"The Catcher in The Rye"
Introdução
O objetivo deste trabalho é mostrar de forma concisa a análise efetuada do livro “The Catcher in The Rye” e tentar mostrar o que pode se passar na cabeça de um adolescente.
Apontaremos os fenômenos que provocam a degradação individual, psicológica e social de um adolescente, fazendo um breve enfoque no contexto histórico, biografia e crítica literária feita por alguns autores. O trabalho conta também com uma síntese da obra e sua análise.
Procuraremos mostrar um pouco da obra de J.D. Salinger, entretanto a leitura da obra é essencial, não é aconselhável ficar apenas neste trabalho, o livro é ótimo e faz com que pensemos sobre nossos adolescentes e até que ponto eles podem ser influenciados.
I. Contexto Histórico
Quando a Segunda Guerra Mundial começou na Europa em 1939, a maioria dos Americanos queriam ficar fora disso. “Primeiro a América” era frase popular do tempo.
As pessoas sentiam que América deveria se preocupar com seus próprios problemas e esquecer o resto do mundo.
Até 1945, a América era um mundo poderoso com enorme responsabilidade internacional. Isto fazia todos os americanos orgulhosos e extremamente inconformados.
A Segunda Guerra Mundial inspirou um grande número de romances de guerra. Muitos, no entanto, pertenceram a tradição naturalista.
Eles eram naturalistas porque estudavam o efeito da guerra nos soldados e nas outras pessoas. Embora os romancistas odiassem a guerra, eles raramente mostravam algum tipo particular da consciência política.
A maioria dos escritores dos anos 40 e 50 estavam interessados na ideologia dos esquerdistas dos anos 30.
Os autores americanos dos anos 50 mostravam que estavam inconformados com a pós-guerra mundial. A nova política temia o comunismo e a bomba atômica, que para eles era menos importante do que os problemas psicológicos da nova sociedade americana.
Não é um período de importantes experimentações no estilo. Muitos, dos maiores autores estavam interessados em desenvolver novos e importantes temas. Eles, neste período, tentaram encontrar respostas para a velha questão: “QUEM EU SOU?” Os escritores negros e judeus americanos encontraram a resposta em sua própria cultura e no seu meio racial, outros exploraram as idéias da filosofia e psicologia moderna.
Os jovens escritores usaram a religião oriental para o mesmo propósito. Os novos escritores do Sul, entretanto, eram um pouco mais modernos. Em seus trabalhos, eles sentiam a tristeza e o peso do passado.
Nesta época, a sociedade passava por várias transformações bruscas determinadas, em geral, por fenômenos exteriores.
A revolta modernista na arte buscava uma nova maneira de olhar o mundo, surgindo também uma mentalidade renovadora na educação e nas artes.
O modernismo foi um movimento, o qual rompeu com todas as estruturas do passado. Os modernistas nunca se consideraram componentes de uma escola. O que unificava era um grande desejo de expressão livre. Eles afirmaram a sua libertação em vários rumos e setores: vocabulário, sintaxe e escolha dos temas. Os escritores desse período passaram a questionar com mais vigor a realidade do século XX.
II. Síntese da Obra
O livro traz o relato de um adolescente de 17 anos – Holden Caulfield – sobre um período conturbado de sua vida.
A histórias inicia-se próximo ao Natal do ano anterior, quando ele ainda tinha 16 anos e estava saindo da terceira escola (colégio) que já havia estudado, o Pencey. Ele fora expulso por ter sido reprovado em quase todas as matérias (exceto Inglês).
Era um sábado e estava ocorrendo um jogo de futebol que envolvia o time do colégio. Sendo assim, todos estavam assistindo a partida, menos ele que estava voltando de Nova Iorque, onde deveria ter disputado um campeonato de esgrima, se não tivesse esquecido os floretes no metrô.
Ele aproveitou o momento, fez uma visita ao seu velho professor de História para se despedir e voltou para o seu quarto no colégio. Ele estava praticamente sozinho no alojamento; praticamente porque Ackley, um rapaz que não tinha amigos também estava lá.
Ackley ficou conversando com Holden até a chegada de Stradlater (companheiro de quarto de Holden). Stradlater ia sair com uma garota e queria o casaco de Holden emprestado. A garota chamava-se Jane e Holden a conhecia, pois ela fora sua vizinha e os dois jogavam damas juntos. Holden acreditava muito na pureza de sua amiga, por isso, ficou furioso quando percebeu que seu amigo, que tinha fama de conquistador, poderia ter feito alguma coisa com Jane. Os dois brigaram e Holden, por ser o mais fraco, levou a pior, após ter levado um soco de Stradlater ele ficou com o rosto todo ensangüentado e foi para o quarto ao lado que era de Ackley. Ele pediu para dormir na cama de seu amigo que só voltaria no final do dia seguinte. O rapaz não gostou muito, mas também não lhe deu muita atenção. Holden começou a sentir-se deprimido e resolveu ir embora do Pencey naquele mesmo dia. Era tarde da noite de sábado e eles só poderiam sair para as férias de Natal na quarta-feira. A família de Holden ainda não sabia da expulsão. Então, ele decidiu hospedar em um hotelzinho em Nova Iorque até o dia em que ele pudesse chegar em casa com seus pais já sabendo da notícia. Ele arrumou suas malas, contou seu dinheiro e foi embora.
Chegando em Nova Iorque, ele hospedou-se num hotel chamado Edmont. Ainda era início da madrugada de domingo, ele não estava cansado e não queria dormir. Pensou em ligar para muitas pessoas, até mesmo para sua irmã Phoebe de 10 anos, a qual ele adorava. Porém, não ligou para ninguém, resolveu sair na noite de Nova Iorque.
Foi a vários lugares, mas nada o agradava. Voltou então para o hotel e, ainda no elevador o ascensorista lhe fez uma proposta e ele aceitou. Em pouco tempo a prostituta estava em seu quarto pronta para fazer o que ele quisesse; o fato é que ele só queria conversar, pois estava um pouco deprimido. A garota achou estranho. Ele disse que pagaria o combinado e que ela poderia ira embora. Ele deu à ela 5 dólares e ela disse que o combinado era 10 dólares. Ele insistiu que não e ela foi embora. Dentro de poucos minutos bateram na porta dele novamente: eram Maurice, o ascensorista e a garota de programa. Maurice cobrou-lhe os outros 5 dólares e ele recusou-se a pagar. O cafetão, perdendo a paciência, pegou o seu dinheiro e deu um soco no estômago de Holden, deixando-o em seu quarto em meio a delírios, acreditando até mesmo que ia morrer.
Na manhã seguinte, ele ligou para Sally, uma garota com a qual ele costumava sair e eles combinaram de ir ao teatro. Holden arrumou suas malas, pagou o hotel e foi embora sem nem ao menos ver o ascensorista novamente.
As malas foram deixadas em um armário da estação e ele foi tomar seu café antes do encontro. À tarde, ele encontrou-se com Sally, os dois foram ao teatro e depois à uma pista de patinação. Lá, ele propôs à Sally que os dois fugissem juntos apenas com o dinheiro que ele tinha ( o que nesse momento já era praticamente nada). Sally considerou-o um louco e recusou a proposta. Após ter ofendido a garota, Holden vai embora e deixa-a sozinha. De noite, vai à um bar e fica embriagado. Quando melhora do porre, ele decide ir até sua casa conversar com sua irmã Phoebe, mesmo correndo o risco de ser apanhado por seus pais. Ele adorava sua irmã mais nova.
Chegando lá, ele sobe até o apartamento, abre a porta e vai até o quarto de seu irmão D.B. que era escritor em Hollywood e que, portanto, não estava em casa. Ele sabia que sua irmã gostava de dormir lá quando D.B. não estava em casa. Ele acendeu a luz da escrivaninha, sentou na cama e ela acordou, dando-lhe um forte abraço de alegria. Como ela era muito esperta, após alguns minutos de conversa percebeu que ele só estava ali naquele momento porque havia sido expulso do colégio. Ela desespera-se falando que o pai deles iria matá-lo quando soubesse. Como seus pais haviam saído, Holden aproveitou para dar um telefonema para seu ex-professor e pedir-lhe “hospedagem” em sua casa até poder votar para casa de seus pais.
Quando ele voltou a conversar com Phoebe, ela começou a questioná-lo em relação as coisas que ele gostava na vida, já que ele criticava tanto o colégio e as pessoas que lá estudavam. Holden disse à ela que gostava do irmão dele, o Allie, menino que havia morrido aos dez anos de leucemia e a quem Holden realmente admirava. Logo depois, ela começou a questioná-lo sobre o que ele queria ser, se era um advogado ou coisa parecida. Ele então respondeu que queria ser um “Apanhador no campo de centeio” e explicou que seria o único adulto em meio a muitas crianças que brincavam no campo de centeio e que, caso alguma delas se distraísse e fosse cair no precipício, ele apareceria de algum lugar e não deixaria a criança cair.
Depois de muito conversarem e, até mesmo dançarem, os pais de Holden chegaram. Ele correu para se esconder no armário. A mãe dele entrou no quarto, conversou com Phoebe e foi embora. Ele saiu do armário e, antes de ir embora, pediu emprestado o dinheiro que sua irmã havia guardado para o Natal. De lá, ele seguiu para a casa de seu ex-professor. Chegando lá, o professor lhe deu conselhos, conversou muito com ele e depois arrumou sua “cama” no sofá. Holden já estava quase desmaiando de tanto sono que sentia. Sendo assim, ele dormiu rapidamente, acordando apenas no momento em que sentiu algumas carícias em sua cabeça. Quando abriu os olhos e percebeu que era seu professor que fazia as carícias, ele ficou extremamente nervoso, vestiu-se rapidamente e saiu da casa dizendo que tinha que pegar sua mala na estação. O professor, não entendendo o que estava ocorrendo, considerou Holden um garoto “muito esquisito”.
Holden foi para a estação, pegou sua mala e adormeceu num banco até o momento em que a estação começou a ficar movimentada. Pela manhã, ele parou para refletir sobre o ocorrido e pensar se não fora precipitado em achar que seu professor era um homossexual, mas já era tarde. Ele então teve a idéia de ir embora, de ir para o oeste do país pegando caronas.
Após essa fabulosa idéia, ele decidiu que deveria despedir-se apenas de sua irmã Phoebe. Mandou então um bilhete para ela na escola, dizendo que fosse encontrá-lo em frente ao museu na hora do almoço. Ela foi, mas não foi sozinha, levou sua mala consigo. Holden não aceitou de forma alguma que ela fugisse com ele e ficou extremamente irritado. Ela, por sua vez, ficou magoada com o irmão e não quis voltar para a escola a tarde. Ele, tencionando agradá-la, propôs que os dois fossem ao Jardim Zoológico. Ela aceitou. Eles foram ver os animais e, durante o passeio, eles avistaram um carrossel. Holden sabia que sua irmã adorava andar no carrossel e comprou um bilhete para ela brincar com os cavalinhos. Quando ela subiu no brinquedo, começou um dilúvio. Todos correram para debaixo da proteção do carrossel, menos ele que ficou apreciando sua irmã rodar e rodar no carrossel, quase chorando por estar diante de tamanha beleza.
...e a história termina do ponto onde ele começou a contar: hoje ele está em um sanatório fazendo tratamento psicanalítico.
III. Crítica da Obra
Nesta parte do trabalho nosso intuito é mostrar a opinião dos críticos literários sobre a obra e o autor.
Harold Roth declara “Este livro poderá ser um choque para muitos pais que se indagam sobre os pensamentos e ações dos jovens, num efeito salutar. Uma obra adulta (muito franca) e altamente recomendada”.
Para Arthur Mizener “J. D. Salinger é provavelmente o mais avidamente lido autor com legítimas pretensões da sua geração”.
James Yaffe diz “ Salinger escreveu um livro com vida, sentimento e sinceridade – raras qualidades nos nossos dias. Torna-se capaz de compreender a mente dos adolescentes”. Outro comentário importante que ele faz é que “livro de culto, proibido ou recomendado, à prova de tempo, avant-letrista da época das flores nos cabelos, The Catcher in the Rye foi-se tornando mais imprescindível que obrigatório. Um hino-reduto à inocência perdida”.
Para finalizar separamos o comentário de Charlotte Alexander sobre a obra “Perante o corrosivo materialismo, Holden purga-se pela queda, sem se esquecer de denunciar as incompatibilidades do sistema escolar, as linhas demasiadas cruzadas do diálogos pais – filhos e de defender a infância, (...) na personagem o desejo de pré-adolescência é transmutação do saudosismo por uma América tão pura quanto selvagem: o continente mítico dos puritanos, o farol do mundo, o neo-éden, a última grande oportunidade de, na terra nova, refazer sem vícios nem pecado, a história Humana”.
