segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Silmar Böhrer (Croniquinha) 91

Assobiaram e sibilaram nas altas horas os ventinhos de agosto. Vieram mansinhos, mansamente, e logo as primeiras vozes nos beirais.

O bochincho cresceu, raios rondando, vozerio nas frinchas de portas e janelas. Vozes do Além. A porteira rangendo, as vacas berrando na estrebaria. Madrugada sonora. Alarido dos ventos.
 
Amanhecer silencioso, anuviado, só os canarinhos. Harmonia opaca que foi carregando no espaço, horizontes velados, prenúncios - pré-anúncios - de chuva a caminho. A tarde chegou e com ela os primeiros pingos serenos neste agostinho bem molhado, invadindo as veredas da noite.

Ventos e chuvas são forasteiros sem fronteiras levando mensagens de toda espécie, das fagueiras às mais insolentes, em avatares dulçurosos ou tormentosos, graciosos ou em alaúza. E sempre foi assim, essa constância inconstante atravessa os anos de nossas vidas e nos põe lado a lado junto à natureza na sina de transitórios.

Fonte:
Texto enviado pelo autor

Nenhum comentário: