Se a ausência não te tortura,
a mim, causa espanto e dor;
a ausência rouba a ternura
da graça de um grande amor!
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Planos, ilusões, quimeras,
viraram cinzas pagãs,
no forno das primaveras
dos sóis de minhas manhãs!
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Quando o silêncio me acalma,
eu sinto um desejo imenso,
de ouvir a voz de minha alma
na voz de tudo que eu penso!
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No outono, é que se descobre
que a vida é rota sem fugas,
pela presença mais nobre
do olhar, das primeiras rugas!
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Da rua de minha infância,
a saudade perpetua...
Meus passos, na ressonância
das pegadas pela rua!
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Chove!... e essa chuva, no entanto,
são lágrimas dos desejos
dos céus, acabando o pranto
dos olhos dos sertanejos!
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Quem ao outro, o amor não nega
esse amor, que ao bem conduz...
Se aceita a cruz que carrega,
não sente o peso da cruz!
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A planta, de olhar atento,
sabe que as folhas no chão,
serão adubo e alimento
de outras folhas que virão!
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Num berço, entre os mais singelos,
brilha uma luz que se lança
sobre os mais cruéis libelos,
dando aos mortais, a esperança!
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De ouro e de prata, eu sou pobre,
nunca ostentei vaidade;
não há riqueza mais nobre
que a nobreza da humildade!
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Saudade - eterna moldura,
que em todos nós, perpetua...
Passos da doce ternura
da infância de nossa rua!
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Não te esqueças que esse orgulho
que te deixa tão nervoso,
é a resposta desse entulho
do coração do orgulhoso!
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Meus versos cheios de enredos,
lutam contra o tempo atroz,
guardando os nossos segredos,
tão segredados por nós!
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Quando a tarde se aproxima,
e o sol, se despede ao léu,
põe versos cheios de rima,
nas nuvens que estão no céu!
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Sinto-me um velho andarilho,
na trilha dos rastros teus,
para entregar-te meu filho
o resto dos versos meus!
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Quando o espelho se aproxima,
num rosto velho enublado,
parece que falta a rima
que já sobrou no passado!
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Ah! se voltasse e, se eu visse
risos de amor e empatia,
talvez, a paz existisse
e afastasse a pandemia!
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O bilhete que te escrevo,
com mãos trêmulas, parece
que escrever mais não me atrevo,
sem teu calor que me aquece!
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A tarde de olhar sombrio,
nunca diz adeus, era vão...
Põe no olhar triste e vazio,
os olhos da solidão!
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Ante o beijo, me apequeno,
não sem motivo qualquer;
Quem prova desse veneno,
se rende a qualquer mulher!
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O filho embarca cantando,
mas, finge a dor dos seus ais,
com o lenço branco acenando
à mãe, que acena no cais!
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Se o orgulho, a ninguém socorre,
então, por que se orgulhar?...
Rio orgulhoso que corre,
perde o orgulho ao ver o mar!
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Quem faz guerra e busca a paz,
dá-me a resposta mais breve:
nem sabe aquilo que faz
nem faz aquilo que deve!
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Parte a jangada e, no entanto,
saudosos sonhos intensos
acenam cheios de pranto
ao cais, coberto de lenços!
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Quem faz promessas e juras,
ouvindo a voz do perdão,
percebe que as amarguras
e os desenganos se vão!
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Àquele que estende a mão,
para qualquer "Zé ninguém",
Jesus multiplica o pão
de quem dá pão, para alguém!
Fonte:
Professor Garcia. Trovas que sonhei cantar. vol.2. Caicó: Ed. do Autor, 2018.
Enviado pelo trovador.
Professor Garcia. Trovas que sonhei cantar. vol.2. Caicó: Ed. do Autor, 2018.
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