quarta-feira, 1 de março de 2023

Professor Garcia (Reflexões em Trovas) – 20


A cabecinha nevando,
pelo tempo, envelhecida...
E, a vovó segue cantando
os desencantos da vida!
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A infância é uma doce brisa,
passa logo e, de repente,
vem o outono e se eterniza
no chão da vida da gente.
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Ao ver mamãe de joelhos,
mãos postas, que olhar bonito!
Eu vi, quem crer nos conselhos
do silêncio do infinito!
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Aquele sim, tão ousado,
aos pés do altar do Senhor...
Redime qualquer pecado,
que há no pecado do amor!
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A saudade me insinua
e, eu volto à infância inocente...
Onde o chão de minha rua,
era de barro, e da gente!...
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De nossas velhas andanças,
eu guardo em meus alfarrábios,
cartas e antigas lembranças
que pude ouvir de teus lábios!
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Depois que a noite desperta
do sono longo e enfadonho...
A aurora é uma porta aberta
para a luz de um novo sonho!
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Deveria essa distância
que, em ferir, tanto se esmera,
devolver a nossa infância
e os sonhos da primavera!
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De volta ao chão, que me amava,
quanta dor, quanta lembrança!...
Pisar no chão que eu pisava
no meu tempo de criança!
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Em meio a tantos desejos,
sonhos e sonhos em vão,
uns vão comendo os sobejos
dos restos que outros lhes dão!
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Essa ambição, desmedida,
que a humanidade escraviza,
não se explica nesta vida
nem de explicação precisa!
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Fico triste, por quem chora;
porque num gesto profundo,
Deus pôs nos olhos da aurora
o riso da luz do mundo!
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Há tantos sonhos perdidos,
que à vitória nos conduz...
Enquanto há mastros erguidos
velando histórias sem luz!
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Lágrima, divina essência,
dos olhos de um ser humano,
que cai como providência
no instante de um desengano!
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Menina de loira trança,
essa luz, dos olhos teus...
São dois rubis de esperança
que brilham nos olhos meus!
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Mesmo no amor sem medida,
fui prudente no que fiz;
que a imprudência, nesta vida,
faz muita gente infeliz!
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O barco tão pequenino
que a correnteza levou,
levou partes do destino
dos sonhos de quem ficou!
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O humilde nunca responde.
ao ódio das ilusões,
do orgulhoso que se esconde
no altar das velhas mansões!
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O sino e o velho pastor,
toda tarde, de mãos dadas,
juntam seus hinos de amor
às preces das badaladas!
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Por teu amor que me guia,
tornei-me escravo e não nego;
nem penso nessa alforria
da cruz do amor que carrego!
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Quando a saudade me embala,
em silêncio e sem furor,
parece até que me fala
da ausência de um grande amor!
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Saudade - é um corpo sem vida,
não tem pé nem tem cabeça;
mas depois da despedida,
dela, não há quem se esqueça!
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Sem disfarce ou camuflagem.
o tempo em teu rosto enxuga,
algumas gotas da imagem
da dor, da primeira ruga!
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Se poeta, é quem acalanta,
as mágoas e o pranto alheio...
Do consolo de quem canta,
meu coração vive cheio!
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Vai com fé, que a vida é bela,
se crês filho, a paz te alcança;
que a fé brilha, e o brilho dela,
mantém acesa a esperança!

Fonte:
Enviado pelo trovador.
Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021.

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