FÁBRICA DE SEMENTES DE CEBOLA DE UGO DE FREITAS
(para seu primo Ugo de Freitas)
Meu amigo agricultor
Do clima frio e quente
Pra ti que planta cebola
Te indico esta semente
Porque ele já têm dado
Resultado prea muita gente
Comprem de Ugo de Freitas
Gaúcho honesto e decente
Garanto que o vendedor
Deixa o comprador contente
Foi lá no Herval do Sul
Que nasceu este vivente
Plantador e fazendeiro
É um grosso inteligente
Até garanto por ele
Porque é Freitas e meu parente
Quando plantares de novo
Pois nem esquente a cabeça
E nem aceite a semente
Que um outro lhe ofereça
É melhor ficar rezando
Que Ugo de Freitas apareça
Porque aquela é ó plantar
E depois esperar que cresça
SAUDADE DOS PAGOS
Eu quando vim lá da minha terra
Eu deixei por lá muita recordação
O meu cavalo, por nome Esperança
Que era toda minha estimação
Deixei também um apero completo
Que dava inveja no próprio patrão
Um par de rédeas de couro de pardo
Mala de ponche e dois pelegão
Deixei até uma lavoura plantada
Já tinha dado a primeira capina
Eu deixei tudo, e não quis mais nada
Porque criei raiva de uma china
Eu deixei tudo, mas porém não ligo
Sei que não volto mais pro meu rincão
Tando distante não tem perigo
Que a china abrande o meu coração
Eu trouxe um laço de couro de pardo
Foi que restou da minha profissão
Num entrevero de china bonita
Eu quero dar uma demonstração
Eu qualquer dia eu tomo umas canha
Garro meu laço e caio na farra
Marco a china que tenha picanha
E dou-lhe um pealo velho de cucharra
Eu sou gaúcho, que acompanhei
Todas as voltas que o mundo requer
Meus interesses eu abandonei
E deixei meus pago por causa e mulher
Eu quero dar mai um tiros de laço
Pra ver as volta que meu laço faz
Depois então, eu descanso meu braço
E me assossego, e não pealo mais
MEU CONSELHO
Menina escute estes versos
Neste momento preciso
Da maneira que tu pensas
Terás grandes prejuízo
Tu és muito voluntária
E leviana de juízo
Pode as tristezas do mundo
Acabar com teu sorriso
Nóis os dois batemo um papo
Mais ou menos meia hora
E depois me despedi
De você e fui embora
E tu andas te gavando
Que o Gildo te namora
Passando um fio lá pra casa
Xingando a minha senhora
-Tà loquinha viu, taí o compromisso
Você não faça bobagem
Escuta o que o Gildo diz
Procura um menino novo
Para te fazer feliz
Para minha mulher no mundo
Esta que eu tanto quis
Tu és muito pouca cousa
Pra destruir a matriz
-E aí não dá é querer derrubar uma muralha a sôco
Eu confesso que já tive
Certas camangas por fora
Quando era um homem mais novo
Não com a velhice de agora
E a minha companheira
Me estima e me adora
Não é por causa de ti
Que eu vou mandar ela embora
-Perde essa esperança, não te enche mulher velha
LEVANTE OS OLHOS MENINA
Menina quando eu te vi eu compreendi a tua vida
E notei no teu olhar que tu vive aborrecida
Tu deste algum passo errado hoje vive constrangida
Porém agora é preciso você sentar o juízo
Não viver desiludida
Eu vou te dar um conselho como é que a gente faz
Não vá atrás de promessas de conversas de rapaz
Tu precisa um casamento pra dar prazer pra os teus pais
Menina tu te domina levante os olhos menina
E não procure errar mais
Tu procuras compreender tudo o que o meus verso diz
Ti confessa lá contido de fato este erro eu fiz
Deus te ouve a confissão porque é nosso juiz
Toma isto como prece tu vai ver como aparece
Quem te faça ser feliz
Porém agora é preciso você não fazer loucura
Porque a tristeza só leva a gente pra sepultura
Levante os olhos menina tenha consciência pura
Se livre da vida baixa porque na vida se acha
Aquilo que se procura
INFÂNCIA POBRE
-Eu fui um menino pobre, vivi jogado ao relento
Nos dias de inverno forte foi grande meu sofrimento
Maloca de papelão era ali a nossa fazenda
Esse trecho eu não esqueço por ser um triste começo
De um grande padecimento. E por princípio tiveram uma decaída
Por ciúme de amores caíram na bebida
E até nossa casinha, que por desgraça foi vendida
Botaram fora o dinheiro e ficamos no desespero
Sem a casa e sem comida
E foi assim minha gente que eu neste mundo nasci
Redobrou meu sofrimento depois que meus pais perdi
Se não fosse o meu padrinho que eu mais tarde descobri
Era certo que eu morria porque eu não resistia
Mais do que eu resisti
Eu hoje fui pra conversa de quem conhece a matéria
Minha mãe casou direito era uma senhora séria
O papai trabalhador que não gozava uma féria
Depois de um triste abandono, que nem cachorro sem dono
Morreram os dois na miséria
Eu hoje, graças a Deus, sou a mim que me governo
Só não desfrutei carinho nem paterno, nem materno
Se eu fosse enfraquecido que nem o moço moderno
Dominado pelo fumo eu jamais achava o rumo
Nem saía do inferno
Pra criança sem morada sempre existe um forrinho
Se dá uma roupa usada, uma calça, um sapatinho
Eu falo porque já fui um menino pobrezinho
Filho de um pobre casal sem apoio, sem moral
Sem fortuna e sem carinho
TRISTE PASSADO
Quem tu eras e hoje quem és
Quem te viu conforme eu te vi
Cercadinha de bons coronéis
Que brigavam por causa de ti
No salão aonde tu dançava
Sempre foste a mais preferida
E aquele que tu desprezava
Ele muito sofreu por ti nesta vida
Ah! O orgulho te estraga
Neste mundo se faz
E aqui mesmo se paga.
Muitos deles deixaram a família
Arrodiados de teus falsos carinhos
Hoje vivem assim que nem tu
Tristonho no mundo e sofrendo sozinho
E aquele das horas tristozas
Casou por contrato e desfruta do carinho
E vive nadando em vasos de rosas
Enquanto tu cruzas na estrada de espinho
Ah! O orgulho te estraga
Neste mundo se faz
E aqui mesmo se paga.
Cadê a beleza que tinhas no rosto
E o sorriso que tinhas na boca
Trocou tudo por tanto desgosto
E vive na rua assim como louca
Trocaste a alegria por tanta tristeza
E ele a tristeza por tanta alegria
E não lhe fez falta a tua beleza
Ele é muito feliz sem a tua companhia
Ah! O orgulho te estraga
Neste mundo se faz
E aqui mesmo se paga
Nenhum comentário:
Postar um comentário