A CAMINHADA
Recordo, com prazer, a caminhada
e amigos que ganhei estrada afora.
Quantas vezes fiquei na encruzilhada
tentando achar a luz da nova aurora.
Passei manhãs ao som da passarada,
cavando a terra e pondo sem demora
a semente na terra abençoada,
enquanto a enxada tine a voz sonora.
Depois, parti. Tornei-me um peregrino
e a saudade marcou o meu destino
deixando-me profunda cicatriz...
Hoje, não deixo mágoas nem gemidos,
apenas flores — versos coloridos,
e a sensação de ser muito feliz!
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CÂNTICO DA ESPERANÇA
Depois de palmilhar estrada afora,
a vida, sutilmente, me ensinou
que em cada dia nasce nova aurora
e me diz que a Esperança não findou.
Na vida, muitos sonhos vão embora,
outros chegam... Nem tudo terminou,
A Luz há de brilhar a qualquer hora,
que um futuro melhor já começou.
— Ó vós que andais sozinhos pelo mundo
achando que o passado é charco imundo,
praticai sempre o bem seja a quem for…
Porque no coração — templo sagrado,
o sonho há de voltar — iluminado -
trazendo sempre uma lição de Amor!
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MORTE DA ÁRVORE
(Lendo o soneto “Árvore Morta”do Padre Saturnino de Freitas)
Arvore triste, que ontem foi bonita,
não tens mais ramos, frutos e nem flores,
dos pássaros não és mais favorita
e não abrigas mais tantos amores.
Neste teu tronco já ninguém habita,
sequer amantes loucos, sonhadores,
que outrora segredavam na Mesquita
de suas folhas vivas, multicores...
Quantas vezes ouviste namorados
em carinhos e beijos, descuidados,
como se o tempo não fosse passar.
Hoje, teus galhos secos, ressequidos,
são lembranças de sonhos esquecidos,
que nunca mais, na vida, vão voltar!
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O AMOR
Como a planta que nasce no quintal,
se bem cuidada cresce e fica linda.
Também o amor que nasce natural
pode crescer, viver, florir, ainda.
É preciso, porém, que o amor normal
seja cuidado com ternura infinda.
O verdadeiro amor não tem rival,
a beleza do corpo é que se finda.
Quando o amor se revela por inteiro,
o carinho renasce e vem primeiro
ornando a vida e sobrepondo a dor.
E juntos seguem pela vida afora
vivendo intensamente a nova aurora,
iluminados pela luz do amor!
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RESSURREIÇÃO
Já não lamento o fim daquele sonho
que o tempo, impiedoso, me levou.
— Venturas e alegrias — pressuponho
tombaram pelo chão — nada sobrou.
Por que sofrer, chorar, viver tristonho?
Se o vendaval que assusta já passou?
Reconstruir é tudo o que me imponho
e gritar para o mundo; aqui estou.
Tal como a fênix, ressurgir da morte
e as cinzas sacudir buscando a sorte,
embora os olhos marejados d'água.
Meus versos jorrarão como uma fonte
fervilhando de amor vencendo a ponte,
mesmo cobertos de saudade e mágoa!
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Fonte:
Enviado pelo autor.
Filemon Francisco Martins. Anseios do coração. São Paulo: Scortecci, 2011.
Enviado pelo autor.
Filemon Francisco Martins. Anseios do coração. São Paulo: Scortecci, 2011.
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