domingo, 24 de setembro de 2023

Dicas de Escrita (Como escrever histórias) – 3

O TEMPO É DE OURO


Agora que você sabe do que está falando, é hora de fazer uma pergunta muito importante, mais cruel: por que você acha que sua história é interessante para outras pessoas? Que tem de especial? Não há nada pior para um contador de histórias que, tendo terminado a sua narração, o destinatário olha para ele imperturbável e pergunta "E?" Concordo que existe gente insensível, mas o que não pode existir é contador de histórias insensível ou desonesto.

Por exemplo, se você for contar um dia na vida de uma mulher de classe média na sociedade vitoriana você terá que, pelo menos, tentar fazer melhor do que a Virgínia Woolf neste poderia ser o resumo de uma linha do romance Sra. Dalloway (Virginia Woolf, 1930)

Com isso não quero dizer que você não escreva mais e se dedique a contemplação dos Grandes Clássicos Universais, como alguns apontam fundamentalistas, mas a sua história tem que ter originalidade suficiente para que alguém queira ouvir.

Continuando com Virginia Woolf e sua Sra. Dalloway de 1930 (adaptado para filme por Eileen Atkins, roteiro, e Marleen Gorris, direção, em 1997), você conhece “As Horas”?  É originalmente um romance (Michael Cunningham, 1998) que foi adaptado para o cinema com roteiro de David Hare e direção de Stephen Daldry em 2002. Você se lembra do que dizia? Caso você não tenha visto ou não se lembre claramente, conta como "Uma manhã de 1923, num subúrbio de Londres, Virginia Woolf acorda com a ideia de que se tornará The Lady Dalloway. Nos anos noventa, em Nova Iorque, Clarissa Vaughan compra flores para uma festa em homenagem a Richard, um ex-amigo que sofre de AIDS e que recebeu um importante prêmio literário. Em 1949, Laura Brown, uma dona de casa de Los Angeles prepara um bolo de aniversário para o marido com a ajuda do filho pequeno. Estas são as três mulheres, e os momentos de partida, de As Horas, um romance emocionante que mergulha no mundo de Virginia Woolf com extrema sensibilidade e inteligência. Assim como o protagonista de sua obra, os personagens debatem entre a solidão, a desesperança e o amor pela beleza e pela vida até unir-se em um final transcendente."

Parece original para você? Por que alguém, setenta anos depois, ousa escrever a mesma história e, não satisfeito com isso, consegue incluir o modelo original? Há os que não gostem da “nova história” parece-nos uma homenagem e deslumbra-nos pela expertise do autor ao nos transmitir sua mensagem. Experiência que é colocada manifestar-se na hora de escolher a estrutura, criar os personagens, dar-lhes vida diante de dos nossos olhos e nos diz isso como se não fosse nada.

Releia os resumos que você fez e reflita sobre a originalidade da história que você está contando.
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continua…

Fonte:
Pedro A. Ramos García. Cómo contar historias. in www.mailxmail.com . acesso em 26.11.2020. Tradução do espanhol por J.Feldman

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