O Passo do Inferno
Este relato nos faz voltar em meados do ano de 1890, entre as localidades do Iratim e Marco Quatro, hoje denominada Estrada Velha. Naquela época essa região era o corredor de passagem dos tropeiros. Neste local havia um riacho pequeno, chamado na época de Passo por possibilitar a travessia dos animais.
O local, porém, transformava-se num grande atoleiro durante a passagem das tropas. Como consequência, os tropeiros sofriam um enorme desgaste físico na tentativa de salvar os animais, que acabavam encalhando. Muitas vezes, os tropeiros não tinham sucesso na travessia de todos os animais, por este motivo deram o nome ao local de Passo do Inferno.
Conta-se que um fazendeiro, neste mesmo ano, ao retornar de São Paulo, após efetuar a venda da sua boiada, trazia sobre o lombo dos animais uma considerável quantia de moedas de ouro e prata, avolumadas em bruacas. Nas proximidades do Passo do Inferno teve a impressão de estar sendo seguido por homens estranhos. Com medo de um assalto, resolveu pernoitar nos arredores. Antes, no entanto, enterrou o tesouro no mato. Ele, como temia, foi assaltado. Por não portar nenhum valor em moedas foi morto pelos malfeitores.
Após esse acontecimento, cidadãos que por ali passavam avistavam vultos estranhos. Muitos tentaram encontrar o dinheiro enterrado pelo fazendeiro, porém nunca se ouviu falar que alguém tenha encontrado alguma coisa. Mas, as bruacas com as moedas de ouro e prata continuam enterradas lá. No Passo do Inferno.
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PALMEIRA
Surgimento de Palmeira
Conta uma lenda indígena, que certa vez um forte e destemido índio do planalto, filho do cacique, pediu ao pai para conhecer o mar. Ao conhecer os carijós, no litoral, apaixonou-se por uma indiazinha, estes estavam para casar. Quando retornou para pedir a bênção do pai, este não concordou com a união e invocou o espírito do mal, a fim de petrificá-los.
Os carijós, tristes pela perda de sua irmã, recorrem a Tupã, mas este, não podendo tirar esse encantamento, apenas atenuou o mal, transformando-os em duas bonitas e simbólicas árvores. Ao belo índio deu a forma do pinheiro e à indiazinha, uma esbelta e graciosa palmeira. E quando o vento sopra, leva os suspiros do elegante pinheiro à sua bem amada e os dela ao seu amor.
Correram os anos. Um dia, por vontade de Tupã, um velho fazendeiro vai até o litoral e leva sementes da bela palmeira, mais alguns anos e a fazenda Palmeira se tornou a mais linda dos Campos Gerais. Fiel à tradição, doou o velho fazendeiro, no rincão dos buracos, meia légua de campos à Nossa Senhora da Conceição. Surgiu, então, a primeira capela. Envolto em brumas, fica, porém, um fio de verdade dessa lenda selvagem das araucárias: o elo da amizade que ora une Paranaguá a Palmeira.
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A lenda do Véu da noiva
Uma moça, filha de um fazendeiro que morava perto de um rio, onde havia uma linda cachoeira, gostava de um dos seus empregados e dizia que queria casar com ele. Usaria no seu casamento um véu bem comprido e largo. Seu pai, que era um homem ambicioso, a deu em casamento para um homem rico e desconhecido, que ela não conhecia.
Ela, vendo que a data se aproximava e não conseguia de jeito nenhum terminar aquele noivado indesejável, foi à cachoeira, escorregou lentamente no lugar mais perigoso das pedras. Os seus longos cabelos, levados pelas águas, se abriram enroscando-se nas raízes e pedras e ela morreu. Quando acharam o corpo, chamaram aquele lugar de Véu da Noiva.
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TAPEJARA
Lenda da Cidade
No norte do Paraná habitava uma tribo. Ubirajara era o cacique. Um certo dia, Ubirajara pescava nas margens do rio e viu um branco navegando. Chamou a sua tribo e o prenderam. Na tribo havia uma índia bonita que se chamava Tapejara, era noiva do cacique, mas não era de sua vontade.