IV. Análise da Obra
Os tradutores de “The Catcher in the Rye “ fizeram três traduções para o título da obra, são elas: O Apanhador no campo de centeio, Agulha em palheiro e Apanhador na seara.
Clássico da moderna literatura americana desde o momento em que chegou as livrarias, em 1951, The Catcher in the Rye levaria mais dois anos para ser traduzido no Brasil, por um trio de aficionados (os diplomatas Alvaro Alencar, Antônio Rocha e Jório Dauster) e com o título de O Apanhador no Campo de Centeio. É essa a tradução que acaba de ser reeditada entre nós, com capa nova (de Liberati) e um trabalho de marketing dirigido especialmente ao público juvenil.
O livro prevê uma realidade avançada para sua época, ou seja, Salinger consegue em seu livro demonstrar atitudes que só após trinta anos foram comprovadas realmente.
Uma boa fatia do sucesso deste romance deve-se precisamente à verossimilhança da personagem principal. Clinton Fadiman explica: “O Apanhador no Campo de Centeio é um raro milagre da ficção. Holden é real, não obstante ter sido feito apenas de tinta, papel e imaginação.”
O apanhador no campo de centeio, numa narrativa em primeira pessoa, relata alguns dias na vida do adolescente Holden Caulfield, que acaba de ser expulso da sua terceira escola bem às vésperas do natal, nos EUA do pós-guerra. Numa linguagem simultaneamente criativa e coloquial (o que dificulta a vida dos tradutores), Holden vai revelando, aos poucos, algo sobre o seu passado, sua família e seus conhecidos, ao mesmo tempo em que vagueia por New York pulando de uma encrenca para outra. E, para alguém entediado e deprimido como ele, nada melhor que uma encrenca para manter o interesse.
“Se querem mesmo ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde eu nasci, como passei a porcaria da minha infância, o que meus pais faziam antes que eu nascesse, e toda essa lenga-lenga...” (p.07)
“...ia acampar num hotel por uns dias e só voltaria para casa depois do começo das férias.” (p.55)
“- Você é um idiota – falei.-“
“Aí ele me acertou. Nem tentei sair do caminho, ou me esquivar, nem nada. Só senti aquele murro tremendo no estômago.” (p.91)
O fluxo de consciência funciona particularmente bem, pois permite expressar a instabilidade emocional do protagonista.
“De vez em quando eu banco o maluco uma porção de tempo, só para não ficar chateado.” (p.23)
“Se a gente ficasse um pouco por lá e ouvisse todos os cretinos aplaudindo e tudo, tinha que acabar odiando todo mundo que existe na terra, juro que tinha.” (p.122)
“As pessoas estão sempre pensando que alguma coisa é totalmente verdadeira”. (p.13)
Holden – Menino Prodígio
No universo dos seus escritos, Salinger apresenta-nos um menino prodígio, de sensibilidade e inteligência à flor da pele, que em dado momento faz um ajuste de contas com a sociedade materialista e o mundo adulto. Holden recusa-se a crescer e a desertar a infância;
“...estou com dezessete agora – mas de vez em quando me comporto como se tivesse uns treze. E a coisa é ainda mais ridícula porque tenho um metro e oitenta e cinco e já estou cheio de cabelos brancos (...) Apesar disso, às vezes me comporto como se tivesse doze anos.”(p.13)
Holden viaja até o final da inocência, grotescamente revoltado contra a desumanidade, a desvantagem do amor, a ausência de comunicação.
“Bem, eu odeio a escola. Pôxa, como detesto o troço – falei. E não é só isso. É tudo. Detesto viver em N.Y. e tudo. Táxis, ônibus da Avenida Madison, com os motoristas gritando sempre...”(p.113)
De fato, a indisciplinada hipersensibilidade de Holden leva-o a não conseguir diferenciar entre bom e mau – tudo se lhe afigura negativo, dada a sua impotência em se purgar. Como um balão, retém a globalidade do fôlego e experiência, adivinhando-se, no final o esgotamento nervoso do anti-herói. Este culminar é pressagiado logo no início da obra, pois Holden anuncia estar num sanatório recuperando-se da queda psicológica.
“...pouco antes de sofrer um esgotamento e de mandarem parar aqui, onde estou me recuperando.” (p.07)
No entanto, o clímax só ocorre no penúltimo capítulo, quando, sob um dilúvio, vê a pequena irmã Phoebe a girar no carrossel e se apercebe da impossibilidade do seu sonho.
“Puxa, aí começou a chover pra burro. Um dilúvio, juro por Deus. (...) Mas nem liguei. Me senti feliz de repente, vendo a Phoebe passar e passar. Pra dizer a verdade, eu estava a ponto de chorar de tão feliz que me sentia. Sei lá por quê. É que ela estava tão bonita, do jeito que passava rodando e rodando, de casaco azul e tudo. Puxa, só a gente estando lá para ver.” (p.179)
Ao longo do livro, o leitor vai apreendendo a sucessão dos falhanços de Holden, na tentativa patética de preservar a inocência pueril, face a um mundo adulto corrupto e desumano. Luta, por exemplo, para apagar os palavrões escritos nas paredes da escola freqüentada pela irmã. E bate-se com o playboy da escola, afim de proteger a pureza platônica da namorada, Jane Gallagher. Pequenas utopias de bolso, próprias de quem acredita poder salvar o mundo.
“Aí ele mandou um murro tremendo e eu capotei. Não me lembro se cheguei a perder os sentidos, mas acho que não.” (p.42)
Holden Caulfield é ao mesmo tempo o herói e o vilão da história. Vítima de si próprio e de sua sensibilidade ao que o cerca, divertidamente mentiroso, assumidamente covarde, parece buscar uma espécie de redenção ajudando desconhecidos e cultuando sua irmãzinha de dez anos.
“Sou o maior mentiroso do mundo.” (p.19)
“Eu só tinha uns treze anos, e meus pais resolveram que eu precisava ser psicanalisado e tudo, porque quebrei todas as janelas da garagem.” (p.37)
Mas o que realmente o incomoda é o vazio e a falsidade das pessoas, que por mais promissoras que pareçam sempre acabarão por se revelar como mais uma decepção. Isto não faz de The Catcher in the Rye exatamente uma leitura animadora, mas ainda assim existe alguns resquício de inocência e ingenuidade infantil em Holden Caulfield, e também um humor (Negro, é claro!) e exagerado, que não deixam o livro afundar num poço de pessimismo e depressão.
