Um dia fui criança. Fui. E se falo assim, no passado, apesar de um pequeno ainda habitar meu coração, é porque a infância passa e o que fica dela é a nostalgia do ter sido. Ou do não ter sido também.
Fui criança, não daquelas arteiras, levadas. Fui menino tranquilo, de não muitas peraltices, de trabalho pouco dando aos pais. Fui criança triste. Pelo menos, é o que diviso nas poucas fotos do guri que, por vezes, me olha de algum lugar do ontem.
Fui criança de imaginações. E se o fui, foi pelo pouco que a rua daquele bairro de periferia me ofertava. Eu queria algo mais. Um algo mais nutrido pelo tanto de leitura que invadia meus dias pouco diferenciados. Tudo muito igual, tudo sempre igual. Gibis, pulp fictions, fotonovelas e, depois, os livros foram me mostrando que a vida podia ser mais, bem mais. Foi me revelando que havia outros mundos possíveis, além da mesmice do meu, e que, se as condições minhas não permitiam vivenciá-los, as páginas dos livros possibilitavam que eu fosse árabe, africano, mulher, velho, cachorro, enfim o que quisesse ou pudesse. A fantasia e a imaginação me ensinando que o sonho é possível.
Fui criança de poucos amigos, fui criança de poucos dizeres, talvez mais assuntando a vida do que vivendo-a; talvez mais desejando o altero do que sendo-o.
Fui criança e, à realidade de parcos recursos, fui dando outros sentidos. Assim, um pedaço de pau podia ser o cavalo de Napoleão; uma caixa de fósforos vazia, a biga de Ben-Hur; um buraco cavado no meio do jardim, a toca do coelho que me conduziria ao País das Maravilhas.
Fui sendo.
Por isso, por vezes, me surpreende que muitas crianças hoje só consigam ser crianças rodeadas de uma parafernália tecnológica que pouco lhes oferece de fantasia. Somos mais crianças à medida que somos capazes de imaginar, de criar do nada o todo.
Fui criança e sei que a realidade é outra, que o mundo é outro, que ser criança é outra coisa para muitos. Sei de tudo isso, mas sigo crendo (talvez de forma sonhadora demais) que a criança (não, a criança não, o ser humano) necessita da fantasia para ser mais e mais humano.
Fui criança, não daquelas arteiras, levadas. Fui menino tranquilo, de não muitas peraltices, de trabalho pouco dando aos pais. Fui criança triste. Pelo menos, é o que diviso nas poucas fotos do guri que, por vezes, me olha de algum lugar do ontem.
Fui criança de imaginações. E se o fui, foi pelo pouco que a rua daquele bairro de periferia me ofertava. Eu queria algo mais. Um algo mais nutrido pelo tanto de leitura que invadia meus dias pouco diferenciados. Tudo muito igual, tudo sempre igual. Gibis, pulp fictions, fotonovelas e, depois, os livros foram me mostrando que a vida podia ser mais, bem mais. Foi me revelando que havia outros mundos possíveis, além da mesmice do meu, e que, se as condições minhas não permitiam vivenciá-los, as páginas dos livros possibilitavam que eu fosse árabe, africano, mulher, velho, cachorro, enfim o que quisesse ou pudesse. A fantasia e a imaginação me ensinando que o sonho é possível.
Fui criança de poucos amigos, fui criança de poucos dizeres, talvez mais assuntando a vida do que vivendo-a; talvez mais desejando o altero do que sendo-o.
Fui criança e, à realidade de parcos recursos, fui dando outros sentidos. Assim, um pedaço de pau podia ser o cavalo de Napoleão; uma caixa de fósforos vazia, a biga de Ben-Hur; um buraco cavado no meio do jardim, a toca do coelho que me conduziria ao País das Maravilhas.
Fui sendo.
Por isso, por vezes, me surpreende que muitas crianças hoje só consigam ser crianças rodeadas de uma parafernália tecnológica que pouco lhes oferece de fantasia. Somos mais crianças à medida que somos capazes de imaginar, de criar do nada o todo.
Fui criança e sei que a realidade é outra, que o mundo é outro, que ser criança é outra coisa para muitos. Sei de tudo isso, mas sigo crendo (talvez de forma sonhadora demais) que a criança (não, a criança não, o ser humano) necessita da fantasia para ser mais e mais humano.
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