terça-feira, 14 de junho de 2011

Antonio Brás Constante (O Destino do Último Homem Fiel (Homenagem aos namorados))


Seu nome era Sandoval. Ele era do tipo cafajeste. Apelidado na região de “rei dos safados”. Conheceu Albertina e caiu de amores por aquela mulher. Ela, porém, era um poço de desconfiança, que não queria nada com aquele canalha. Mas o amor trilha caminhos misteriosos, transformando aquele calhorda incurável em um obstinado apaixonado.

Ele prometeu que se os dois casassem mudaria seu jeito de ser. Seria o marido fiel que ela gostaria de ter. Ninguém acreditou, nem ela. Porém, de tanto ele insistir, a moça acabou cedendo aos seus encantos de cafajeste convertido em bom moço.

Ela concordou em se casar, mas com uma condição: que ele nunca traísse o seu amor, sob pena de morte. Falava sério, olhando nos olhos dele, pois era uma mulher de palavra. Ele jurou por todas as almas dos parentes que tinha e dos que nem mesmo existiam que seria fiel.

Casaram-se. O tempo foi passando. Ela sempre observadora. Ele sempre demonstrando ser o mais leal possível.

Um belo dia algo aconteceu. Ele perdeu o seu celular. Não soube explicar como, mas perdeu. Procurou por todos os lugares. Ligou para o aparelho e nada.

A mulher, que já estava quase totalmente acreditando na fidelidade do marido, voltou a ter desconfianças sobre sua pessoa. Aquela história não estava bem contada. Um celular não desaparece assim.

O destino, porém, tem caprichos que o próprio amor desconhece. Para azar do infeliz ex-cafajeste, um rapaz achou seu celular sem bateria, colocou-o no bolso do casaco e andando vários dias com ele de um lado para o outro. Após uma bebedeira em uma boate, o referido rapaz acabou deixando o celular em um dos quartos, saindo sem pagar a conta.

A garota que estava com o rapaz, ao perceber que ele tinha sumido enquanto ela estava no banheiro, fica enraivecida pelo não pagamento de seus “serviços”, mas encontra o celular próximo a cama onde estavam as roupas dele. Ela então pede emprestado um carregador de bateria para suas colegas e aciona o aparelho. Vasculha na sua agenda e encontra um endereço denominado “casa” e liga para lá. A esposa de Sandoval atende. A mulher da boate fala poucas e boas do homem que ambas julgam ser a mesma pessoa.

Quando o marido chega em casa, após um dia cansativo de serviço, encontra a mesa toda arrumada. Flores e velas enfeitando o móvel. Pergunta qual o motivo daquilo. Sua esposa lhe responde que naquela noite irão renovar as promessas do casamento.

Ele senta. Ela pega seu prato e lhe serve um delicioso banquete, elaborado com carnes finas, saladas variadas, massas e vinho. Tudo temperado com um poderosíssimo veneno. Afinal, ela era uma mulher de palavra.

Fontes:
Texto enviado pelo autor
Imagem = http://www.oquemeusaojoaotem.com.br

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