“...mas uma velhinha de uns cem anos de idade, estava sentada, batendo a máquina.” (p.170)
“Fui pela escada dos fundos. Por pouco não quebrei o pescoço nuns dez milhões de latas de lixo, mas saí direitinho.”(p.153)
Com efeito, numa passagem sublinhada e simbólica da obra, Holden desabafa à Phoebe.
“...fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto – quer dizer – ninguém grande – a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o quê que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer. Sei que é maluquice.” (p.147)
Tida por alguns como chave do livro, esta passagem, adverte-se, não roda mais do que algumas vezes na fechadura complexa do texto. Mas elucida. Poderemos aqui entrançar alguns símbolos com os seus significados. O precipício é o pecado. Os garotinhos, a inocência, jogando junto ao perigo. O apanhador, Holden é quem as protege, interpondo-se, e assim evitando a queda – ou seja, o crescimento, a entrada no hostil mundo dos adultos.
Curioso é constatar a justaposição entre esta discreta alegoria e a explicação bíblica (e puritana) dos demônios, como sendo anjos inocentes que caíram, dissolvidos nas profundezas gigantescas.
E a este propósito, o autor brinca com o aspecto fônico dos nomes próprios. Holden Caulfield evoca-nos hold (agarrar) e field (campo) – a sua função é ser o apanhador no campo, título da obra, numa tradução literal.
Phoebe, a irmã de 10 anos de Holden, é sinônimo de pré-adolescência e candura. Protótipo da menina-gênio. É em si que a obsessiva ternura do protagonista vai recair ao querer ver nela a próxima vítima da sociedade adulta. Atente-se no fato de o nome Phoebe remeter para fobia. Porém, o valor da menina não se esgota em ser destinatária da proteção do irmão. Atua como confidente do seu sonho.
“Valia a pena conhecê-la. Juro que ninguém nunca viu uma criança mais bonitinha e esperta do que ela. É esperta mesmo. Por exemplo, na escola ela tira cem em tudo. (...) É impossível não gostar dela. Por exemplo, quando a gente conta alguma coisa, ela sabe direitinho de que diabo é que a gente está falando.” (p.62)
“...Para uma criança ela é muito emotiva. É mesmo. E tem outra coisa, ela escreve livros o tempo todo...” (p.62)
V. Discussão: Colapso Urbano
Introdução
O objetivo deste trabalho é mostrar de forma concisa a análise efetuada do livro “The Catcher in The Rye” e tentar mostrar o que pode se passar na cabeça de um adolescente.
Apontaremos os fenômenos que provocam a degradação individual, psicológica e social de um adolescente, fazendo um breve enfoque no contexto histórico, biografia e crítica literária feita por alguns autores. O trabalho conta também com uma síntese da obra e sua análise.
Procuraremos mostrar um pouco da obra de J.D. Salinger, entretanto a leitura da obra é essencial, não é aconselhável ficar apenas neste trabalho, o livro é ótimo e faz com que pensemos sobre nossos adolescentes e até que ponto eles podem ser influenciados.
I. Contexto Histórico
Quando a Segunda Guerra Mundial começou na Europa em 1939, a maioria dos Americanos queriam ficar fora disso. “Primeiro a América” era frase popular do tempo.
As pessoas sentiam que América deveria se preocupar com seus próprios problemas e esquecer o resto do mundo.
Até 1945, a América era um mundo poderoso com enorme responsabilidade internacional. Isto fazia todos os americanos orgulhosos e extremamente inconformados.
A Segunda Guerra Mundial inspirou um grande número de romances de guerra. Muitos, no entanto, pertenceram a tradição naturalista.
Eles eram naturalistas porque estudavam o efeito da guerra nos soldados e nas outras pessoas. Embora os romancistas odiassem a guerra, eles raramente mostravam algum tipo particular da consciência política.
A maioria dos escritores dos anos 40 e 50 estavam interessados na ideologia dos esquerdistas dos anos 30.
Os autores americanos dos anos 50 mostravam que estavam inconformados com a pós-guerra mundial. A nova política temia o comunismo e a bomba atômica, que para eles era menos importante do que os problemas psicológicos da nova sociedade americana.
Não é um período de importantes experimentações no estilo. Muitos, dos maiores autores estavam interessados em desenvolver novos e importantes temas. Eles, neste período, tentaram encontrar respostas para a velha questão: “QUEM EU SOU?” Os escritores negros e judeus americanos encontraram a resposta em sua própria cultura e no seu meio racial, outros exploraram as idéias da filosofia e psicologia moderna.
Os jovens escritores usaram a religião oriental para o mesmo propósito. Os novos escritores do Sul, entretanto, eram um pouco mais modernos. Em seus trabalhos, eles sentiam a tristeza e o peso do passado.
Nesta época, a sociedade passava por várias transformações bruscas determinadas, em geral, por fenômenos exteriores.
A revolta modernista na arte buscava uma nova maneira de olhar o mundo, surgindo também uma mentalidade renovadora na educação e nas artes.
O modernismo foi um movimento, o qual rompeu com todas as estruturas do passado. Os modernistas nunca se consideraram componentes de uma escola. O que unificava era um grande desejo de expressão livre. Eles afirmaram a sua libertação em vários rumos e setores: vocabulário, sintaxe e escolha dos temas. Os escritores desse período passaram a questionar com mais vigor a realidade do século XX.
II. Síntese da Obra
O livro traz o relato de um adolescente de 17 anos – Holden Caulfield – sobre um período conturbado de sua vida.
A histórias inicia-se próximo ao Natal do ano anterior, quando ele ainda tinha 16 anos e estava saindo da terceira escola (colégio) que já havia estudado, o Pencey. Ele fora expulso por ter sido reprovado em quase todas as matérias (exceto Inglês).
Era um sábado e estava ocorrendo um jogo de futebol que envolvia o time do colégio. Sendo assim, todos estavam assistindo a partida, menos ele que estava voltando de Nova Iorque, onde deveria ter disputado um campeonato de esgrima, se não tivesse esquecido os floretes no metrô.
