sábado, 3 de junho de 2023

George Abrão (Tempo)

Com o passar do tempo nossas emoções afloram: avivam-se as lembranças, aumentam as saudades, vem a nostalgia.

E tudo isso nos leva a reviver o passado: os bons momentos vivenciados, as pessoas conhecidas, os lugares que visitamos.

Hoje, remexendo no meu baú de relíquias, que guardo no mais recôndito da minha memória, encontrei preciosidades que nele guardei durante a minha vida:

– Um joguinho de madeira composto de pequenos retângulos pintados com os quais se formava casinhas;

– Um trenzinho de plástico pintado de dourado no qual se dava corda e ele corria em círculos soltando fagulhas provocadas por uma pedra usada em antigos isqueiros;

– Um pião de lata colorido em listras, propulsionado por uma haste, que girava e tocava música

– Um caleidoscópio manufaturado com réguas de vidro montadas em forma de triângulo, cobertas com papel e tendo no seu interior pedrinhas coloridas, pétalas de flores e miçangas para que se formassem os desenhos.

– Um pião de madeira com sua fieira, com o qual brincava com os amigos na rua

– Um papagaio confeccionado com varetas de bambu e papel de seda e que empinava no mês de agosto, quando ventava;

– Um cavalinho de pau feito com cabo de vassoura;

– Um carrinho de lata cheia de areia que eu puxava com um barbante;

– Um estilingue para caçar pássaros (ou espantá-los na maioria das vezes);

– A minha primeira cartilha: “Cartilha do Bitu”;

– Minha primeira caneta composta de uma haste de madeira e pena removível de metal que eu molhava no tinteiro, escrevia e secava com o mata-borrão;

– A primeira revista (gibi) que li: “Sesinho”;

– Minha coleção de tampinhas de garrafa;

– Minhas bolinhas de gude multicoloridas (tinha algumas maiores que chamávamos de “carretão”);

– As figurinhas de balas Zequinha com as quais se jogava “bafo”;

– Meus saquinhos (que minha avó costurava e enchia de arroz) para jogar “três-marias”;

Encontrei também as brincadeiras de rua: esconde-esconde, polícia e ladrão, balança caixão, mãe com pique, passa-passa e tantas outras.

E revi meus familiares: bisavós, avós, pais, irmãos, tios, primos;

E meus primeiros amigos, com os quais brincava na rua empoeirada;

E minha primeira sala de aula no Grupo Escolar Isabel Branco, onde a minha querida professora Edi de Almeida Faria pacientemente ensinou-me o bê a bá;

E no recreio, vi-me sentado no cantinho da escada, local onde sempre comia a minha merenda;

E depois, da correria com os colegas de classe e da brincadeira de esconde-esconde;

E revi meus bons vizinhos, pois éramos como que uma só família;

E as excursões ao Chafariz, que sempre me pareceu um local mágico;

Os banhos de rio;

A procura de frutas nos campos do cerrado;

A matinê no cinema, onde na hora do “perigo do meio” dos seriados batíamos os pés;

As festas de aniversário dos amigos e primos nas quais nos esbaldávamos de comer brigadeiro e beber guaraná;

As festas juninas onde sempre havia pinhão e fogueira...

E tantas outras coisas boas da minha infância, que a emoção me tomou e fechei o meu baú.

Fonte:
Enviado pelo autor.
George Roberto Washington Abrão. Momentos – (Crônicas e Poemas de um gordo). Maringá/PR, 2017.

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