Cristiano é a figura da serenidade. Ô cara tranquilo. Mas, claro, sem ser bobo.
Num belo dia de sol assanhado, conduzindo ônibus da linha 62 (Sta. Bárbara x Charitas), veículo lotado, nosso pacato Cris para a viatura na altura do bairro Vila Ipiranga, para o embarque e desembarque de passageiros. Isso antes de serem construídas a pista seletiva e as estações na Alameda São Boaventura.
Após observar que o último passageiro a embarcar já estava a bordo da nave, Cris apertou o botão que fechava a porta traseira e partiu com o veículo. Mas ao olhar novamente para o retrovisor da direita, percebeu um vulto pulando para dentro, no exato momento em que a porta se fechava. O cobrador imediatamente bateu a moeda na roleta, no código de "abrir a porta". O braço da pessoa ficara agarrado!
Se você é motorista, ou rodoviário de qualquer função, ou mesmo uma pessoa de bom senso, sabe que há um limite do campo de visão que o espelho retrovisor abarca. Assim, se uma pessoa está fora deste campo de visão, e ao ver a porta do ônibus aberta, corre em direção a mesma e pula sem maior aviso, é imensa a chance de acontecer de ela ser 'fechada' na porta. Essa é mesmo uma das maiores causas de acidente nos coletivos.
E foi exatamente isso que a passageira, uma mulher, fez. Por sorte, houve tempo de o ônibus parar e abrir a porta sem que a mulher se ferisse. Após entrar e passar na roleta, a cidadã nada falou. Nem um pio.
Simplesmente tomou fôlego e foi esgueirando-se naquele ônibus cheio até chegar à parte da frente. Ao chegar próxima ao motorista, ah!, aí ela soltou o verbo.
– "Seu filho da $#%@, seu cor&%, seu %&@$#! Queria me matar seu desgraçado! Precisa aprender a trabalhar, seu @&#$@! - gritava a mulher, cansando os pulmões.
O problema é que a explosão de fúria da mulher parecia não ter fim. O tempo passava e ela, mesmo após o motorista ter-se desculpado e explicado do perigo do que ele fizera, e que ela sequer estava no ponto quando ele parara, continuava gritando, para desespero de Cristiano e dos passageiros, assustados e já irritados com aquele berreiro, que parecia fazer aumentar o calor daquele dia escaldante.
Cansado de ouvir, nosso Cristiano, sempre tranquilo, mas agora falando bem alto, no tom da senhora, fez uso da palavra:
– Senhora, estou trabalhando desde as oito da manhã, e o INIMIGO já enviou três pessoas, três pessoas para tirar a minha paz. Este veículo está lotado e eu preciso de atenção para conduzir essas vidas em segurança. A senhora é a quarta pessoa que o INIMIGO enviou?
Ao ouvirem tal coisa, alguns passageiros resolveram 'comprar o barulho' do sofrido Cristiano, Foi quando um deles começou a chamar:
– Inimiga! Inimiga! Cale a boca aí, sua capeta!
Diversos outros passageiros, fazendo coro, começaram a gritar, ritmadamente:
– Inimiga! Inimiga! Diaba! Inimiga!
A mulher, agora desnorteada, fechou a matraca e não sabia onde enfiar a cara. A única solução em que pensou foi descer do ônibus, no primeiro ponto que viu.
Enquanto descia, o coro dentro daquela viatura lotada continuava, numa mistura de raiva e gozação, parecendo uma torcida organizada:
– Vai embora, inimiga!
– Vai infernizar seu marido, megera!
– Vai a pé, diabo!
Pobre cidadã, sentiu na pele o que é ser uma inimiga pública…
Num belo dia de sol assanhado, conduzindo ônibus da linha 62 (Sta. Bárbara x Charitas), veículo lotado, nosso pacato Cris para a viatura na altura do bairro Vila Ipiranga, para o embarque e desembarque de passageiros. Isso antes de serem construídas a pista seletiva e as estações na Alameda São Boaventura.
Após observar que o último passageiro a embarcar já estava a bordo da nave, Cris apertou o botão que fechava a porta traseira e partiu com o veículo. Mas ao olhar novamente para o retrovisor da direita, percebeu um vulto pulando para dentro, no exato momento em que a porta se fechava. O cobrador imediatamente bateu a moeda na roleta, no código de "abrir a porta". O braço da pessoa ficara agarrado!
Se você é motorista, ou rodoviário de qualquer função, ou mesmo uma pessoa de bom senso, sabe que há um limite do campo de visão que o espelho retrovisor abarca. Assim, se uma pessoa está fora deste campo de visão, e ao ver a porta do ônibus aberta, corre em direção a mesma e pula sem maior aviso, é imensa a chance de acontecer de ela ser 'fechada' na porta. Essa é mesmo uma das maiores causas de acidente nos coletivos.
E foi exatamente isso que a passageira, uma mulher, fez. Por sorte, houve tempo de o ônibus parar e abrir a porta sem que a mulher se ferisse. Após entrar e passar na roleta, a cidadã nada falou. Nem um pio.
Simplesmente tomou fôlego e foi esgueirando-se naquele ônibus cheio até chegar à parte da frente. Ao chegar próxima ao motorista, ah!, aí ela soltou o verbo.
– "Seu filho da $#%@, seu cor&%, seu %&@$#! Queria me matar seu desgraçado! Precisa aprender a trabalhar, seu @&#$@! - gritava a mulher, cansando os pulmões.
O problema é que a explosão de fúria da mulher parecia não ter fim. O tempo passava e ela, mesmo após o motorista ter-se desculpado e explicado do perigo do que ele fizera, e que ela sequer estava no ponto quando ele parara, continuava gritando, para desespero de Cristiano e dos passageiros, assustados e já irritados com aquele berreiro, que parecia fazer aumentar o calor daquele dia escaldante.
Cansado de ouvir, nosso Cristiano, sempre tranquilo, mas agora falando bem alto, no tom da senhora, fez uso da palavra:
– Senhora, estou trabalhando desde as oito da manhã, e o INIMIGO já enviou três pessoas, três pessoas para tirar a minha paz. Este veículo está lotado e eu preciso de atenção para conduzir essas vidas em segurança. A senhora é a quarta pessoa que o INIMIGO enviou?
Ao ouvirem tal coisa, alguns passageiros resolveram 'comprar o barulho' do sofrido Cristiano, Foi quando um deles começou a chamar:
– Inimiga! Inimiga! Cale a boca aí, sua capeta!
Diversos outros passageiros, fazendo coro, começaram a gritar, ritmadamente:
– Inimiga! Inimiga! Diaba! Inimiga!
A mulher, agora desnorteada, fechou a matraca e não sabia onde enfiar a cara. A única solução em que pensou foi descer do ônibus, no primeiro ponto que viu.
Enquanto descia, o coro dentro daquela viatura lotada continuava, numa mistura de raiva e gozação, parecendo uma torcida organizada:
– Vai embora, inimiga!
– Vai infernizar seu marido, megera!
– Vai a pé, diabo!
Pobre cidadã, sentiu na pele o que é ser uma inimiga pública…
Fonte:
Ron Letta (Sammis Reachers). Rodorisos: histórias hilariantes do
Ron Letta (Sammis Reachers). Rodorisos: histórias hilariantes do
dia-a-dia dos Rodoviários.
São Gonçalo: Ed. do Autor, 2021.
Livro enviado pelo autor.
São Gonçalo: Ed. do Autor, 2021.
Livro enviado pelo autor.
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