Maffei, ambicioso pescador de uma das Ilhas de Lipari, no mar da Sicília, decide ir para Nápoles procurar riqueza e deixa a filha Rosalina com Ângela, uma espécie de ama. Volta anos depois, mas encontra a jovem filha apaixonada por Miguel Rizio, pobre, sem família que desse um enlace feliz a esse romance, decide levar Rosalina para Nápoles, pois lá ela arranjaria um marido, se não rico, mas que desse a ele (Maffei) um título de nobreza. Viaja pensando que matara Miguel em uma briga que tiveram, deixando ordem para que dessem fim ao corpo.
Miguel sobrevive e, anos mais tarde, consegue descobrir onde Rosalina mora, indo a seu encontro. Mas a Rosalina que existe é outra, transformada, cercada de luxos, com outros aprendizados e novas experiências.
Encontramos aí já os traços do naturalismo (excetuando-se o romantismo exagerado), quando o mundo social e hereditário influencia na formação do indivíduo.
O final do livro traz semelhanças shakesperianas, mas não surpreende. A pequena novela é ambientado na primeira metade do século XIX e é o primeiro romance de Aluísio Azevedo.
Aluísio Azevedo situa suas personagens - Miguel, Rosalina, Maffei e Ângela - em uma aldeia de pescadores nas ilhas Lipari, na Grécia, onde inicia a narrativa. Posteriormente, em Nápoles, Itália, além de mostrar as mudanças de caráter em Rosalina, antes ingênua e meiga, e em Maffei, de austero a ambicioso e amoral, põe a nu a hipocrisia daquele meio social, que define como uma sociedade flutuante, onde burgueses ricos e nobres falidos estabelecem relações promíscuas.
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Casa de Pensão
Casa de Pensão foi publicada em 1884 e é bem ao gosto naturalista, a exemplo de O cortiço, tanto que se fundamenta em um caso verídico (Questão Capistrano).
Tem como foco a trajetória de Amâncio, jovem provinciano do Maranhão, mandado pelo pai rico para a corte, onde poderia fazer um bom curso de medicina, à altura da capacidade do filho. Amâncio era um jovem com algum talento, mas estava mais interessado em “curtir” o Rio de Janeiro do que se esforçar para exercer a profissão de médico, afinal não precisava do diploma, dada a riqueza do pai. Morando em pensões de má qualidade, envolveu-se em situações não desejadas porque se julgava suficientemente esperto para viver levando vantagens e aproveitando-se de certas oportunidades.
Depois de um julgamento no qual fora acusado de sedutor, foi inocentado, mas acabou morto pelo irmão da mulher que seduzira.
Uma das últimas cenas da narrativa mostra a mãe de Amâncio chegando ao Rio para visitar o filho, assustada com o movimento da cidade. Acreditava que encontraria o filho cumprindo tudo o que a família e a província esperavam dele, até que viu uma foto estampada em uma vitrine de um estabelecimento comercial, que retratava o filho morto, com o dorso nu, deitado em uma mesa de necrotério.
O Naturalismo, presente na obra Casa de Pensão, é uma vertente literária dentro do Realismo. Suas características específicas são: o determinismo, sendo as personagens modificadas pelo ambiente em que vivem, pelo momento histórico e pela herança genética; a animalização e sexualização das personagens; e a inclinação ao pensamento socialista em detrimento do pensamento burguês.
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O Cortiço
O Cortiço foi publicado em 1890 e bem recebido pela crítica, fato que se deve à sintonia que o autor tinha com a doutrina naturalista muito prestigiada na Europa do século XIX. É composto por 23 capítulos que retratam a vida das pessoas em uma habitação coletiva – o cortiço, situada na cidade do Rio de Janeiro.
A obra é o marco do Naturalismo Brasileiro; relembrando que essa escola objetivava comprovar as teses científicas por meio de suas personagens, por isso essas obras eram chamadas de romances de tese. Mostra como o comportamento das personagens é influenciado pelo meio, pela raça e pelo momento histórico em que se insere, assim como a mistura de raças serve para a degradação humana. Portanto, a obra tece diversas críticas às diferenças sociais.
O Cortiço narra a busca do português João Romão pelo enriquecimento e para tal ele explora os empregados e é capaz de tudo para atingir seus objetivos. Romão é dono do cortiço, da taverna e da pedreira. Bertoleza, sua amante, o ajuda trabalhando sem descanso. Opondo-se a João Romão, está Miranda, um comerciante bem sucedido que disputa com o taverneiro um pedaço de terra para aumentar seu quintal, entretanto, não havendo acordo, há o rompimento provisório da relação entre eles.
João Romão motivado pela inveja que tem de Miranda que possui uma condição social superior passa a trabalhar de forma árdua e a privar-se de certas coisas para enriquecer mais que o outro português. Entretanto, quando Miranda recebe o título de Barão, João Romão entende que não basta ter dinheiro, é necessário também ter uma posição social reconhecida e ostentar certos luxos, como frequentar lugares requintados, teatros, usar roupas finas, ler romances etc, isto é, inserir na efetiva vida burguesa.
Quando Miranda recebe o título de Barão e passa a ter superioridade afirmada sobre seu rival, João Romão opta por várias mudanças no cortiço, que agora ostenta ares aristocráticos, perdendo as características de miséria e desorganização, passando a se chamar Vila João Romão.
Há, em paralelo, os moradores do cortiço que têm menor ambição, dentre eles, Rita Baiana e Capoeira Firmo, Jerônimo e Piedade. O romance busca mostrar a influência do meio sobre o homem, um exemplo bem claro disso é o português Jerônimo que tem uma vida exemplar, porém passa de trabalhador disciplinado para preguiçoso, displicente, para justificar afirma que “o calor dos trópicos tiravam-me as forças do corpo”.
Como estratégia de ascensão social João Romão pede a mão da filha de Miranda, porém, Bertoleza representa um empecilho já que percebe as manobras do dono do cortiço para livrar-se dela e exige usufruir dos bens que ajudou a acumular. Para se livrar da amante, Romão a denuncia como escrava fugida e em desespero Bertoleza comete suicídio, assim o caminho fica livre para o matrimônio de João Romão.
Em O Cortiço, o tempo é linear, com início, meio e fim. Embora não sejam mencionadas datas, apreende-se que a história se passa no Brasil do século XIX.
A obra explora dois espaços. O primeiro é o cortiço, um amontoado de casas desorganizadas, onde vivem os pobres. Representa a promiscuidade das classes baixas e a mistura de raças; funcionando como um organismo vivo (biológico). Junto a ele estão a pedreira e a taverna do João Romão.
O segundo espaço é o sobrado do Miranda, ao lado do cortiço, representando a burguesia ascendente do século XIX. Esses espaços fictícios lado a lado geram uma mistura de raças e são enquadrados no bairro de Botafogo, evidenciando a exuberante natureza do local como meio determinante.
Fontes:
Uma Lágrima de Mulher
Diário Literal
Visionvox. Sinopses.
Casa de Pensão
Wilson Teixeira Moutinho, in site Cola da Web. Resumos.
O Cortiço
Miriã Lira, in site Cola da Web. Resumos.
Uma Lágrima de Mulher
Diário Literal
Visionvox. Sinopses.
Casa de Pensão
Wilson Teixeira Moutinho, in site Cola da Web. Resumos.
O Cortiço
Miriã Lira, in site Cola da Web. Resumos.
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