Seu nome era Sandoval. Ele era do tipo cafajeste. Apelidado na região de “rei dos safados”. Conheceu Albertina e caiu de amores por aquela mulher. Ela, porém, era um poço de desconfiança, que não queria nada com aquele canalha. Mas o amor trilha caminhos misteriosos, transformando aquele calhorda incurável em um obstinado apaixonado.
Ele prometeu que se os dois casassem mudaria seu jeito de ser. Seria o marido fiel que ela gostaria de ter. Ninguém acreditou, nem ela. Porém, de tanto ele insistir, a moça acabou cedendo aos seus encantos de cafajeste convertido em bom moço.
Ela concordou em se casar, mas com uma condição: que ele nunca traísse o seu amor, sob pena de morte. Falava sério, olhando nos olhos dele, pois era uma mulher de palavra. Ele jurou por todas as almas dos parentes que tinha e dos que nem mesmo existiam que seria fiel.
Casaram-se. O tempo foi passando. Ela sempre observadora. Ele sempre demonstrando ser o mais leal possível.
Um belo dia algo aconteceu. Ele perdeu o seu celular. Não soube explicar como, mas perdeu. Procurou por todos os lugares. Ligou para o aparelho e nada.
A mulher, que já estava quase totalmente acreditando na fidelidade do marido, voltou a ter desconfianças sobre sua pessoa. Aquela história não estava bem contada. Um celular não desaparece assim.
O destino, porém, tem caprichos que o próprio amor desconhece. Para azar do infeliz ex-cafajeste, um rapaz achou seu celular sem bateria, colocou-o no bolso do casaco e andando vários dias com ele de um lado para o outro. Após uma bebedeira em uma boate, o referido rapaz acabou deixando o celular em um dos quartos, saindo sem pagar a conta.
A garota que estava com o rapaz, ao perceber que ele tinha sumido enquanto ela estava no banheiro, fica enraivecida pelo não pagamento de seus “serviços”, mas encontra o celular próximo a cama onde estavam as roupas dele. Ela então pede emprestado um carregador de bateria para suas colegas e aciona o aparelho. Vasculha na sua agenda e encontra um endereço denominado “casa” e liga para lá. A esposa de Sandoval atende. A mulher da boate fala poucas e boas do homem que ambas julgam ser a mesma pessoa.
Quando o marido chega em casa, após um dia cansativo de serviço, encontra a mesa toda arrumada. Flores e velas enfeitando o móvel. Pergunta qual o motivo daquilo. Sua esposa lhe responde que naquela noite irão renovar as promessas do casamento.
Ele senta. Ela pega seu prato e lhe serve um delicioso banquete, elaborado com carnes finas, saladas variadas, massas e vinho. Tudo temperado com um poderosíssimo veneno. Afinal, ela era uma mulher de palavra.
Fontes:
Texto enviado pelo autor
Imagem = http://www.oquemeusaojoaotem.com.br
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