Moisés estava morrendo. Lentamente. Coberto de chagas. No mundo inteiro mulheres choravam. Cenas de histeria e desespero. Jornais e televisões exploravam o infausto fim daquele homem tão glorioso.
No ápice de sua glória, Moisés inventou um dos mais fascinantes espetáculos de prazer. Era sua Roma, sua Sodoma. Mistura de motel e cassino. Cinco pavimentos, mais de cem quartos. Uma entrada, com bilheteria. Como nos cinemas e teatros. Galeria de arte, labirintos, saunas, piscinas. Proibida entrada de homens e travestis. Permanência de uma hora, no máximo. Preço do ingresso: dez dólares.
A fortuna de Moisés se fez em pouco mais de três anos, após a fase de modelo e manequim. Considerado um dos homens mais bonitos e atléticos do mundo, nunca se casou. Jamais esteve unido a qualquer mulher.
— Para não atrapalhar os negócios. — dizia.
E como teve início aquele império do sexo?
“Comparável a Hollywood”, afirmou uma revista.
— Meu primeiro passo foi um pequeno anúncio. Recebia em meu apartamento mulheres carentes de amor. Em troca de alguns dólares.
— Mas isso não era novidade nenhuma, Moisés.
— Eu era a novidade. Os outros se vendiam há muito tempo.
Logo depois o modelo alugou uma mansão, contratou meia dúzia de belos rapazes e inaugurou seu primeiro bordel.
— Não convidei o governador, o prefeito, deputados, empresários, homem nenhum.
— Essa gente gostaria de conhecer seus Apolos.
— Mas eu nunca gostei dessa gente.
A vaidade, ou outra ilusão, fez Moisés despedir seus pupilos. E ficou só. As clientes não gostaram da ideia. Muitas desapareceram. Fazia-se a seleção da clientela.
— Você também foi ator.
— Sim, de inúmeros filmes. E também diretor. Além disso, editei revistas. As primeiras onde homens posavam nus.
Apesar de toda a dedicação ao trabalho, Moisés viajava muito. Conheceu quase o mundo todo. Dinheiro e fama não lhe faltavam.
— Como surgiu a ideia do Palácio dos Prazeres?
— Tive um sonho. Eu não era um, porém muitos. Como se multiplicado por espelhos. Então arquitetei a casa de cem quartos. Eu poderia estar em todos eles e receber cem mulheres ao mesmo tempo. O verdadeiro harém.
Formavam-se filas diante do portão. Mulheres de todos os tipos. A maioria coberta de xales. Outras usavam óculos escuros. Porém todas dentro de carros de luxo.
Os quartos eram numerados, e muitas mulheres acreditavam serem determinados números propícios a elas. E esperavam horas e horas pela desocupação do quarto número tal. Porém alguns números vinham acompanhados de cores e nomes. Assim, havia o quarto vermelho, o quarto de Lucrécia Bórgia, o quarto azul da orgia divina, etc.
— E a coisa dos sorteios?
— Quem me encontrasse, recebia de volta o dinheiro do ingresso, com direito de participar do próximo sorteio.
— E quem o encontrasse no quarto tinha direito a que mais?
— A uma hora de prazeres de todos os tipos, sobretudo os sonhados pela cliente.
— E agora, morrendo, coberto de chagas, o que dizer da vida?
Moisés se pôs a chorar, feito menino ofendido.
No ápice de sua glória, Moisés inventou um dos mais fascinantes espetáculos de prazer. Era sua Roma, sua Sodoma. Mistura de motel e cassino. Cinco pavimentos, mais de cem quartos. Uma entrada, com bilheteria. Como nos cinemas e teatros. Galeria de arte, labirintos, saunas, piscinas. Proibida entrada de homens e travestis. Permanência de uma hora, no máximo. Preço do ingresso: dez dólares.
A fortuna de Moisés se fez em pouco mais de três anos, após a fase de modelo e manequim. Considerado um dos homens mais bonitos e atléticos do mundo, nunca se casou. Jamais esteve unido a qualquer mulher.
— Para não atrapalhar os negócios. — dizia.
E como teve início aquele império do sexo?
“Comparável a Hollywood”, afirmou uma revista.
— Meu primeiro passo foi um pequeno anúncio. Recebia em meu apartamento mulheres carentes de amor. Em troca de alguns dólares.
— Mas isso não era novidade nenhuma, Moisés.
— Eu era a novidade. Os outros se vendiam há muito tempo.
Logo depois o modelo alugou uma mansão, contratou meia dúzia de belos rapazes e inaugurou seu primeiro bordel.
— Não convidei o governador, o prefeito, deputados, empresários, homem nenhum.
— Essa gente gostaria de conhecer seus Apolos.
— Mas eu nunca gostei dessa gente.
A vaidade, ou outra ilusão, fez Moisés despedir seus pupilos. E ficou só. As clientes não gostaram da ideia. Muitas desapareceram. Fazia-se a seleção da clientela.
— Você também foi ator.
— Sim, de inúmeros filmes. E também diretor. Além disso, editei revistas. As primeiras onde homens posavam nus.
Apesar de toda a dedicação ao trabalho, Moisés viajava muito. Conheceu quase o mundo todo. Dinheiro e fama não lhe faltavam.
— Como surgiu a ideia do Palácio dos Prazeres?
— Tive um sonho. Eu não era um, porém muitos. Como se multiplicado por espelhos. Então arquitetei a casa de cem quartos. Eu poderia estar em todos eles e receber cem mulheres ao mesmo tempo. O verdadeiro harém.
Formavam-se filas diante do portão. Mulheres de todos os tipos. A maioria coberta de xales. Outras usavam óculos escuros. Porém todas dentro de carros de luxo.
Os quartos eram numerados, e muitas mulheres acreditavam serem determinados números propícios a elas. E esperavam horas e horas pela desocupação do quarto número tal. Porém alguns números vinham acompanhados de cores e nomes. Assim, havia o quarto vermelho, o quarto de Lucrécia Bórgia, o quarto azul da orgia divina, etc.
— E a coisa dos sorteios?
— Quem me encontrasse, recebia de volta o dinheiro do ingresso, com direito de participar do próximo sorteio.
— E quem o encontrasse no quarto tinha direito a que mais?
— A uma hora de prazeres de todos os tipos, sobretudo os sonhados pela cliente.
— E agora, morrendo, coberto de chagas, o que dizer da vida?
Moisés se pôs a chorar, feito menino ofendido.
Fonte:
Enviado pelo autor.
Nilto Maciel. Pescoço de Girafa na Poeira. Brasília/DF: Secretaria de Cultura do Distrito Federal/Bárbara Bela Editora Gráfica, 1999.
Enviado pelo autor.
Nilto Maciel. Pescoço de Girafa na Poeira. Brasília/DF: Secretaria de Cultura do Distrito Federal/Bárbara Bela Editora Gráfica, 1999.
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