Virou atração turística em Maringá o novo edifício-sede da Sicredi, o mais moderno da cidade. Mas o que mais tem chamado a atenção é o novo nome da poderosa cooperativa de crédito – Sicredi Dexis. Muita gente tem perguntado o que é afinal “dexis”?
É uma palavrinha fisicamente modesta, porém muito rica em seu conteúdo. O presidente da instituição, Wellington Ferreira, segundo li no Google, já esclareceu que o nome “Dexis” (de origem grega), foi escolhido pelo seu bonito significado – “aperto de mãos”. Escolha perfeita, visto que aperto de mãos lembra amizade, comunhão, colaboração, enfim “cooperativismo”.
Pronto. A crônica poderia terminar aí. Porém um dos meus brinquedos favoritos é escarafunchar a história das palavras. Então fui lá no velho indo-europeu em busca de algum tataraparente de “dexis”. Achei “deks”, com o significado de “lado direito”, mais especificamente “mão direita”. Em seguida, acompanhando a evolução da palavra, cheguei a “dexios” no grego, “dexter” no latim e finalmente “destro” em português”. É por isso que quando alguém tem igual habilidade nas duas mãos é chamado de “ambidestro”. E como as pessoas se cumprimentam estendendo a “destra”, ou seja, “a mão direita”, entende-se a expressão “aperto de mãos” como o ato de apertar a mão direita de alguém.
Trata-se, conforme se lê nos alfarrábios, de um costume bastante antigo, frequente em numerosas culturas desde bem antes de Cristo. Assim, falar em “mãos dadas” ou “aperto de mãos” é o mesmo que falar de paz, solidariedade, fraternidade, companheirismo, cooperação.
No âmbito da economia, em seus três segmentos básicos (produção, industrialização, comercialização), o cooperativismo tem sido um extraordinário sucesso. Basta citar dois exemplos íntimos nossos – a Cocamar e a Coamo*. A propósito, lembro-me de quando José Cassiano iniciou aqui a conscientização dos produtores rurais sobre a importância da união de forças. No princípio foi meio difícil, todavia Cassiano e outros líderes insistiram e rapidamente a ideia prosperou. Hoje o trabalho cooperativo é a principal alavanca do desenvolvimento regional.
Ora, se “dar as mãos” tem sido uma experiência tão animadora na economia, certamente trará iguais benefícios em todas as demais ações humanas. Vamos então dar as mãos e seguir em frente, organizando uma sociedade mais unida, mais solidária, mais irmanizada; uma sociedade mais inteligente, capaz de entender que a cooperação (ato de co-operar = trabalhar juntos) torna o labor mais fértil e bem mais leve para todos.
O ser humano começou a complicar as coisas lá no início da história, quando permitiu que o egoísmo passasse a presidir os seus projetos. Deu tudo errado, e o resultado foi esse brigueiro louco em que até hoje se envolve a humanidade. Parece, porém, haver chegado a hora de repensar seriamente o nosso modo de existir – o momento enfim de aprender a dar as mãos.
Quem sabe assim a gente algum dia possa viver em permanente estado de “dexis”?
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(Crônica publicada na edição do Jornal do Povo, de 21 setembro 2023)
É uma palavrinha fisicamente modesta, porém muito rica em seu conteúdo. O presidente da instituição, Wellington Ferreira, segundo li no Google, já esclareceu que o nome “Dexis” (de origem grega), foi escolhido pelo seu bonito significado – “aperto de mãos”. Escolha perfeita, visto que aperto de mãos lembra amizade, comunhão, colaboração, enfim “cooperativismo”.
Pronto. A crônica poderia terminar aí. Porém um dos meus brinquedos favoritos é escarafunchar a história das palavras. Então fui lá no velho indo-europeu em busca de algum tataraparente de “dexis”. Achei “deks”, com o significado de “lado direito”, mais especificamente “mão direita”. Em seguida, acompanhando a evolução da palavra, cheguei a “dexios” no grego, “dexter” no latim e finalmente “destro” em português”. É por isso que quando alguém tem igual habilidade nas duas mãos é chamado de “ambidestro”. E como as pessoas se cumprimentam estendendo a “destra”, ou seja, “a mão direita”, entende-se a expressão “aperto de mãos” como o ato de apertar a mão direita de alguém.
Trata-se, conforme se lê nos alfarrábios, de um costume bastante antigo, frequente em numerosas culturas desde bem antes de Cristo. Assim, falar em “mãos dadas” ou “aperto de mãos” é o mesmo que falar de paz, solidariedade, fraternidade, companheirismo, cooperação.
No âmbito da economia, em seus três segmentos básicos (produção, industrialização, comercialização), o cooperativismo tem sido um extraordinário sucesso. Basta citar dois exemplos íntimos nossos – a Cocamar e a Coamo*. A propósito, lembro-me de quando José Cassiano iniciou aqui a conscientização dos produtores rurais sobre a importância da união de forças. No princípio foi meio difícil, todavia Cassiano e outros líderes insistiram e rapidamente a ideia prosperou. Hoje o trabalho cooperativo é a principal alavanca do desenvolvimento regional.
Ora, se “dar as mãos” tem sido uma experiência tão animadora na economia, certamente trará iguais benefícios em todas as demais ações humanas. Vamos então dar as mãos e seguir em frente, organizando uma sociedade mais unida, mais solidária, mais irmanizada; uma sociedade mais inteligente, capaz de entender que a cooperação (ato de co-operar = trabalhar juntos) torna o labor mais fértil e bem mais leve para todos.
O ser humano começou a complicar as coisas lá no início da história, quando permitiu que o egoísmo passasse a presidir os seus projetos. Deu tudo errado, e o resultado foi esse brigueiro louco em que até hoje se envolve a humanidade. Parece, porém, haver chegado a hora de repensar seriamente o nosso modo de existir – o momento enfim de aprender a dar as mãos.
Quem sabe assim a gente algum dia possa viver em permanente estado de “dexis”?
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(Crônica publicada na edição do Jornal do Povo, de 21 setembro 2023)
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* ambas são Cooperativas Agrícolas, sendo Coamo, de Campo Mourão/PR e Cocamar, de Maringá/PR.
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