JOSÉ FELDMAN
Saudade… quanta tristeza
em meu coração cativo!
Resta um pingo da pureza
do nosso amor fugitivo.
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Poema de Maringá/PR
FLORISBELA MARGONAR DURANTE
Caçada
Aventuro-me
e caço palavras
que se escondem rebeldes.
Num vasto cenário
eu as rabisco
e aprisiono em papel.
As emoções vestem
as palavras e desse
encontro de almas gêmeas
nasce o poema.
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Trova de Vitória/ES
MÁRCIA HILDILENE MATHEILO
Fazer trovas sobre férias?
Mas, que ideia mais maluca.
Nas férias quero passear,
brincar, descansar a cuca.
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Soneto de Caicó/RN
PROFESSOR GARCIA
Viva plenamente
Pelas trilhas tortuosas dos caminhos,
há empecilhos, bravatas e há temores...
Quanto sonho vencido entre os sozinhos,
quanta glória perdida entre os amores!
Nas angústias do mundo há mais espinhos
do que o cheiro da paz que tem nas flores...
Mas sem ódio e sem mágoa, em nossos ninhos,
nosso sonho de amor inibe as dores!
Deixo, em poucas palavras, meus apelos;
- Por que sempre guardar seus pesadelos
se a esperança cochila ao pé da porta?
Pode haver plenitude, em meio aos trapos:
A esperança não morre entre os farrapos
e viver plenamente, é o que me importa!
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Trova do Rio de Janeiro/RJ
OLAVO BILAC
(Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac)
(1865 – 1918)
Que cada um cumpra a sorte
das mãos de Deus recebida:
– Pois só pode dar a Morte
aquele que dá a Vida!
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Poema do Colorado/ Estados Unidos
TERESINKA PEREIRA
O amor
O amor sempre acredita
na lembrança eterna
embora o vento
tudo leva pelo ar...
O amor vira solidão
se é nobre, se é de orgulho
e se não o domina
uma verdadeira paixão.
O amor tem esperança,
tem sonhos, mocidades, coragem,
e mais que tudo, o amor
se alimenta de perdões.
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Trova Popular
Vou fazer meu reloginho
da folhinha do poejo;
para contar os minutos
e horas que não te vejo.
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Soneto de São Simão/SP
THALMA TAVARES
Cireneus
Gloriosa a mulher que a sós carrega
seu madeiro de luta e sofrimentos.
Seu calvário é de dor, mas não se entrega
e raríssimos são seus bons momentos.
A lhe dar seu valor ninguém se nega
nem se nega a exaltar-lhe os sentimentos
aquele que as virtudes não renega
e sabe quanto pesam-lhe os tormentos.
Mas não só na mulher esta virtude
manifesta-se assim, estoica e rude
- exemplo de firmeza sobranceira:
na vida, em muitos homens reconheço,
cireneus que carregam sem tropeço
a sua cruz e a cruz da companheira!
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Trova Humorística de Santos Dumont/MG
MÁRIO LUIZ RIBEIRO
Às vezes eu me atrapalho,
com um pensamento maroto:
- Por que é que "broto" dá galho,
e este, nem sempre dá broto?!
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Poema de Lisboa/Portugal
FERNANDO PESSOA
1888 – 1935
Não quero rosas, desde que haja rosas
Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?
Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir. Para quê?...
Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...
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Trova de São Paulo/SP
DOMITILLA BORGES BELTRAME
A favela à luz da lua
é um presépio em miniatura,
mas ante o sol, triste e nua,
tem, de um calvário, a estatura!
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Soneto de Avaré/SP
SÁ DE FREITAS
O sol, a lua e muita gente
"Fazes pouco de mim, sol!" - diz a lua.-
Escondes-te de mim quando apareço,
Será que nem de ti um olhar mereço,
Eu que há milênios sonho ser só tua?"
O sol noutro hemisfério, com amargura,
Escuta a sua amada, mas opresso
Responde: "Meu amor, desapareço,
Por ser fadado à triste desventura
De nunca possuir quem tanto almejo,
Que és tu, ó lua, que nem mesmo vejo,
No início de um eclipse ou depois.
Mas te conformes, pois na Terra moram,
Pessoas que se amam e que se adoram,
E têm a mesma sina que nós dois".
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Trova de São Francisco de Itabapoana/RJ
ROBERTO PINHEIRO ACRUCHE
Após, tanto tempo unidos,
vem Você, dizendo adeus!
Tornando agora perdidos
os melhores sonhos meus.
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Poema de Caieiras/SP
ROSA CLEMENT
A Árvore
Era uma casa
muito engraçada
Vinicius de Moraes
Era uma árvore
ameaçada
onde se ouvia
a passarada
Ninguém subia
nos galhos não
porque da árvore
só tinha o chão.
Todos só viam
uma clareira
porque a árvore
virou barreira.
Meu cão que ia
fazer pipi
não encontrou
um tronco ali.
Ela deixava
tão bela a vista,
e foi embora
sem deixar pista
Mas foi plantada
com esperança
na velha estrada
pela criança.
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Trova de São José dos Campos/SP
MIFORI
(Maria Inês Fontes Rico)
Se olhares para o horizonte
sem nenhum olhar vazio,
na fé de que Deus é a fonte,
o amor fluirá qual rio.
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Soneto de Portugal
AFONSO DUARTE
Montemor-o-Velho (1884 – 1958) Coimbra
Saudades do Corgo
Murmúrio de água em Terra da Purinha,
Lembra a voz da montanha o meu amor.
Oh água em quebra voz “sou teu, és minha”!
