quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.114 e 115)


Durante cerca de 15 dias serão dobradinhas ou triplicadinhas poéticas, até regularização, e acesso a internet definitivo.

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Duas Trovas Nacionais

Inspiração não é tudo:
para uma obra ser completa,
carece de tempo, estudo
e o trabalho do poeta.
(ADAMO PASQUARELLI/SP)

Nesta noite em que me aleito
da tua doce presença
quero acolher-te em meu peito
e te tornar minha crença.
(Ester Figueiredo/RJ)

Duas Trovas Potiguares

Sob a luz da inspiração
a vibrar garbosa e pura,
a trova é ardente expressão
no cenário da cultura!
(MARIA ANTONIETA BITTENCOURT/RN)

Permita-me que eu insista
de maneira peremptória,
pior que cego da vista
é não ter visão da história.
(SÉRGIO SEVERO/RN)

Duas Trovas Premiadas

1994 > Belo Horizonte/MG
Tema > OÁSIS > Menção Honrosa

Após venturas fugazes
e o travo da despedida,
vou procurando um oásis
pelos desertos da vida.
(CÍCERO FRANCISCO DA ROCHA/MG)

2000 > Niterói/RJ
Tema > DELÍRIO > Menção Honrosa

Num delírio descabido,
meu estro, em versos febris,
supõe o amor não vivido
e finge que foi feliz!
(PEDRO ORNELLAS/SP)

Simplesmente Poesia

– Cecília MeirellesRJ –
CANÇÃO DE ALTA NOITE.

Alta noite, lua quieta,
muros frios, praia rasa.

Andar, andar, que um poeta
não necessita de casa.

Acaba-se a última porta.
O resto é o chão do abandono.

Um poeta, na noite morta,
não necessita de sono.

Andar... Perder o seu passo
na noite, também perdida.

Um poeta, à mercê do espaço,
nem necessita de vida.

Andar... — enquanto consente
Deus que a noite seja andada.

Porque o poeta, indiferente,
anda por andar — somente.
Não necessita de nada.

– Frassino Machado/Portugal –
CONTIGO NAMORANDO

Quando eu te senti m' enamorei
e se votos tinha me esqueci
e se alguém no mundo eu recordei
és a mais formosa que já vi...
Não tenho que ter nenhum cuidado
nem tratar de ter preocupação
eu me basto só com a emoção
que me tem na alma bem gravado
teu nome, tua vida e coração !...

Duas Trovas de Ademar

Fico triste ao constatar
que um homem cheio de fé,
possa um dia ir trabalhar
sem ter direito ao café!
(ADEMAR MACEDO/RN)

Debruçado sobre a mata,
o Luar, tal qual pintor,
pinta as folhas cor de prata
e pinta o chão de outra cor.
(ADEMAR MACEDO/RN)

...E Suas Trovas Ficaram

Foi por falta de carinho
que errei e perdi meus passos,
mas bendigo o “mau caminho”
que me levou aos teus braços...
(NÁDIA HUGUENIN/RJ)

Animais, árvores, gente,
a mesma lei determina,
pois somos todos semente
da inteligência divina.
(NEWTON MEYER AZEVEDO/MG)

Estrofes do Dia

Quarta– Feira – 2 de fevereiro

Na favela se repete
quadro de perdas e danos,
prostituta aos onze anos,
marginal aos dezessete;
onde o político promete
casa, emprego, chão, calçado,
depois do voto apurado
joga a promessa no mato,
a favela é o retrato
de um povo discriminado.
(JOÃO PARAIBANO/PB)

Quinta– Feira – 2 de fevereiro

Palavras tontas ao vento
são rimas sem conteúdo,
são o discurso de um mudo
que só causa desalento.
Quem não tem discernimento
não escreve com magia ...
Quem não tem sabedoria
não consegue se encantar.
Só quem sonha e sabe amar
tem o dom da poesia.
(JOSÉ REINALDO MELO PAES/AL)

Sonetos do Dia

Quarta– Feira – 2 de fevereiro

– José Antônio Jacob/MG –
QUANTO TEMPO NOS RESTA?

Nossa vida é uma história mal contada,
Uma vaga novela incompreendida...
Para alguns é um feliz conto de fada,
Para outros uma lenda indefinida...

Vivemos, de alvorada em alvorada,
(Que tempo ainda nos resta nessa vida?)
A dar sorrisos largos na chegada
E a lamentar a perda na partida.

Que bom matar o tempo numa rede,
Se ele nos desse a viva eternidade
De um quadro pendurado na parede...

E, enquanto a vida passa e o tempo avança,
Quanta tristeza vai numa saudade,
Quanta alegria vem numa esperança!

Quinta– Feira – 3 de fevereiro

– Eduardo A. O. Toledo/MG –
A FOTO

Revelando-se a foto, uma saudade
já se mostra, de pronto, por inteira:
– A igreja... a praça e, nela, a cantoneira
despencando gerânios na cidade...

No fundo, a foto envolve a claridade
de luzes sobre o topo da roseira
e sombras sob os pés da quaresmeira,
pendida pelo sol da liberdade.

E mostra mais: os fios da meiguice
que a adolescência urdiu para a velhice,
em teias salpicadas de ilusão...

– Mas a saudade, enfim se faz completa,
quando reflete o vulto de um poeta
se esmaecendo na revelação!!!

Fontes
Ademar Macedo
Imagem = Montagem com as fotos enviadas pelo Ademar, por José Feldman

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