Ele aproveitou o momento, fez uma visita ao seu velho professor de História para se despedir e voltou para o seu quarto no colégio. Ele estava praticamente sozinho no alojamento; praticamente porque Ackley, um rapaz que não tinha amigos também estava lá.
Ackley ficou conversando com Holden até a chegada de Stradlater (companheiro de quarto de Holden). Stradlater ia sair com uma garota e queria o casaco de Holden emprestado. A garota chamava-se Jane e Holden a conhecia, pois ela fora sua vizinha e os dois jogavam damas juntos. Holden acreditava muito na pureza de sua amiga, por isso, ficou furioso quando percebeu que seu amigo, que tinha fama de conquistador, poderia ter feito alguma coisa com Jane. Os dois brigaram e Holden, por ser o mais fraco, levou a pior, após ter levado um soco de Stradlater ele ficou com o rosto todo ensangüentado e foi para o quarto ao lado que era de Ackley. Ele pediu para dormir na cama de seu amigo que só voltaria no final do dia seguinte. O rapaz não gostou muito, mas também não lhe deu muita atenção. Holden começou a sentir-se deprimido e resolveu ir embora do Pencey naquele mesmo dia. Era tarde da noite de sábado e eles só poderiam sair para as férias de Natal na quarta-feira. A família de Holden ainda não sabia da expulsão. Então, ele decidiu hospedar em um hotelzinho em Nova Iorque até o dia em que ele pudesse chegar em casa com seus pais já sabendo da notícia. Ele arrumou suas malas, contou seu dinheiro e foi embora.
Chegando em Nova Iorque, ele hospedou-se num hotel chamado Edmont. Ainda era início da madrugada de domingo, ele não estava cansado e não queria dormir. Pensou em ligar para muitas pessoas, até mesmo para sua irmã Phoebe de 10 anos, a qual ele adorava. Porém, não ligou para ninguém, resolveu sair na noite de Nova Iorque.
Foi a vários lugares, mas nada o agradava. Voltou então para o hotel e, ainda no elevador o ascensorista lhe fez uma proposta e ele aceitou. Em pouco tempo a prostituta estava em seu quarto pronta para fazer o que ele quisesse; o fato é que ele só queria conversar, pois estava um pouco deprimido. A garota achou estranho. Ele disse que pagaria o combinado e que ela poderia ira embora. Ele deu à ela 5 dólares e ela disse que o combinado era 10 dólares. Ele insistiu que não e ela foi embora. Dentro de poucos minutos bateram na porta dele novamente: eram Maurice, o ascensorista e a garota de programa. Maurice cobrou-lhe os outros 5 dólares e ele recusou-se a pagar. O cafetão, perdendo a paciência, pegou o seu dinheiro e deu um soco no estômago de Holden, deixando-o em seu quarto em meio a delírios, acreditando até mesmo que ia morrer.
Na manhã seguinte, ele ligou para Sally, uma garota com a qual ele costumava sair e eles combinaram de ir ao teatro. Holden arrumou suas malas, pagou o hotel e foi embora sem nem ao menos ver o ascensorista novamente.
As malas foram deixadas em um armário da estação e ele foi tomar seu café antes do encontro. À tarde, ele encontrou-se com Sally, os dois foram ao teatro e depois à uma pista de patinação. Lá, ele propôs à Sally que os dois fugissem juntos apenas com o dinheiro que ele tinha ( o que nesse momento já era praticamente nada). Sally considerou-o um louco e recusou a proposta. Após ter ofendido a garota, Holden vai embora e deixa-a sozinha. De noite, vai à um bar e fica embriagado. Quando melhora do porre, ele decide ir até sua casa conversar com sua irmã Phoebe, mesmo correndo o risco de ser apanhado por seus pais. Ele adorava sua irmã mais nova.
Chegando lá, ele sobe até o apartamento, abre a porta e vai até o quarto de seu irmão D.B. que era escritor em Hollywood e que, portanto, não estava em casa. Ele sabia que sua irmã gostava de dormir lá quando D.B. não estava em casa. Ele acendeu a luz da escrivaninha, sentou na cama e ela acordou, dando-lhe um forte abraço de alegria. Como ela era muito esperta, após alguns minutos de conversa percebeu que ele só estava ali naquele momento porque havia sido expulso do colégio. Ela desespera-se falando que o pai deles iria matá-lo quando soubesse. Como seus pais haviam saído, Holden aproveitou para dar um telefonema para seu ex-professor e pedir-lhe “hospedagem” em sua casa até poder votar para casa de seus pais.
Quando ele voltou a conversar com Phoebe, ela começou a questioná-lo em relação as coisas que ele gostava na vida, já que ele criticava tanto o colégio e as pessoas que lá estudavam. Holden disse à ela que gostava do irmão dele, o Allie, menino que havia morrido aos dez anos de leucemia e a quem Holden realmente admirava. Logo depois, ela começou a questioná-lo sobre o que ele queria ser, se era um advogado ou coisa parecida. Ele então respondeu que queria ser um “Apanhador no campo de centeio” e explicou que seria o único adulto em meio a muitas crianças que brincavam no campo de centeio e que, caso alguma delas se distraísse e fosse cair no precipício, ele apareceria de algum lugar e não deixaria a criança cair.
Depois de muito conversarem e, até mesmo dançarem, os pais de Holden chegaram. Ele correu para se esconder no armário. A mãe dele entrou no quarto, conversou com Phoebe e foi embora. Ele saiu do armário e, antes de ir embora, pediu emprestado o dinheiro que sua irmã havia guardado para o Natal. De lá, ele seguiu para a casa de seu ex-professor. Chegando lá, o professor lhe deu conselhos, conversou muito com ele e depois arrumou sua “cama” no sofá. Holden já estava quase desmaiando de tanto sono que sentia. Sendo assim, ele dormiu rapidamente, acordando apenas no momento em que sentiu algumas carícias em sua cabeça. Quando abriu os olhos e percebeu que era seu professor que fazia as carícias, ele ficou extremamente nervoso, vestiu-se rapidamente e saiu da casa dizendo que tinha que pegar sua mala na estação. O professor, não entendendo o que estava ocorrendo, considerou Holden um garoto “muito esquisito”.
Holden foi para a estação, pegou sua mala e adormeceu num banco até o momento em que a estação começou a ficar movimentada. Pela manhã, ele parou para refletir sobre o ocorrido e pensar se não fora precipitado em achar que seu professor era um homossexual, mas já era tarde. Ele então teve a idéia de ir embora, de ir para o oeste do país pegando caronas.
