A última brincadeira de Alberto terminou mal. Funeral nem houve. Os parentes mais próximos choraram, mas sequer viram seu cadáver. Como estaria? Mutilado, disforme, horrível?
Alberto, um meninão. Ninguém o levava a sério. Para quê, se ele brincava até de chorar e rir?
O mundo é uma peteca, dizia. E largava a palma da mão no tempo.
– Esse é doido.
A sentença não lhe saía da boca e ninguém lhe pedia explicações. E Alberto chutava latas de lixo, cuspia em carpetes, pisava vestidos de noivas, beijava namoradas de colegas.
– Moleque!
Nada o insultava.
– Cretino!
Ele ria e, para não repetir a velha frase, levantava a mão e acompanhava com os olhos o voo da peteca.
A brincadeira mortal podia ter sido um salto do último andar. Ninguém acreditaria em sua queda. Enfrentar leões do zoológico. Mesmo assim pensariam em hipnose, mágica, qualquer coisa.
Não, Alberto foi longe demais. Primeiro ludibriou a segurança do Hotel Internacional e depositou debaixo da mesa do auditório um pacote.
Realizava-se um congresso para o progresso do mundo, e delegados de quase todos os países falavam de guerras, empresas, capitais, mil coisas.
Enquanto os eminentes congressistas blablablavam, Alberto cumprimentou os guardas, voltou à rua e, de um telefone público, comunicou à polícia o próximo fim da reunião.
– Dentro de uma hora, ouviu?
– Quem está falando? Alô!
– Não importa. Vai tudo explodir: hotel, congresso, delegados, planos.
Num minuto, a cidade se encheu de sirenes, carros de bombeiros, soldados, ordens. Evacuaram a alta casa de pasto e na rua uma babel dos diabos se fez. Americano corria, francês suava, inglês tremia, alemão se borrava, italiano sumia.
Escolhido o herói, os comandantes da operação pediram coca-cola e se olharam pelos binóculos.
Faltava um segundinho para a bomba explodir.
– Desata o nó, patife.
O herói desatou o nó e os excrementos salpicaram na sua cara de patife.
E desmaiou.
Alberto, um meninão. Ninguém o levava a sério. Para quê, se ele brincava até de chorar e rir?
O mundo é uma peteca, dizia. E largava a palma da mão no tempo.
– Esse é doido.
A sentença não lhe saía da boca e ninguém lhe pedia explicações. E Alberto chutava latas de lixo, cuspia em carpetes, pisava vestidos de noivas, beijava namoradas de colegas.
– Moleque!
Nada o insultava.
– Cretino!
Ele ria e, para não repetir a velha frase, levantava a mão e acompanhava com os olhos o voo da peteca.
A brincadeira mortal podia ter sido um salto do último andar. Ninguém acreditaria em sua queda. Enfrentar leões do zoológico. Mesmo assim pensariam em hipnose, mágica, qualquer coisa.
Não, Alberto foi longe demais. Primeiro ludibriou a segurança do Hotel Internacional e depositou debaixo da mesa do auditório um pacote.
Realizava-se um congresso para o progresso do mundo, e delegados de quase todos os países falavam de guerras, empresas, capitais, mil coisas.
Enquanto os eminentes congressistas blablablavam, Alberto cumprimentou os guardas, voltou à rua e, de um telefone público, comunicou à polícia o próximo fim da reunião.
– Dentro de uma hora, ouviu?
– Quem está falando? Alô!
– Não importa. Vai tudo explodir: hotel, congresso, delegados, planos.
Num minuto, a cidade se encheu de sirenes, carros de bombeiros, soldados, ordens. Evacuaram a alta casa de pasto e na rua uma babel dos diabos se fez. Americano corria, francês suava, inglês tremia, alemão se borrava, italiano sumia.
Escolhido o herói, os comandantes da operação pediram coca-cola e se olharam pelos binóculos.
Faltava um segundinho para a bomba explodir.
– Desata o nó, patife.
O herói desatou o nó e os excrementos salpicaram na sua cara de patife.
E desmaiou.
Fonte: Nilto Maciel. Babel. Brasília/DF: Editora Códice, 1997. Enviado pelo autor.
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