Com o passar dos dias, ela começou a gostar do prisioneiro, ele também correspondia ao seu amor. O cacique descobriu e mandou-a para fora da tribo e matou o prisioneiro. Mas apesar de tudo, ele amava a índia. Colocou-a em uma linda floresta, lá havia lindos frutos dos quais ela se alimentava e havia uma fonte onde ela bebia água. Ao correr dos anos, começaram a chegar os pioneiros e se o cacique não desse permissão para os brancos entrarem nas terras, haveria luta. Mas logo a índia entrou em contato com sua tribo, pois ela sabia que o cacique ainda a amava. Então logo propôs para o cacique:
– Eu caso com você, e você deixa os brancos habitarem essa terra.
Assim, o cacique aceitou. Os brancos começaram a derrubar a floresta e formar uma cidade. Quando foram derrubar a floresta em que Tapejara tinha morado vários anos, os índios pediram para não derrubá-la, pois os brancos deviam um favor a ela e atenderam o pedido.
Chegou a hora de colocar o nome na cidade, puseram-lhe o nome de Tapejara, em homenagem à índia. Passaram-se anos e atualmente é a Tapejara que nós conhecemos. A floresta que a índia pediu para não ser derrubada é atualmente o bosque da cidade, onde nasce uma fonte cristalina, que hoje abastece a cidade.
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RIO BRANCO DO IVAÍ
Lenda do Rio Ivaí
Uma linda índia, aparecida aos canoeiros que subiam e desciam o rio, levava-os aos lugares com mais pedras e dizia a eles: vai por aí. E os canoeiros iam por lugares que a índia indicava e ficavam envolvidos nas pedras sem poder sair.
Os canoeiros, amedrontados, iam contar o ocorrido e juntavam as palavras para pronunciar, dizendo Ivaí, que significa: índia-vai-aí; por todo o percurso do rio. Ficando Ivaí, no início da colonização.
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CRUZEIRO DO IGUAÇU
Lenda do Miserável
A ocupação efetiva da região do sudoeste, que fez parte do Território do Iguaçu, e está dentro da faixa de fronteira, começou com os primeiros posseiros na década de 1930. Em 1936, chega à região do sudoeste a família de Atanásio da Cruz Pires, proveniente do sul, fixando residência às margens dos rios Iguaçu e Chopim, hoje Foz do Chopim, município de Cruzeiro do Iguaçu.
Para o sustento da família, Atanásio utilizava-se do que a natureza oferecia em abundância, numa região coberta de mata nativa: a caça e a pesca. O couro dos animais era comercializado e a carne que não era consumida, jogada fora. Com isso, Atanásio ia conhecendo o território e a ele atribuindo suas nomeações históricas, hoje lendárias.
Numa época de muita chuva, Atanásio, acompanhado por seus filhos, seguia pela costa do rio Chopim, até a barra do Divisor, atual Rio Cruzeiro. Naquele local permaneceram por vários dias acampados sem pegar caça e pesca alguma. A chuva era torrencial e constante. Acabando o estoque de alimento e a fome aumentando, Atanásio acabou matando uma das suas cachorras de caça para se alimentar.
Nessa passagem, o velho disse aos seus filhos:
– Esse local é tão miserável que nem caça e pesca dá! A partir de hoje, matamos somente a caça que podemos comer”
Seu Atanásio considerou esse episódio um castigo, pois num dado momento haviam matado doze antas e jogado a carne ao rio. Em razão desses acontecimentos o local passou a dominar-se rio Miserável; mais tarde, deu a origem ao “Povoado Miserável”, hoje Cruzeiro do Iguaçu.
Fonte:
Renato Augusto Carneiro Jr (coordenador). Lendas e Contos Populares do Paraná.
Curitiba : Secretaria de Estado da Cultura , 2005.
Renato Augusto Carneiro Jr (coordenador). Lendas e Contos Populares do Paraná.
Curitiba : Secretaria de Estado da Cultura , 2005.
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