O Folclore acreano é rico em lendas. E quem as descreve com autoridade é Francisco Peres de Lima, cujo livro tem esse nome.
A lenda mais conhecida do Acre é a do Mapinguari, herdada dos índios. Achavam eles que as pessoas, depois de certa idade, transformavam-se num monstro de aparência assustadora. Habitante das florestas, tal monstro era uma espécie de macaco peludo, com um só olho na testa, pele grossa como couro de jacaré, violento e de cheiro forte.
Suas vítimas, os incautos e desavisados. Ou mesmo caçadores que, acreditando ouvir alguém gritar, como se perdido na floresta, respondem a tais gritos e são em seguida atacados e mortos pelo próprio Mapinguari.
A Lenda da Alma de Bom Sucesso ou Lenda da Mulher Milagreira conta que uma determinada mulher, perdida num seringal, deu à luz a duas meninas, mas, sem socorros, morreram tanto a mãe como as duas crianças. O povo contrito, que chama essa mulher de Santa Raimunda, ergueu, no meio do seringal onde ela se perdera, a Capelinha Milagreira do Bom Sucesso, nome da cidade onde a santinha vivia. Essa capelinha é sempre muito visitada pelo povo devoto.
O mito do Gogó de Sola é bastante curioso. Aliás, é preciso esclarecer que ninguém sabe ao certo se é mesmo um mito, realidade ou lenda. O que circula é que o Gogó de Sola lembra um pequeno macaco que tem o pescoço revestido por uma espécie de couro duro. Sua mordida é muito forte e só larga a presa quando a cabeça é decepada. Aterroriza as redondezas porque ataca com fúria, como se estivesse enlouquecido. Embora pequeno, é muito ágil, o que dificulta as tentativas de atingí-lo com arma de fogo.
Outro mito é o Rasga-mortalha, ave de mau agouro, ou seja, a coruja, que prenuncia mortes por onde passa, a emitir o som de seda rasgada, o que lhe dá esse nome.
Outra lenda acreana é a do Cipó Hoasca, ou Ayahuasca, que se apoia nos troncos das árvores, enroscando-se nelas e alcançando grandes proporções, o que acontece, geralmente, às margens dos igarapés.
Uma vez adulto, este cipó emite ruídos misteriosos, lembrando um tambor. Ruídos incrementados por uma zoeira de vozes ininteligíveis. As pessoas atraídas por aquele som contam que, paradoxalmente, quando se situam nas proximidades da árvore que sustenta o estranho cipó, a tal zoeira não é ouvida.
O Cipó Hoasca dá lindas flores brancas e, "dele, é extraída uma beberagem chamada Daime, que é tratada convenientemente para que provoque certos efeitos desejados e, atualmente, é usada em movimentos de fundo religioso".
Fonte:
Enviado pela autora.
Carolina Ramos. Canta… Sabiá! (folclore). Santos/SP:
publicado pela Editora Mônica Petroni Mathias, 2021.
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