quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Ialmar Pio Schneider (Versos Diversos) – 4 –

AFLIÇÃO

Cipreste verde-triste
que sonhas sem cessar,
a minha mágoa assiste
meu sono vem velar.

Em mim já não existe
a glória de lutar...
Estou de lança em riste
e tenho que esperar.

A força me abandona,
o pranto me condena,
estou prendido à zona

de um pantanal sem fim.
A vida que me acena
não tem pena de mim.
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CANTILENA

Hoje penso nos versos que escrevi
e aos poucos vou me convencendo, enfim,
que muitos deles viverão em ti
como lembranças eternais de mim !

Representando as mágoas que sofri,
os teus ouvidos, num rumor sem fim,
vão beijar, semelhando um colibri
que beija as lindas flores de um jardim...

E não esquecerás meu canto infindo,
onde estiveres, fada dos meus sonhos,
pois docemente irá se definindo

minha voz melancólica e serena,
com lamentos talvez até tristonhos,
porém inconfundível cantilena !
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NOSTALGIA

Certa noite disseste aos meus ouvidos
que gostavas dos versos que te fiz
e ouvindo teus encômios incontidos
nem sabes como me senti feliz !

E então ficamos algum tempo unidos,
fazendo-nos carícias pueris
pra sermos hoje dois desconhecidos
pensando que o destino assim o quis...

Eu guardo na memória, todavia,
todo teu ser, com tanta nostalgia,
tal um golpe daqueles que fatais

a gente sofre sempre por alguém.
Sei que outras poderão surgir, porém...
Por que, afinal, só tu não voltas mais!?
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SONETO DE SONHADOR

Já não me encontro só nem desgraçado
pois te levo total em meu olhar;
nem poderei viver sem teu agrado
enquanto não consiga te olvidar.

Quando às vezes passeio pelo prado,
a natureza em flor a contemplar,
parece que tu segues ao meu lado
e os dois formamos um ditoso par.

E prossigo sonhando à luz do dia,
que estás presente em todos os momentos,
na tarde calorosa ou noite fria,

e também de manhã andando a esmo;
porque vencendo obstáculos violentos
sinto que fazes parte de mim mesmo.
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UM SONETO ARDENTE

Beijar-te os lábios num delírio mudo,
prender-te toda nos meus fortes braços,
amar-te num amor sincero e rudo,
depois cantar-te nos meus versos lassos.

Cantar a sensação dos teus abraços
quando por ti das dores me desnudo,
fazer das ilusões mil estilhaços,
estar feliz atrás do flóreo escudo

que ostentas em tua alma virginal,
era trilhar a estrada da ventura
num sonho límpido e descomunal

e achar a fonte cristalina e pura
que torna o coração sempre jovial
e os nossos males mais profundos cura.

Fonte:
www.sonetos.com. Acesso em 15.01.2016. (site fora do ar)

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