Ele chegou aqui no início de 1960, rapaz ainda, com 28 anos. Veio conhecer a cidade a convite de um primo, Dr. Propício Caldas, um dos grandes pioneiros da medicina em Maringá. De pronto gostou, ficou. Até hoje não teve tempo de se aposentar.
O queridíssimo Dr. Mário Lins Peixoto, nosso primeiro cardiologista, nasceu em Rio Largo, nas Alagoas. Formado pela Universidade Federal de Pernambuco, fez residência médica no Hospital dos Servidores do estado no Rio de Janeiro e três anos de pós-graduação em cardiologia no Hospital Mount Sinai de New York, nos Estados Unidos.
Com esse belo currículo, em pouco tempo tornou-se um dos mais conceituados profissionais em sua especialidade, projetando-se não apenas em todo o Paraná, mas também em âmbito nacional. Basta lembrar três dos seus muitos títulos: membro titular da Academia de Medicina do Paraná; membro efetivo da Sociedade Brasileira de Cardiologia; diretor clínico da Cardioclínica Maringá e do Hospital Paraná.
Minha primeira conversa com o Dr. Mário Peixoto foi na primeira vez em que resolvi fazer um checape. Ele disse que já me conhecia de nome, costumava ler o que eu escrevia nos jornais, e revelou que, como eu, também gostava de ler e escrever. Após fazer aqueles exames todos, brincou comigo: “Poeta não dá trabalho para cardiologista. Pode ir tranquilo, porque você vai ter vida longa”. Eu tinha uns 30 anos na época, hoje tenho 88.
Depois convivi durante muito tempo com ele no Rotary e aproveitei sempre cada oportunidade para aprender bastante. Além de ler muito, Mário conhece o Brasil todo e boa parte do mundo. Fala de qualquer assunto com aquela autoridade de quem realmente sabe das coisas. Literatura, música, pintura, economia, política, história.
Mas o que mais admirei nele logo que o conheci foi o tamanho de sua generosidade. Lembro um momento comovente. Num certo dia fui fazer uma reportagem na Santa Casa e vi o Dr. Mário numa salinha recebendo umas pessoas bem pobres. Um dos religiosos que ali trabalhavam me contou: “Esse doutor tem lugar garantido no céu. Toda semana ele passa uma tarde inteira aqui atendendo carentes. E não cobra nada”. Já ouvi de vários colegas dele outras histórias parecidas com essa, referindo-se à bondade do Dr. Mário Peixoto.
Com muita razão a Câmara Municipal outorgou ao ilustre cardiologista o título de Cidadão Benemérito de Maringá, por iniciativa do seu colega D. Heine Macieira, então vereador. Mário é um dos personagens mais marcantes da história desta cidade, participante ativo de numerosas instituições sociais, ex-presidente do Rotary Clube e da Sociedade Médica de Maringá, ex-vice-presidente da Sociedade Paranaense de Cardiologia. Um homem fora de série.
Que bom que Deus me tem permitido o privilégio de privar de sua preciosa amizade e de sua linda família há mais de meio século. Um abração, Doutor. De todo o coração.
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 27-5-2021)
O queridíssimo Dr. Mário Lins Peixoto, nosso primeiro cardiologista, nasceu em Rio Largo, nas Alagoas. Formado pela Universidade Federal de Pernambuco, fez residência médica no Hospital dos Servidores do estado no Rio de Janeiro e três anos de pós-graduação em cardiologia no Hospital Mount Sinai de New York, nos Estados Unidos.
Com esse belo currículo, em pouco tempo tornou-se um dos mais conceituados profissionais em sua especialidade, projetando-se não apenas em todo o Paraná, mas também em âmbito nacional. Basta lembrar três dos seus muitos títulos: membro titular da Academia de Medicina do Paraná; membro efetivo da Sociedade Brasileira de Cardiologia; diretor clínico da Cardioclínica Maringá e do Hospital Paraná.
Minha primeira conversa com o Dr. Mário Peixoto foi na primeira vez em que resolvi fazer um checape. Ele disse que já me conhecia de nome, costumava ler o que eu escrevia nos jornais, e revelou que, como eu, também gostava de ler e escrever. Após fazer aqueles exames todos, brincou comigo: “Poeta não dá trabalho para cardiologista. Pode ir tranquilo, porque você vai ter vida longa”. Eu tinha uns 30 anos na época, hoje tenho 88.
Depois convivi durante muito tempo com ele no Rotary e aproveitei sempre cada oportunidade para aprender bastante. Além de ler muito, Mário conhece o Brasil todo e boa parte do mundo. Fala de qualquer assunto com aquela autoridade de quem realmente sabe das coisas. Literatura, música, pintura, economia, política, história.
Mas o que mais admirei nele logo que o conheci foi o tamanho de sua generosidade. Lembro um momento comovente. Num certo dia fui fazer uma reportagem na Santa Casa e vi o Dr. Mário numa salinha recebendo umas pessoas bem pobres. Um dos religiosos que ali trabalhavam me contou: “Esse doutor tem lugar garantido no céu. Toda semana ele passa uma tarde inteira aqui atendendo carentes. E não cobra nada”. Já ouvi de vários colegas dele outras histórias parecidas com essa, referindo-se à bondade do Dr. Mário Peixoto.
Com muita razão a Câmara Municipal outorgou ao ilustre cardiologista o título de Cidadão Benemérito de Maringá, por iniciativa do seu colega D. Heine Macieira, então vereador. Mário é um dos personagens mais marcantes da história desta cidade, participante ativo de numerosas instituições sociais, ex-presidente do Rotary Clube e da Sociedade Médica de Maringá, ex-vice-presidente da Sociedade Paranaense de Cardiologia. Um homem fora de série.
Que bom que Deus me tem permitido o privilégio de privar de sua preciosa amizade e de sua linda família há mais de meio século. Um abração, Doutor. De todo o coração.
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 27-5-2021)
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Texto enviado pelo autor.
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