Rescende em mim a madressilva em flor.
— Suas palavras dão perfume ao vento,
— Seus Olhos pedem o maior sigilo...
Sóror amando às grades de um convento,
Ó Sóror dum romance de Camilo!
De longe e ausente ao seu perfil do Norte,
Evoco em sonho as Terras do luar,
— Fragas do Corgo em medievo corte!
À Lua e ao Sol para a servir e amar,
Quando a ausência vem — quem a suporte!
As saudades são o meu falar.
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Trova Premiada em Madureira/RJ, 1992
ANTONIO JURACI SIQUEIRA
Belém/PA
Quando o clamor da razão
calar a voz do machado,
hei de chorar de emoção,
sobre o solo devastado...
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Poema de Fortaleza/CE
NEMÉSIO PRATA
O "Benefício"
Simplício em seu natalício
foi procurar por Simplícia;
de quem, com toda malícia,
lhe pediu um "benefício",
por conta do seu ofício!
Simplícia vendo o suplício
da sevícia, o "benefício"
ao Simplício, com perícia,
negou-lhe e foi à Polícia,
e deu parte do Simplício!
A Polícia, ao tal Simplício,
enviou-lhe uma notícia,
por um guarda da milícia,
para ouvi-lo, por ofício;
sobre o tal do "benefício"!
Já prevendo o seu suplício
no presídio, em "benefício",
não pôs os pés na Polícia;
só depois veio a notícia:
Escafedeu-se Simplício!
Moral...
Quem procura benefício
em sacrifício de alguém,
acaba no sacrifício
de beneficiar também!
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Trova de Juiz de Fora/MG
DULCÍDIO DE BARROS MOREIRA SOBRINHO
Galopando sem receio
um indomável equino,
vou pela vida em rodeio
no cavalo do destino.
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Cantiga Infantil de Roda
Balaio
Eu queria se balaio,
balaio eu queria “sê”
Pra ficar dependurado,
na cintura de “ocê”
Balaio meu bem, balaio sinhá
Balaio do coração
Moça que não tem balaio, sinhá
Bota a costura no chão
Eu mandei fazer balaio,
pra guardar meu algodão
Balaio saiu pequeno,
não quero balaio não
Balaio meu bem, balaio sinhá
Balaio do coração
Moça que não tem balaio, sinhá
Bota a costura no chão
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Trova da Rainha Da Trova Brasileira
LILINHA FERNANDES
(Maria das Dores Fernandes Ribeiro da Silva)
Rio de Janeiro/RJ, 1891 – 1981
Amanhece... Vibra a terra!
O sol que em ouro reluz,
sai da garganta da serra
como uma trova de luz.
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Hino de São Jorge do Ivaí/ PR
Letra e música: Hulda Ramos Gabriel
Da Pátria és glória presente
Desta terra varonil!
Em ti a grandeza imponente
Que orgulha o Brasil!
Surgiu, varonil!
São Jorge do Ivaí,
Integrado ao Paraná,
Sul do meu Brasil!
Vencida a bravia terra a sorte,
Ao forte com vitória!
Do vasto Paraná do norte,
Levando o estandarte em glória!
Do vasto Paraná do norte,
Levando o estandarte em glória!
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Trova do Rio de Janeiro/RJ
ZÁLKIND PIATIGORSKY
1935 – 1979
Tanto se canta e enaltece,
do seu mal tanto se diz,
que saudade até parece
um modo de ser feliz.
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Soneto Paulista
FRANCISCA JÚLIA
Eldorado Paulista/SP (1871– 1920) São Paulo/SP
Musa Impassível
Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero
Luto jamais te afeie o cândido semblante!
Diante de Jó, conserva o mesmo orgulho; e diante
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.
Em teus olhos não quero a lágrima; não quero
Em tua boca o suave e idílico descante.
Celebra ora um fantasma anguiforme de Dante,
Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero.
Dá-me o hemistíquio d' ouro, a imagem atrativa;
A rima, cujo som, de uma harmonia crebra,
Cante aos ouvidos d' alma; a estrofe limpa e viva;
Versos que lembrem, com seus bárbaros ruídos,
Ora o áspero rumor de um calhau que se quebra,
Ora o surdo rumor de mármores partidos.
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Trova do Rio de Janeiro/RJ
BASTOS TIGRE
Recife/PE, 1882-1957, Rio de Janeiro/RJ
Saudade, palavra doce
que traduz tanto amargor!
Saudade é como se fosse
espinho cheirando à flor.
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Fábula em Versos da França
JEAN DE LA FONTAINE
Château-Thierry, 1621 – 1695, Paris
A torrente e o rio
Com ruído e com fragor,
Tombava da montanha uma torrente,
Espalhando o terror
Nos corações da campesina gente.
E nenhum caminhante
Se atrevia a passar
Barreira tão gigante.
Eis que um vê uns ladrões, e, sem parar,
Mete de meio a onda sussurrante.
Era bulha e mais nada; pelo custo,
O pobre do homem só tirava o susto.
Ganhando, então, coragem,
E os ladrões continuando a persegui-lo,
Encontra na passagem
Um rio ameno, plácido e tranquilo
Que, como um sonho, caricioso, ondeia
Por entre margens de luzente areia:
Procura atravessá-lo,
Entra... mas o cavalo,
Livrando-o à caça dos ladrões, dirige-o
Da onda escura ao seio negrejante,
E ambos foram dali no mesmo instante
Beber ao lago Estígio.
No inferno tenebroso,
Por outros rios navegando vão.
O homem que não fala é perigoso;
Os outros, esses não.
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