quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Filemon F. Martins (Poemas Escolhidos) V


ELOGIO AO AMOR

Neste caminho eu sigo contemplando
a Natureza exuberante e bela,
passarinhos nos ramos saltitando
entoando canções em aquarela.

Aonde quer que eu vá, eu vou cantando
a pureza do amor, pintado em teia,
que Deus o produziu, por certo amando,
para mostrar ao mundo, em passarela...

O amor? Triste de quem não tem amor,
nem sentiu nesta vida alguma dor,
nem teve uma saudade a recordar?

Pois o amor é um sublime sentimento
que ferve, vibra e invade o pensamento,
e nos leva ao delírio para amar!

ESPERANÇA DE AMOR

Trago no coração um sonho imenso
que o tempo foi jogando para trás,
cada dia que eu vivo, me convenço:
eu nada sou sem teu amor audaz.

A vida sem amor é um contrassenso,
quem vive sem amor nunca tem paz.
Sou mais feliz se tenho, sinto e penso
no milagre que o teu amor me traz.

Depois do vendaval, vem a bonança,
a vida sempre traz uma esperança
que se renova bela como a flor...

E pelo mundo, então, prossigo amando,
e as esperanças vão nascendo em bando
cantando à vida uma canção de amor!

EXPLICAÇÕES

Nunca mais eu te vi na minha rua,
— quantas noites fiquei à tua espera?
As vezes conversava com a lua
e tu chegavas como a primavera.

Partiste. A dor no peito se acentua,
esquecer-te, talvez, ai quem me dera!
Que a minha vida triste continua,
e sem amor, a mágoa é que prospera.

Meu coração, no entanto, tão teimoso
insiste em te buscar, sempre ditoso,
sabendo que jamais hás de voltar.

Ao ver morrer meu sonho, morro junto,
mas antes de morrer em vão pergunto:
— que explicações o amor tem para dar?

FESTA DE NATAL

Neste Natal sublime de esperança,
não desejo vaidade nem riqueza.
Não quero desamor, desconfiança,
quero apenas Amor na minha mesa.

Quero o Perdão sobrando na balança,
quero o sorriso simples da Beleza,
quero a vida singela da Criança
contrastando o Poder e a Realeza.

Não quero ver o mundo na pobreza,
não quero ver a terra na aspereza,
prefiro ver o Amor reinando além.

Desejo ver meu coração ornado
pela graça do Amor, afortunado,
pela grandeza de espalhar o Bem.

GARIMPANDO A FELICIDADE

Vou garimpando pela vida afora
a lição da Humildade que conforta
e traz ao coração a Luz da aurora,
mesmo que a crença já pareça morta.

De solo em solo, busco sem demora
o cascalho do amor que aduba a horta.
Busco a pedra da Fé, que revigora
e prepara o caminho abrindo a porta.

Não quero, meu amigo, andar a esmo,
minha sorte depende de mim mesmo,
que a vida pode ser melhor assim.

E se meus passos forem tão errantes,
buscando joias, pedras, diamantes,
- não haverá felicidade em mim!

IMAGINAÇÃO

Caminho pelas nuvens. É verdade.
Gosto de voar com o pensamento;
com ele volto à minha mocidade
e corro pela praia como o vento.

Da terra eu me transporto com vontade,
visito estrelas pelo firmamento
e escrevo versos simples, sem vaidade,
vestidos de paixão e sentimento,

Os poetas têm sonhos e segredos
que, como as ondas, se quebram nos rochedos,
mas sempre voltam para a beira-mar.

Não há fronteiras para os sonhadores
que pelo mundo vão plantando flores
nos corações que vivem para amar.

INTENSO AMOR

Eu nada vou dizer, quando voltares,
quero apenas rever esse teu rosto.
Tu foste a inspiração nos meus cantares
permeados de amor e de bom gosto.

Por isso quero andar por onde andares,
que o medo de sofrer me faz disposto.
A ausência de teus traços singulares
sofrimento maior me tem imposto.

Não quero me perder neste caminho,
antes, quero sorver o teu carinho,
esse néctar que o teu amor me traz.

Com meus cabelos brancos de saudade,
quero te amar com toda a intensidade
como te amei nos tempos de rapaz!

Fonte:
Filemon Francisco Martins. Anseios do coração. São Paulo: Scortecci, 2011.
Livro enviado pelo autor.

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