Após essa fabulosa idéia, ele decidiu que deveria despedir-se apenas de sua irmã Phoebe. Mandou então um bilhete para ela na escola, dizendo que fosse encontrá-lo em frente ao museu na hora do almoço. Ela foi, mas não foi sozinha, levou sua mala consigo. Holden não aceitou de forma alguma que ela fugisse com ele e ficou extremamente irritado. Ela, por sua vez, ficou magoada com o irmão e não quis voltar para a escola a tarde. Ele, tencionando agradá-la, propôs que os dois fossem ao Jardim Zoológico. Ela aceitou. Eles foram ver os animais e, durante o passeio, eles avistaram um carrossel. Holden sabia que sua irmã adorava andar no carrossel e comprou um bilhete para ela brincar com os cavalinhos. Quando ela subiu no brinquedo, começou um dilúvio. Todos correram para debaixo da proteção do carrossel, menos ele que ficou apreciando sua irmã rodar e rodar no carrossel, quase chorando por estar diante de tamanha beleza.
...e a história termina do ponto onde ele começou a contar: hoje ele está em um sanatório fazendo tratamento psicanalítico.
III. Crítica da Obra
Nesta parte do trabalho nosso intuito é mostrar a opinião dos críticos literários sobre a obra e o autor.
Harold Roth declara “Este livro poderá ser um choque para muitos pais que se indagam sobre os pensamentos e ações dos jovens, num efeito salutar. Uma obra adulta (muito franca) e altamente recomendada”.
Para Arthur Mizener “J. D. Salinger é provavelmente o mais avidamente lido autor com legítimas pretensões da sua geração”.
James Yaffe diz “ Salinger escreveu um livro com vida, sentimento e sinceridade – raras qualidades nos nossos dias. Torna-se capaz de compreender a mente dos adolescentes”. Outro comentário importante que ele faz é que “livro de culto, proibido ou recomendado, à prova de tempo, avant-letrista da época das flores nos cabelos, The Catcher in the Rye foi-se tornando mais imprescindível que obrigatório. Um hino-reduto à inocência perdida”.
Para finalizar separamos o comentário de Charlotte Alexander sobre a obra “Perante o corrosivo materialismo, Holden purga-se pela queda, sem se esquecer de denunciar as incompatibilidades do sistema escolar, as linhas demasiadas cruzadas do diálogos pais – filhos e de defender a infância, (...) na personagem o desejo de pré-adolescência é transmutação do saudosismo por uma América tão pura quanto selvagem: o continente mítico dos puritanos, o farol do mundo, o neo-éden, a última grande oportunidade de, na terra nova, refazer sem vícios nem pecado, a história Humana”.
IV. Análise da Obra
Os tradutores de “The Catcher in the Rye “ fizeram três traduções para o título da obra, são elas: O Apanhador no campo de centeio, Agulha em palheiro e Apanhador na seara.
Clássico da moderna literatura americana desde o momento em que chegou as livrarias, em 1951, The Catcher in the Rye levaria mais dois anos para ser traduzido no Brasil, por um trio de aficionados (os diplomatas Alvaro Alencar, Antônio Rocha e Jório Dauster) e com o título de O Apanhador no Campo de Centeio. É essa a tradução que acaba de ser reeditada entre nós, com capa nova (de Liberati) e um trabalho de marketing dirigido especialmente ao público juvenil.
O livro prevê uma realidade avançada para sua época, ou seja, Salinger consegue em seu livro demonstrar atitudes que só após trinta anos foram comprovadas realmente.
Uma boa fatia do sucesso deste romance deve-se precisamente à verossimilhança da personagem principal. Clinton Fadiman explica: “O Apanhador no Campo de Centeio é um raro milagre da ficção. Holden é real, não obstante ter sido feito apenas de tinta, papel e imaginação.”
O apanhador no campo de centeio, numa narrativa em primeira pessoa, relata alguns dias na vida do adolescente Holden Caulfield, que acaba de ser expulso da sua terceira escola bem às vésperas do natal, nos EUA do pós-guerra. Numa linguagem simultaneamente criativa e coloquial (o que dificulta a vida dos tradutores), Holden vai revelando, aos poucos, algo sobre o seu passado, sua família e seus conhecidos, ao mesmo tempo em que vagueia por New York pulando de uma encrenca para outra. E, para alguém entediado e deprimido como ele, nada melhor que uma encrenca para manter o interesse.
“Se querem mesmo ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde eu nasci, como passei a porcaria da minha infância, o que meus pais faziam antes que eu nascesse, e toda essa lenga-lenga...” (p.07)
“...ia acampar num hotel por uns dias e só voltaria para casa depois do começo das férias.” (p.55)
“- Você é um idiota – falei.-“
“Aí ele me acertou. Nem tentei sair do caminho, ou me esquivar, nem nada. Só senti aquele murro tremendo no estômago.” (p.91)
O fluxo de consciência funciona particularmente bem, pois permite expressar a instabilidade emocional do protagonista.
“De vez em quando eu banco o maluco uma porção de tempo, só para não ficar chateado.” (p.23)
“Se a gente ficasse um pouco por lá e ouvisse todos os cretinos aplaudindo e tudo, tinha que acabar odiando todo mundo que existe na terra, juro que tinha.” (p.122)
“As pessoas estão sempre pensando que alguma coisa é totalmente verdadeira”. (p.13)
Holden – Menino Prodígio
No universo dos seus escritos, Salinger apresenta-nos um menino prodígio, de sensibilidade e inteligência à flor da pele, que em dado momento faz um ajuste de contas com a sociedade materialista e o mundo adulto. Holden recusa-se a crescer e a desertar a infância;
“...estou com dezessete agora – mas de vez em quando me comporto como se tivesse uns treze. E a coisa é ainda mais ridícula porque tenho um metro e oitenta e cinco e já estou cheio de cabelos brancos (...) Apesar disso, às vezes me comporto como se tivesse doze anos.”(p.13)
Holden viaja até o final da inocência, grotescamente revoltado contra a desumanidade, a desvantagem do amor, a ausência de comunicação.
