segunda-feira, 12 de junho de 2023

Atílio Andrade (Poemas Avulsos)

CAMINHEIRO


Caminheiro! Abanca-te, descansa!
Depois , segue,
Teu doloroso caminho.

Olha a poeira ao longo da estrada!
É  fina... impura...
E tu vagueias por ela.

Respiras d'uma só  vez
Todo o ar da tua vida.
Agora para e sinta o deleite
Deste teu desconhecido.

E no acalanto  deste tugúrio,
Silencioso, procures  ouvir
O doce  murmúrio,
Das correntes que vozeiam:

- Não, não  vás  agora!
Primeiro encontre teu caminho,
Depois jornadeie tranquilo
Nas sendas da vida.
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MANHà DE SOL

A manhã  sorria, risonha e perfumada.
Na cascata da encosta
As águas límpidas e cristalinas...
Chicoteavam o silêncio.
As árvores balançavam, verdes e orvalhadas.
O vento enlaçava - as...
Soprando o perfume perfumado das manhãs...
Era manhã.  E por detrás da encosta
Vermelho... Vivo...
Crescia o sol.
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PORTAS

Todo dia se abrem portas.
Mas,
Portas se fecham todo dia.
Também.
Porque fechamos ou abrimos
Se nunca estiveram lá.
Nós,  é  que  colocamos
E,
Procuramos dificultar...
O acesso na avestruz "cidade"
Que povoa nossa mente
E partilhamos  o imponderável  
Que necessitamos, no controlar
Das portas de nossa vivência,
Escorada, apenas
na bengala de nosso fraquejar.
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QUEIMA

O fogo,
cor do inferno...
consumiu tudo
no inverno.

A chuva veio e,
tudo lavou e levou.
A cinza do enleio
ao pó retornou.

A sábia natureza
que nunca mente,
fez brotar a beleza
da mais profunda  "semente "

E o verde, cresceu novamente!
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VALE

Rompe  veloz  
e assassina....
A mancha da Vale
que mina.
E acima de tudo,
se foram,
os sonhos....
construidos.
Num estrondo
medonho....
A Vale que era doce
amarga o luto ,
que espelha o mundo
da vergonha repetida....
Ceifando vidas...
na lama...   
que envergonha,
a montanha,
que minera...
O homem altera,
explora...admira...
um dia a natureza,
carrancuda  e severa
a conta, espera.
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VALSA DA LUA

A lua fria e sozinha
Vagava
Valseando
No
Espaço
Vazio...
Tão  perto de nós
Tão  longe de tudo
Prateava os céus...
Brilhando sozinha
A virgem dos vates.
Por cima de tudo
Pairava
Zombando
Zombando de nós.
Incendiava olhares
Brincando nos céus...
Brilhante  prateava,
Do alto os amantes
Perplexos
Que a viam
Tão  branca
Nos céus.
E toda orgulhosa
A noiva do sol
Plácida,  serena,
Valseava nos céus.
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Atílio Andrade é  filho de Joaquim Andrade e Ema Gusso, nascido em 1949, em Tomazina/PR. Família de 12 irmãos. Em 1969, foi para Curitiba com o intuito de arrumar um trabalho e, ingressar em uma faculdade. Até então, com seus 19 anos era lavrador onde sonhava em meio aos cafezais, de Tomazina,  dias melhores. Trabalhou na Impressora Paranaense, Bamerindus, Petrobrás  Distribuidora e também foi professor  de português primeiro e segundo graus. Em 1999 aposentou-se  pela Petrobrás Distribuidora.

Em 1973 iniciou o curso de letras português na PUC,  licenciando-se em 1976. Em 1986 licenciou-se em Ciências  Contábeis.

Em 1977 publicou seu primeiro livro "Passarela", editado pelo jornal e editora Esquema Oeste de Guarapuava/PR. Participou de diversas coletâneas  e teve poemas publicados em alguns jornais, por esse Brasil afora.

Em 2015, com auxílio da filha Stely, participou dum processo seletivo da Fundação  Cultural de  Curitiba onde seus poemas foram aprovados e com o apoio financeiro da lei de inventivo  à cultura,  voltou a escrever e publicou "Passarela um novo olhar", onde a maioria dos poemas são do livro Passarela, agora, sob um novo olhar.

A chama de escrever voltou  mais forte e hoje tem  livros de poemas, contos ou crônicas  do dia a dia que pretende  em breve desengavetá - los.


Fonte:
Biografia enviada por Isabel Furini.
Poemas obtidos do livro Passarela Um novo olhar, enviados por Isabel Furini e alguns obtidos no facebook com o mesmo nome do livro.

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