melancolia
Que dilacera a alma,
Repleta de uma saudade,
Das tuas poesias,
E mensagens de amor
Que, ainda navegam em imagens
De sonhos...
Há um encanto na melancolia
Qual uma tela com pontilhismo,
Pincelando em meu coração
Um amor tão intenso e impossível,
Repleto de inquietos e alegres
Pontinhos de cores,
Ah, a melancolia encanta-se
Com esse lento passar das horas,
Em que a imobilidade dos sinos de vento
E a ponta quebrada do lápis
Adiam um ponto final
OUTONO EM TAÇA
Do ombro de vidro desliza
Sem pressa, uma gota de vinho
E chega envolvente e arrepia
O rótulo com cachos de uva,
Sob, o olhar sedutor da taça vazia-
À espera do aroma encorpado,
Suavemente, adocicado...
Entre a verde garrafa
E transparência do cristal
O silêncio e recato
Da folha de plátano.
PRELÚDIO DO ANOITECER
Esmaece o fim de tarde
Quase, posso tocar
As nuvens, em degrade
Ah, esse silêncio encantado
Do outono em gotas
À beira do lago beijando as folhas,
Sussurrando às flores
Um poema de amor,
Enquanto embala
A despedida do dia
Na cadeira de balanço
E nesse amenizar da respiração
Da saudade tão intensa,
Mas calada - disfarçada - lágrima
Deixo as lembranças
De cada detalhe
Do teu corpo junto ao meu
Mesclarem-se, unificando-nos
Nesse terno e apaixonante
Prelúdio do anoitecer...
TUDO DÁ SAUDADE...
De madrugada,
Deixei as dobras
Da camisa de seda,
Feito
Pequenas ondas acariciarem
Meus seios, colo e braços...
Hoje de madrugada,
Entreguei-me às lembranças
Da maciez dos teus lábios
Doce invasão - permitida -
Do gosto delicioso e único
Dos teus beijos –
Deixei que as notas mescladas
Dos nossos perfumes me envolvessem,
Intensamente...
Hoje de manhãzinha,
Deixei as gotas de orvalho
Umedecerem meu corpo,
Banharem minh'alma
E senti a presença do teu vento,
Do toque Sutil – incandescente
Das tuas mãos, desvendando
Com as pontas dos dedos
Caminhos em mim -
Tudo dá saudade...
VIDA EM VERDES VERSOS
Na imobilidade dos seus gestos
O Olhar intenso, atento.
Em total cumplicidade com a folha
Torna-se parte delas
Num mágico entrelaçar de vidas:
Louva-a- deus e folha
Ele, na solidão e expectativa de seus breves dias,
Uma vida plena...
Ela, a folha observa e o admira.
O mágico dos disfarces
Imita as cores à sua volta,
E, assim inspira poemas:
Vida em verdes versos...
Fonte:
Recanto das Letras
Facebook da Poetisa
3 comentários:
Boa tarde Jose Feldman, emoção linda ao ver minhas poesias publicadas, muito obrigada. Parabéns, ótimo e interessante Blog!Um bonito fim de semana, abraços, Vanice.
Parabéns a querida artista, escritora e poeta Vanice Zimerman, pelos belos textos poeticos! Parabéns ao Blog Singrando Horizontes.
Bom dia Vera Itajaí, muito obrigada, querida! Abraço, Vanice Zimerman.
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