Geraldo Henrique amava de paixão Teresa Helena. Teresa Helena amava de paixão Geraldo Henrique. Havia entre os dois, porém, um porém que atrapalhava: Teresa era rica à beça, Geraldo era um bom moço, todavia modestinho.
Deu então que o pai de Teresa, a mãe de Teresa, os irmãos de Teresa, todos em coro insistiam que aquilo não poda dar certo; era um desatino. Mocinha dengada, acostumada a ter tudo do bom e do melhor, como se sentiria se de repente tivesse que mudar de vida?
Fez-se na casa dela uma reunião de família para discutir a questão em pauta. Ficou decidido que o pai de Teresa daria um jeito de, sem humilhar o despretensioso pretendente, convidá-lo para uma conversa amistosa. Na hora agendada, entrou o rapaz meio assustado, mas de cabeça erguida, no escritório do possível futuro sogro.
Homem prático, o pai de Teresa foi direto ao tema: “Sei que minha filha e você têm projetos sérios. Se essa é a vontade dela, respeito e acato. Gostaria apenas de saber até que ponto você se sente em condição de manter uma família etc. etc.”. Geraldo Henrique não perdeu a dignidade: “Conforto igual sua filha tem na sua casa estou longe de prometer, mas o senhor pode ter certeza de que ela será sempre tratada com o maior carinho”.
– Você tem um emprego?
– Tenho, sim senhor. Trabalho num escritório de contabilidade.
O pai de Teresa, hábil negociador, viu logo que a solução estava ali.
– Ótimo. Além de ganhar um genro, vou ganhar um bom companheiro de trabalho. Estou exatamente precisando de um contabilista de máxima confiança para assumir a chefia das minhas contas. Garanto que o salário será bastante atrativo. Aceita?
Geraldo Henrique não conseguia crer no que estava ouvindo. O pai de Teresa cutucou:
– Aceita ou não aceita? Se aceita, volte aqui amanhã cedo com os seus documentos e minha secretária providenciará o que for necessário.
Foi tudo assim mesmo, a galope. Uma semana depois, o recatado candidato a genro estava ali convocando a primeira reunião com o pessoal da contabilidade para discutir a nova política da casa e demais detalhes.
O pai de Teresa não era bobo não. Em silêncio, já havia algum tempo vinha estudando o jeitão do mancebo. Tinha o principal para dar certo: honesto, leal, seguro de si. E mais: pelo que ficou sabendo mediante pesquisa, tratava-se de excelente profissional.
Três meses após, o primeiro grande resultado: com o novo sistema adotado na administração, Geraldo Henrique descobriu uma série de furos nas contas da empresa e pôs tudo a limpo, de modo que no final do ano o lucro foi superanimador. De pronto Geraldo foi promovido a sócio.
Teresa Helena, a moça dengada que antes estava pronta para se casar com um moço modestinho, acabou tendo um casamento chique, lua de mel num navio, e mora hoje numa casa grande, bonita, rodeada de jardins.
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Deu então que o pai de Teresa, a mãe de Teresa, os irmãos de Teresa, todos em coro insistiam que aquilo não poda dar certo; era um desatino. Mocinha dengada, acostumada a ter tudo do bom e do melhor, como se sentiria se de repente tivesse que mudar de vida?
Fez-se na casa dela uma reunião de família para discutir a questão em pauta. Ficou decidido que o pai de Teresa daria um jeito de, sem humilhar o despretensioso pretendente, convidá-lo para uma conversa amistosa. Na hora agendada, entrou o rapaz meio assustado, mas de cabeça erguida, no escritório do possível futuro sogro.
Homem prático, o pai de Teresa foi direto ao tema: “Sei que minha filha e você têm projetos sérios. Se essa é a vontade dela, respeito e acato. Gostaria apenas de saber até que ponto você se sente em condição de manter uma família etc. etc.”. Geraldo Henrique não perdeu a dignidade: “Conforto igual sua filha tem na sua casa estou longe de prometer, mas o senhor pode ter certeza de que ela será sempre tratada com o maior carinho”.
– Você tem um emprego?
– Tenho, sim senhor. Trabalho num escritório de contabilidade.
O pai de Teresa, hábil negociador, viu logo que a solução estava ali.
– Ótimo. Além de ganhar um genro, vou ganhar um bom companheiro de trabalho. Estou exatamente precisando de um contabilista de máxima confiança para assumir a chefia das minhas contas. Garanto que o salário será bastante atrativo. Aceita?
Geraldo Henrique não conseguia crer no que estava ouvindo. O pai de Teresa cutucou:
– Aceita ou não aceita? Se aceita, volte aqui amanhã cedo com os seus documentos e minha secretária providenciará o que for necessário.
Foi tudo assim mesmo, a galope. Uma semana depois, o recatado candidato a genro estava ali convocando a primeira reunião com o pessoal da contabilidade para discutir a nova política da casa e demais detalhes.
O pai de Teresa não era bobo não. Em silêncio, já havia algum tempo vinha estudando o jeitão do mancebo. Tinha o principal para dar certo: honesto, leal, seguro de si. E mais: pelo que ficou sabendo mediante pesquisa, tratava-se de excelente profissional.
Três meses após, o primeiro grande resultado: com o novo sistema adotado na administração, Geraldo Henrique descobriu uma série de furos nas contas da empresa e pôs tudo a limpo, de modo que no final do ano o lucro foi superanimador. De pronto Geraldo foi promovido a sócio.
Teresa Helena, a moça dengada que antes estava pronta para se casar com um moço modestinho, acabou tendo um casamento chique, lua de mel num navio, e mora hoje numa casa grande, bonita, rodeada de jardins.
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(Crônica publicada no Jornal do Povo, Maringá/PR, 16.3.2023)
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