“Bem, eu odeio a escola. Pôxa, como detesto o troço – falei. E não é só isso. É tudo. Detesto viver em N.Y. e tudo. Táxis, ônibus da Avenida Madison, com os motoristas gritando sempre...”(p.113)
De fato, a indisciplinada hipersensibilidade de Holden leva-o a não conseguir diferenciar entre bom e mau – tudo se lhe afigura negativo, dada a sua impotência em se purgar. Como um balão, retém a globalidade do fôlego e experiência, adivinhando-se, no final o esgotamento nervoso do anti-herói. Este culminar é pressagiado logo no início da obra, pois Holden anuncia estar num sanatório recuperando-se da queda psicológica.
“...pouco antes de sofrer um esgotamento e de mandarem parar aqui, onde estou me recuperando.” (p.07)
No entanto, o clímax só ocorre no penúltimo capítulo, quando, sob um dilúvio, vê a pequena irmã Phoebe a girar no carrossel e se apercebe da impossibilidade do seu sonho.
“Puxa, aí começou a chover pra burro. Um dilúvio, juro por Deus. (...) Mas nem liguei. Me senti feliz de repente, vendo a Phoebe passar e passar. Pra dizer a verdade, eu estava a ponto de chorar de tão feliz que me sentia. Sei lá por quê. É que ela estava tão bonita, do jeito que passava rodando e rodando, de casaco azul e tudo. Puxa, só a gente estando lá para ver.” (p.179)
Ao longo do livro, o leitor vai apreendendo a sucessão dos falhanços de Holden, na tentativa patética de preservar a inocência pueril, face a um mundo adulto corrupto e desumano. Luta, por exemplo, para apagar os palavrões escritos nas paredes da escola freqüentada pela irmã. E bate-se com o playboy da escola, afim de proteger a pureza platônica da namorada, Jane Gallagher. Pequenas utopias de bolso, próprias de quem acredita poder salvar o mundo.
“Aí ele mandou um murro tremendo e eu capotei. Não me lembro se cheguei a perder os sentidos, mas acho que não.” (p.42)
Holden Caulfield é ao mesmo tempo o herói e o vilão da história. Vítima de si próprio e de sua sensibilidade ao que o cerca, divertidamente mentiroso, assumidamente covarde, parece buscar uma espécie de redenção ajudando desconhecidos e cultuando sua irmãzinha de dez anos.
“Sou o maior mentiroso do mundo.” (p.19)
“Eu só tinha uns treze anos, e meus pais resolveram que eu precisava ser psicanalisado e tudo, porque quebrei todas as janelas da garagem.” (p.37)
Mas o que realmente o incomoda é o vazio e a falsidade das pessoas, que por mais promissoras que pareçam sempre acabarão por se revelar como mais uma decepção. Isto não faz de The Catcher in the Rye exatamente uma leitura animadora, mas ainda assim existe alguns resquício de inocência e ingenuidade infantil em Holden Caulfield, e também um humor (Negro, é claro!) e exagerado, que não deixam o livro afundar num poço de pessimismo e depressão.
“...mas uma velhinha de uns cem anos de idade, estava sentada, batendo a máquina.” (p.170)
“Fui pela escada dos fundos. Por pouco não quebrei o pescoço nuns dez milhões de latas de lixo, mas saí direitinho.”(p.153)
Com efeito, numa passagem sublinhada e simbólica da obra, Holden desabafa à Phoebe.
“...fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto – quer dizer – ninguém grande – a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o quê que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer. Sei que é maluquice.” (p.147)
Tida por alguns como chave do livro, esta passagem, adverte-se, não roda mais do que algumas vezes na fechadura complexa do texto. Mas elucida. Poderemos aqui entrançar alguns símbolos com os seus significados. O precipício é o pecado. Os garotinhos, a inocência, jogando junto ao perigo. O apanhador, Holden é quem as protege, interpondo-se, e assim evitando a queda – ou seja, o crescimento, a entrada no hostil mundo dos adultos.
Curioso é constatar a justaposição entre esta discreta alegoria e a explicação bíblica (e puritana) dos demônios, como sendo anjos inocentes que caíram, dissolvidos nas profundezas gigantescas.
E a este propósito, o autor brinca com o aspecto fônico dos nomes próprios. Holden Caulfield evoca-nos hold (agarrar) e field (campo) – a sua função é ser o apanhador no campo, título da obra, numa tradução literal.
Phoebe, a irmã de 10 anos de Holden, é sinônimo de pré-adolescência e candura. Protótipo da menina-gênio. É em si que a obsessiva ternura do protagonista vai recair ao querer ver nela a próxima vítima da sociedade adulta. Atente-se no fato de o nome Phoebe remeter para fobia. Porém, o valor da menina não se esgota em ser destinatária da proteção do irmão. Atua como confidente do seu sonho.
“Valia a pena conhecê-la. Juro que ninguém nunca viu uma criança mais bonitinha e esperta do que ela. É esperta mesmo. Por exemplo, na escola ela tira cem em tudo. (...) É impossível não gostar dela. Por exemplo, quando a gente conta alguma coisa, ela sabe direitinho de que diabo é que a gente está falando.” (p.62)
“...Para uma criança ela é muito emotiva. É mesmo. E tem outra coisa, ela escreve livros o tempo todo...” (p.62)
V. Discussão: Colapso Urbano
Nos anos 90, dois americanos cometeram suicídio e deixaram uma nota citando a letra da música “Suicide Solution” do Ozzy. Ao investigar a vida dos suicidas, a polícia descobriu todo tipo de problema, de distúrbios familiares até envolvimento com drogas. É bem discutível dizer até que ponto uma letra pode ser a mola propulsora de um crime. Se assim fosse, todo mundo que lê Edgar Alan Poe ou Byron, seria um criminoso em potencial. Culpar a música e se esquivar das verdadeiras causas do problema.
Ozzy foi absolvido depois de muita dor de cabeça e declarou ironicamente que se for processado mais uma vez por esta razão, quem se mata é ele. Não sei se isto aplica-se ao cinema, onde um aluno de medicina matou vários em São Paulo (durante o filme Clube da Luta), é claro que ele faria alguma coisa destas mais cedo ou mais tarde. Os filmes e a mídia banalizaram a violência de tal maneira que a gente acaba se acostumando com massacres e chacinas.
Um dos sinais do colapso urbano é considerar toda essa brutalidade como parte integrante do nosso cotidiano. Os atores brutamontes como Chuck Norris ou Steven Seagal matam em média 300 pessoas por filme sem mostrar o menor sinal de misericórdia. Isso quando não emendam uma piada de mau gosto logo após ter dado 70 tiros na vítima.
Isto pode confundir a cabeça de um garoto com 15 anos. Até os videogames enveredaram para jogos movidos por uma violência gratuita. Games em que você corta virtualmente a cabeça do adversário não tem nenhum caráter educativo. No meu tempo os jogos eram mais divertidos e menos sádicos.
A violência se espalhou rápido como uma célula cancerígena e atingiu índices alarmantes em vários setores da sociedade, seja no trânsito, no futebol ou nas escolas. É preciso acabar com esse fascínio mórbido que a mídia e a sociedade depositam nas tragédias. Violência como sinônimo de diversão é um péssimo sinal.
Palavras como cordialidade, piedade e altruísmo perderam sentido. Acho que uma das últimas atitudes cordiais que nos separam da barbárie total e dar passagem para ambulâncias nos congestionamentos/ Quando nem isso ocorrer, o mundo vai definitivamente para o caos.
Um louco chamado Mark Chapman inventou de matar John Lennon em 1980 para exterminar com os últimos resquícios dos anos 60. Chapman se declarou influenciado pelo livro Apanhador no Campo de Centeio, clássico de J. D. Salinger que conta um período na vida do caustico personagem Holden Caulfield.
Com justiça ou não, a verdade é que Mark Chapman, ao assassinar John Lennon se dizia inspirado por essa obra. E também que o livro, após ter sido estudado durante vários anos em Portugal, desaparece dos currículos do 12º ano sem deixar rastro.
Mark Chapman pediu a John Lennon que autografasse uma cópia de The Catcher in the Rye, e no mesmo dia assassinou o ex-Beatle.
Conclusão
Concluímos que a obra de J.D. Salinger descreve uma realidade atual e faz um retrato fiel da adolescência, a ficção imita perfeitamente a realidade. O autor não têm limitações para descrever sobre medos e dúvidas que cercam a vida de um jovem de 16 anos, ele dá importância para esta fase.
A personagem principal vive um dilema infernal entre o bem e o mal, em toda narrativa ele vive de desavenças. O objetivo do autor é fazer-nos pensar sobre o comportamento humano, o aspecto moral das personagens envolvidas na trama e a hipocrisia que se instaura na vida de uma pessoa adulta.
Ao lermos a obra nós viajamos com Holden à vários lugares, entretanto, temos um único objetivo: a volta para casa, ou seja, a defrontação com a realidade dura e crua e o final dos sonhos infantis.
––––––––––––––––––
Nota: Os ítens foram renumerados, pois foi extraido o ítem III onde constava a biografia do autor, que está em postagem mais abaixo.
Também, algumas citações com palavras de “baixo calão” foram retiradas para manter o nível do blog. Contudo, isto é apenas um resumo e, não substitui o livro.
Fonte:
http://www.vestibular1.com.br/
Ozzy foi absolvido depois de muita dor de cabeça e declarou ironicamente que se for processado mais uma vez por esta razão, quem se mata é ele. Não sei se isto aplica-se ao cinema, onde um aluno de medicina matou vários em São Paulo (durante o filme Clube da Luta), é claro que ele faria alguma coisa destas mais cedo ou mais tarde. Os filmes e a mídia banalizaram a violência de tal maneira que a gente acaba se acostumando com massacres e chacinas.
Um dos sinais do colapso urbano é considerar toda essa brutalidade como parte integrante do nosso cotidiano. Os atores brutamontes como Chuck Norris ou Steven Seagal matam em média 300 pessoas por filme sem mostrar o menor sinal de misericórdia. Isso quando não emendam uma piada de mau gosto logo após ter dado 70 tiros na vítima.
Isto pode confundir a cabeça de um garoto com 15 anos. Até os videogames enveredaram para jogos movidos por uma violência gratuita. Games em que você corta virtualmente a cabeça do adversário não tem nenhum caráter educativo. No meu tempo os jogos eram mais divertidos e menos sádicos.
A violência se espalhou rápido como uma célula cancerígena e atingiu índices alarmantes em vários setores da sociedade, seja no trânsito, no futebol ou nas escolas. É preciso acabar com esse fascínio mórbido que a mídia e a sociedade depositam nas tragédias. Violência como sinônimo de diversão é um péssimo sinal.
Palavras como cordialidade, piedade e altruísmo perderam sentido. Acho que uma das últimas atitudes cordiais que nos separam da barbárie total e dar passagem para ambulâncias nos congestionamentos/ Quando nem isso ocorrer, o mundo vai definitivamente para o caos.
Um louco chamado Mark Chapman inventou de matar John Lennon em 1980 para exterminar com os últimos resquícios dos anos 60. Chapman se declarou influenciado pelo livro Apanhador no Campo de Centeio, clássico de J. D. Salinger que conta um período na vida do caustico personagem Holden Caulfield.
Com justiça ou não, a verdade é que Mark Chapman, ao assassinar John Lennon se dizia inspirado por essa obra. E também que o livro, após ter sido estudado durante vários anos em Portugal, desaparece dos currículos do 12º ano sem deixar rastro.
Mark Chapman pediu a John Lennon que autografasse uma cópia de The Catcher in the Rye, e no mesmo dia assassinou o ex-Beatle.
Conclusão
Concluímos que a obra de J.D. Salinger descreve uma realidade atual e faz um retrato fiel da adolescência, a ficção imita perfeitamente a realidade. O autor não têm limitações para descrever sobre medos e dúvidas que cercam a vida de um jovem de 16 anos, ele dá importância para esta fase.
A personagem principal vive um dilema infernal entre o bem e o mal, em toda narrativa ele vive de desavenças. O objetivo do autor é fazer-nos pensar sobre o comportamento humano, o aspecto moral das personagens envolvidas na trama e a hipocrisia que se instaura na vida de uma pessoa adulta.
Ao lermos a obra nós viajamos com Holden à vários lugares, entretanto, temos um único objetivo: a volta para casa, ou seja, a defrontação com a realidade dura e crua e o final dos sonhos infantis.
––––––––––––––––––
Nota: Os ítens foram renumerados, pois foi extraido o ítem III onde constava a biografia do autor, que está em postagem mais abaixo.
Também, algumas citações com palavras de “baixo calão” foram retiradas para manter o nível do blog. Contudo, isto é apenas um resumo e, não substitui o livro.
Fonte:
http://www.vestibular1.com.br/
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